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Estado de Minas

Serviços ficam na berlinda

Restaurantes, hotéis e o setor de transportes tendem a ser diretamente afetados pela crise econômica gerada pelo avanço da pandemia, que sacrifica o consumo


postado em 26/03/2020 04:00

Restaurantes listados entre os mais frequentados de BH têm dificuldades até na entrega em domicílio(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Restaurantes listados entre os mais frequentados de BH têm dificuldades até na entrega em domicílio (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Atividades que respondem por cerca de 40% na Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os setores de transportes e de serviços prestados a famílias deverão ser diretamente atingidos pela crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus. A avaliação é do gerente da PMS, Rodrigo Lobo, que estima que o impacto negativo deverá aparecer na leitura de março da PMS. “A maior dificuldade está no setor de transportes, única atividade (da PMS) que fechou no negativo em 2019, por causa do menor dinamismo na economia, especialmente no setor industrial”, afirmou Lobo.

Segundo o pesquisador, a atividade de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio pesa em torno de 30% na PMS. Outra atividade que será diretamente atingida pelas medidas de restrição no contato social são os serviços prestados às famílias, que pesam com 9,5% na pesquisa, afirmou Lobo. “Hotéis e restaurantes estão com funcionamento reduzido, e isso vai impactar a receita”, afirmou Lobo.

Os efeitos negativos por causa da pandemia atingirão os serviços de transporte após a atividade ter começado bem o ano. Em janeiro, o setor avançou 2,8% ante dezembro de 2019, puxando a alta de 0,6% no volume de serviços prestados no período. Na avaliação de Rodrigo Lobo, o comportamento do setor de transportes, ao longo de 2019 e no início deste ano, está atrelado à dinâmica da indústria. Assim, a alta de 2,8% em janeiro ante dezembro de 2019 respondeu ao avanço na produção industrial no início do ano.

Ainda ontem o IBGE divulgou os resultados de março do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA- 15), prévia da inflação oficial do país. Quatro dos nove grupos de produtos e serviços que compõem o indicador registraram deflação neste mês. As quedas ocorreram nos grupos Habitação (-0,28%), Artigos de residência (-0,05%), Vestuário (-0,22%) e Transportes (-0,80%). Por outro lado, houve aumentos de preços nos gastos com alimentação e bebidas (0,35%), saúde e cuidados pessoais (0,84%), educação (0,61%), comunicação (0,33%) e despesas pessoais (0,03%).

Confinamento O Ministério de Infraestrutura vai elaborar nota técnica e sugestão de minuta de decreto para orientar prefeitos sobre o transporte de cargas e a circulação de mercadorias durante o período de enfrentamento ao novo coronavírus. A ideia é dar um direcionamento para as autoridades locais ressalvarem de restrições as atividades essenciais ao trabalho de profissionais do transporte, como oficinas, borracharias e restaurantes de beira de estrada.

O assunto foi debatido ontem em reunião de representantes da pasta com a Confederação Nacional de Municípios (CNM). O ministério já vem coordenando ações junto aos estados para que as restrições de circulação não afetem o transporte de cargas pelo Brasil.


País pode encolher até 1,6% neste ano


A agência de classificação de riscos Moody's informou ontem que revisou para baixo suas projeções de crescimento econômico nos países do G-20, o grupo das economias mais avançadas do mundo. Em comunicado, a agência diz que espera agora contração de 0,5% em 2020 nessas nações, em lugar da alta de 2,6% projetada em novembro, seguida por um avanço de 3,2% em 2021.

Apenas para o Brasil, a Moody's diz esperar contração de 1,6% em 2020, seguida por crescimento de 2,7% no ano seguinte. As economias do G-20 enfrentarão “um choque sem precedentes no primeiro semestre”, com a emergência do coronavírus, diz a Moody's. Ela prevê que a economia dos Estados Unidos encolha 2% neste ano, com crescimento de 2,1% em 2021.

Para a China, a Moody's projeta crescimento de 3,3% neste ano, seguido de avanço de 6,0% em 2021. A Alemanha, maior economia da Europa, deve sofrer contração de 3% neste ano, para crescer 2,5% no próximo. Em seu comunicado, a Moody's ressalta o fato de ser “impossível prever de modo preciso o impacto econômico nesta crise”, com incertezas como a duração da pandemia e, consequentemente, o quanto ela afetará a atividade.

A agência destaca que, de acordo com informações recentes, novos surtos podem voltar a surgir em países após a retirada de restrições a viagens e à circulação de pessoas, o que levaria a períodos mais prolongados de medidas restritivas.

Bolsas Em meio ao anúncio de medidas emergenciais no Brasil e no exterior, o mercado financeiro teve o segundo dia seguido de trégua. A bolsa de valores, que na terça-feira subiu 9,66%, saltou 7,5% onem e voltou a superar os 70 mil pontos. O dólar, que fechou a quarta-feira em R$ 5,08, encerrou o pregão de ontem a R$ 5,03.

O índice Ibovespa, da B3, a bolsa de valores brasileira, principal indicador das ações mais valorizadas, fechou a sessão de ontem aos 74.956 pontos. O índice, que alcançou o maior nível em 12 dias, chegou a operar com alta de quase 10% durante a tarde, mas desacelerou nas horas finais de negociação.

O fechamento de um acordo para a aprovação de um pacote de US$ 2 trilhões para reativar a economia dos Estados Unidos ajudou o mercado em todo o mundo. O texto será primeiramente votado no Senado norte-americano, depois irá para a Câmara. Paralelamente, o Federal Reserve, o Banco Central norte-americano, está comprando indefinidamente dívidas corporativas e emprestando recursos diretamente a empresas pelo tempo necessário.


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