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Estado de Minas VÍDEOS E GRÁFICOS

Como o jornalismo multimídia valoriza a cobertura do coronavírus

Núcleo de Criação Multimídia do Estado de Minas tem foco em produção de gráficos e vídeos para consumo no celular, além de newsletters com boas notícias


postado em 04/05/2020 04:00 / atualizado em 04/05/2020 10:05

(foto: Fred Botrel/EM/D.A Press e Reprodução)
(foto: Fred Botrel/EM/D.A Press e Reprodução)

 

Estar onde o leitor estiver e nas formas variadas em que a informação hoje chega às pessoas tem sido a obsessão do trabalho do Núcleo de Criação Multimídia do Estado de Minas nos últimos cinco anos. Habituada à constante experimentação de formatos para caminhos futuros da notícia, como vídeos em 360 graus e podcasts, a equipe se viu, mais uma vez, em posição de reorganizar suas formas de produção, no contexto do trabalho remoto para a cobertura da pandemia do novo coronavírus. E com um desafio: conceber a criação em formatos jornalísticos para plataformas móveis.



Para o diretor de Redação do EM, Carlos Marcelo Carvalho, essa reinvenção nas formas de abordar a notícia, mais que uma tendência, é uma necessidade no jornalismo moderno e uma ponte para o futuro. “A aposta na renovação e diversificação de linguagens é essencial para garantir a relevância jornalística no século 21”, destaca.



Sem abandonar, é claro, o rigor com o tratamento da notícia, que se mantém nas novas linguagens em forma de infografias interativas e inovação na distribuição, com newsletters e vídeos diários em redes sociais, com foco em modelos mobile-first.



Este, aliás, foi um dos efeitos do isolamento, incrementando tendência que já vinha sendo observada: a maioria absoluta da audiência está no telefone celular. Por isso, esses são alguns dos formatos que marcam esta nova fase, em que o conteúdo multimídia é um dos pilares que garantem qualidade e atraem interesse de leitores e novos assinantes digitais do jornal.



“Aprendemos já há algum tempo que o trabalho de criação multimídia não pode se acomodar em formas já estabelecidas. Por isso, a disposição para o ‘próximo jeito de fazer’ está no DNA da nossa equipe. Funcionamos bem a distância, embora, é claro, a gente sinta falta do calor humano que significa tanto aprendizado, especialmente com os colegas mais experientes, em uma redação com mais de 90 anos de legado”, diz Fred Bottrel, subeditor do núcleo.



O Xôtifalá voltou às raízes com o isolamento social. Sem chromakey, sem entrevistados e bem mais simples. Pela primeira vez, tenho feito todo o processo: produção de roteiro, edição e finalização. Está sendo um desafio bem legal, porque sinto que estou mais próximo das pessoas que estão assistindo. Não tem aquele distanciamento natural de algo mais produzido. Eu entro praticamente na sala das casas dos seguidores do EM. É um ponto positivo da quarentena!

Luiz Othavio Gimenez, repórter multimídia





Com o isolamento e o trabalho remoto, muita coisa mudou, como relata a repórter multimídia Maria Irenilda Pereira: “Nossos processos na produção de vídeo sempre foram feitos em equipe. O mais desafiador do home office pra mim é o trabalho distanciado. Senti isso na pele, quando fui pra rua gravar o documentário ‘Idosos em aglomerados’”. Nesse trabalho especial, ela assina imagens, reportagem e edição. “É um exercício do ‘multi’ diariamente”, resume.



Ao editor de Mídias Convergentes, Benny Cohen, coube o desafio de ancorar entrevistas ao vivo transmitidas em redes sociais, entre elas, conversa exclusiva com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema. “A ancoragem das lives é um processo que eu chamaria de bem ‘quente’. Mesmo com toda a experiência de muitos anos em televisão aberta e como moderador de diversos debates entre candidatos em eleições, é curioso pra mim ver como a web e suas possibilidades de interação com o público transformam a entrevista em um programa acalorado, em cima dos acontecimentos, e os seguidores ali, mandando coraçõezinhos ou críticas, o que permite captar rapidamente a quantas anda a repercussão do que diz o entrevistado”, explica Benny. Para ele, com quarentena e confinamento sem prazo claro pra acabar, as lives se tornam uma ferramenta importante na produção de conteúdo jornalístico.



Além das entrevistas ao vivo, a produção para plataformas móveis ganhou reforço na publicação diária de vídeos informativos, em formato curto, capazes de sintetizar com agilidade as notícias mais importantes sobre a pandemia. São os chamados vídeos verticais para redes sociais, com distribuição ampla no Instagram. Esse formato também redefiniu a produção do #praentender, canal de vídeos explicativos do jornal, totalmente produzido em home studio, com a devida segurança para os profissionais envolvidos.

Boas notícias no seu e-mail



Tendência de consumo de informação observada logo no começo do período de isolamento, as notícias positivas mereceram destaque em uma nova newsletter: “A boa notícia” é disparada para os leitores sempre que uma história do tipo vale a pena. O mais interessante de todo o trabalho é poder conhecer (mesmo que de longe) pessoas que têm tentado ajudar durante a pandemia. “É muito reconfortante saber e ver que os brasileiros se desdobram, mesmo nos momentos mais difíceis”, define a estagiária Luiza Rocha.

A newsletter é assinada por diferentes profissionais do jornal, de modo a estreitar os laços entre quem faz e quem consome a notícia. A repórter Déborah Lima contou, em uma dessas cartas, os bastidores de reportagem sobre a homenagem musical que bombeiros fizeram a trabalhadores de serviços essenciais. “Eu me senti muito feliz em poder levar uma boa notícia ao leitor. Todos os dias a gente precisa levar informação que nem sempre é boa. Temos falado sobre essa doença que nos assusta, sobre vidas que vão embora, sobre a dificuldade de trabalhadores da área da saúde, sobre a recessão econômica, sobre governantes que revelam a cada dia mais falta de humanidade. É confortante quando temos a oportunidade de levar alento em forma de texto”, resume.



Inovação acelerada

O entendimento do valor da embalagem da notícia para garantir a entrega de relevância aos leitores do Estado de Minas com cada vez mais agilidade no ambiente digital ganhou reforço com a produção de gráficos e uso de ferramentas diversas. “Um trabalho essencial em momentos de grande turbulência como este é analisar e apresentar aos leitores o que de relevante pode ter ficado perdido em meio a tanta informação. Assim, contextualizar os fatos e mostrar suas repercussões por meio de ferramentas digitais práticas é nosso papel fundamental”, detalha o subeditor Rafael Alves.

O designer Hudson Franco, também envolvido na produção gráfica, conta que, no começo, a transição para o trabalho remoto chegou a gerar dúvidas: “Porém, com tudo coordenado, conseguimos manter uma ótima prestação de serviço para os leitores e assinantes dos Diários Associados.”

Enquanto tanta incerteza ronda mercados e segmentos diversos durante o surto da COVID-19, a produção com foco digital e nas plataformas móveis surfa nas acelerações de processos e transições paradoxalmente provocadas pela pandemia. Como a transição de negócio é a tendência para o jornalismo do futuro, quando ela se consolidar a produção de notícias em ambiente digital desfrutará de patamar bem mais avançado do que estava no período pré-coronavírus.


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