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Estado de Minas COVID-19

Empresários estão divididos

Pronunciamento polêmico do presidente Bolsonaro defendendo isolamento apenas de idosos e doentes provoca polarização entre donos de empresas


postado em 26/03/2020 04:00 / atualizado em 25/03/2020 21:53

''Não há dúvida nenhuma de que a crise vai passar e os ativos vão se recuperar. Não sei se para o mesmo patamar, para menos ou para mais'' - Abílio Diniz, empresário, que defende o isolamento (foto: VALÉRIA GONÇALVES/ESTADÃO CONTEÚDO)
''Não há dúvida nenhuma de que a crise vai passar e os ativos vão se recuperar. Não sei se para o mesmo patamar, para menos ou para mais'' - Abílio Diniz, empresário, que defende o isolamento (foto: VALÉRIA GONÇALVES/ESTADÃO CONTEÚDO)

O isolamento apenas de idosos e pessoas contaminadas pelo coronavírus, como quer o presidente Jair Bolsonaro, divide a opinião de empresários brasileiros. A exemplo do dono da rede de restaurantes Madero, Junior Durski, outros representantes do empresariado cobraram o fim da quarentena para contenção do coronavírus, que já matou mais de 18 mil pessoas no mundo.  O posicionamento está alinhado ao pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, que defende o isolamento apenas de do- entes e idosos.

Em videoconferência com funcionários, o presidente do Banco Santander, Sérgio Rial, teria comparado home office a “deserção”, de acordo com relato de empregados. Posteriormente, em comunicado à imprensa, a assessoria de comunicação da instituição negou a declaração e destacou que apenas foram dadas recomendações de “cuidados necessários que cada um deve ter com o absenteísmo” no trabalho.

Ainda na nota, o Santander reforçou que tomou ações de prevenção ao coronavírus, como pagamento adiantado do 13º salário, fechamento de agências e redução de atendimento ao público. Cerca de 47 mil funcionários do banco estariam em home office, e os com mais de 60 anos tiveram antecipação das férias.

Em vídeo publicado no Instagram, Alexandre Guerra, sócio da franquia de fast food Giraffas, afirmou que os trabalhadores deveriam ter medo de perder o emprego, e não de contrair o vírus. Ele classificou o home office como momento de ócio. “Você que é funcionário, que talvez esteja em casa numa boa, numa tranquilidade, curtindo urn pouco esse home office, esse descanso forçado, você já se deu conta de que, ao invés de estar com medo de pegar esse vírus, você deveria também estar com medo de perder o emprego? Será que sua empresa tem condições de segurar o seu salário por 60, 90 dias? Você já pensou nisso?”, ameaçou.

O vídeo repercutiu negativamente. Em postagens nas redes sociais, usuários consideraram a declaração de Alexandre Guerra como ‘terrorismo’ e propuseram boicote à franquia. Em nota, o fundador e CEO do Giraffas, Carlos Guerra, garantiu que as opiniões de Alexandre não representam a empresa e tranquilizou os funcionários.

"Sou o porta-voz autorizado para dizer o que a empresa quer e faz, mas me pronuncio em consonância com os demais acionistas, integrantes do Conselho de Administração e diretores. Mesmo após o fechamento compulsório da quase totalidade das 400 unidades franqueadas, com corte quase total das receitas futuras da franqueadora, as primeiras decisões estavam focadas na questão de saúde, inicialmente colocando majoritariamente as equipes em home office e em seguida fechando totalmente os escritórios da empresa. Nenhum colaborador da franqueadora foi demitido. Em vídeo gravado e distribuído aos franqueados, deixei bem claras quais são as nossas prioridades e a minha opinião, solicitando explicitamente que não se precipitassem em demitir seus colaboradores, vítimas inocentes da pandemia e preciosos para nós na futura retomada”, informou Carlos Guerra.

Apoiador de Bolsonaro, Luciano Hang, que emprega 22 mil funcionários em 147 lojas da Havan pelo país, defendeu redução de salários e liberação do FGTS para minimizar o impacto do coronavírus na economia. “O dano vai ser muito maior do que na pandemia. Desligar (a economia) é fácil, como vamos voltar?”, questionou.

Fundador dos aplicativos Easy Taxi e Singu, Tallis Gomes fez coro às reclamações contra ações restritivas devido ao coronavírus. O empreendedor acredita que o período de 15 dias de lockdown é o suficiente para falir pequenas  empresas “Se continuarmos com o lockdown total por mais de 15 dias, pequenas empresas vão quebrar no mês que vem. A gente precisa trabalhar para isolar grupos de riscos, mas permitir que pessoas não infectadas trabalhem normalmente após esses 15 dias iniciais. Não dá para fechar tudo por dois meses”, declarou.

“CORPORAÇÕES TÊM RECURSOS”


O empresário Abílio Diniz, criador do fundo de participações Península e acionista do Carrefour, apoiou o confinamento e cobrou medidas das autoridades. Ele ressaltou que a perda na economia brasileira por causa da pandemia é inevitável, mas apostou na recuperação. “A situação não é tão grave assim. O coronavírus se espalha rapidamente e temos de ficar reclusos, mas não por muito tempo. Precisamos de um horizonte de semanas, não de meses. Precisamos saber que isso vai passar. E eu gostaria que as autoridades dissessem isso. Não há dúvida nenhuma de que a crise vai passar e os ativos vão se recuperar. Não sei se para o mesmo patamar, para menos ou para mais. Mas para quem investiu em bons papéis, vai passar”, afirmou em live no Instagram.

O empresário Márcio Pauliki afirmou que grandes corporações têm recursos suficientes para suportar o período de crise e ressaltou que a integridade dos trabalhadores deve ser resguardada já mirando a retomada da economia. “As grandes redes têm alternativas de, ao menos, manter receita mínima com delivery, televendas, vendas on-line. A maioria tem capital para suportar esse período. Esses trabalhadores, depois de passar a pandemia, são os primeiros a consumir nas empresas que estão fechadas”, avaliou.

Ex-deputado estadual pelo Paraná, Pauliki ainda apontou a necessidade de ações governamentais para ajudar empreendimentos menores após a pandemia. “Pequenos negócios são responsáveis por 70% dos empregos. Liberar o seguro-desemprego, não só 25%, mas 100% para os trabalhadores registrados em carteira que continuam registrados, mas afastados por um tempo. Para os autônomos que recolhem o MEI, liberar ajuda de custo de um salário mínimo. Lei para postergar vencimento de boletos, tem que ser algo que venha do governo”, argumentou.

 


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