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Estado de Minas

Coronavírus: associação denuncia espera de 12 horas e falta de máscaras em hospitais de BH

Os funcionários da Fundação Hospitalar de Minas Gerais estão em greve desde janeiro; entre as reivindicações estão o pagamento do 13º salário, incorporação de ajuda de custo e melhoria nas condições de trabalho


postado em 17/03/2020 16:52 / atualizado em 19/03/2020 08:55

Servidores da Saúde fazem protesto na porta do Hospital Pronto-Socorro João XXIII(foto: Leandro Couri/EM)
Servidores da Saúde fazem protesto na porta do Hospital Pronto-Socorro João XXIII (foto: Leandro Couri/EM)

Demora no atendimento, problemas no isolamento e falta de equipamentos de proteção individual para os funcionários. Esses são alguns dos problemas apontados pela Associação Sindical dos Trabalhadores da Fhemig  (Asthemg) sobre a situação do Hospital Infantil João Paulo II, o antigo CGP, e o Hospital João XXIII, diante da pandemia do novo coronavírus.

O presidente da associação, Carlos Martins, disse que a equipe da entidade esteve no hospital infantil na tarde de segunda-feira após receber diversas denúncias da situação. Chegando ao local, eles encontraram a parte externa da unidade lotada. "De forma inadequada, colocaram um monte de cadeiras, uma do lado da outra, as pessoas não estavam nem a um palmo uma da outra, algumas em pé com as crianças", contou. Também não havia dispensers ou frascos de álcool gel para que acompanhantes e pacientes se higienizassem.

Uma técnica ficou responsável por fazer uma pré-triagem na porta antes que as crianças passassem por uma enfermeira para a classificação de risco. Após essa segunda etapa, elas voltavam para fora para aguardar o médico. Aí a espera chegava até a 12 horas.


Criança com suspeita de coronavírus


Segundo Carlos Martins, por volta das 17h, chegou ao hospital uma ambulância vindo de um posto de saúde trazendo uma criança com suspeita de COVID-19. Ela foi encaminhada um corredor. "Toda vez que chegava uma criança da qual a técnica suspeitasse de contaminação ou doença como sarampo, rubéola ou coronavírus, a mãe e a criança ficavam em um corredor lateral na entrada do hospital, que dá pra um muro da rua. Estavam misturando todos os pacientes com risco de contágio, era só uma forma de não deixar junto das outras mães. Quando estivemos lá tinha em torno de 15 mães nessa área aguardando. Por ser lateral, a mãe e o paciente ficavam isolados, sem estar à vista de um profissional do hospital", contou.

"Entrei no hospital e verifiquei que havia macas e berços vazios do lado de dentro. Tinha espaço para atender as crianças internamentes. De oito consultários médicos, apenas quatro estavam utilizados porque  havia quatro médicos", disse Carlos, completando que o clima ontem era de muita revolta e reclamação.  "Havia mães brigando. Fomos lá mostrar que a culpa não era dos profissionais e que tinham que fazer a cobrança do governo, e não dos deles. Estamos ressaltando que lá os profissionais não estão em greve", completou.

Os funcionários da Fundação Hospitalar de Minas Gerais estão em greve desde janeiro. Entre as reivindicações estão o pagamento do 13º salário, incorporação de ajuda de custo e melhoria nas condições de trabalho.

João XXIII


Conforme o presidente da Asthemg, no maior pronto-socorro de Minas Gerais, os trabalhadores decidiram manter 100% do efetivo na urgência e internação e 50% nos demais setores.

Lá, uma das situações que mais preocupa a associação é a falta de estrutura e equipamentos para a demanda de pacientes infectados pelo coronavírus que pode chegar. "Não temos EPIs (equipamentos de proteção individual), estamos sem máscaras, proteção ocular, e não há uma conduta determinada para suprir isso. Antes de ter a questão do corona já tinhamos denúnciado falta de estrutura e materiais, isso é um dos motivos da nossa greve", disse Carlos Martins.

"Hoje se chegar alguém e falar que está com febre, tossindo, vai para ambulatório clínico ser avaliado pelo médico. Nesse período vai ficar em um lugar lotado em uma cadeira com pacientes com vários tipos de caso aguardando uma definição. Quando o médico conseguir concluir a avaliação, já terão se passado várias horas com ela no ambiente", afirma o presidente da entidade.

Martins diz que a Asthemg já esteve com a diretoria da Fhemig, a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde, do Ministério Público de Minas Gerais, mas ainda não foi apresentada uma solução para os problemas. Nesta terça-feira, eles procuraram deputados da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para tentar uma intermediação junto ao secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral. "Os profissionais de saúde não podem ficar em casa, nós vamos ser a linha de frente, e para nós não há nenhuma medida sendo tomada para nos proteger e instrumentos para cuidar direito dos pacientes", pontua o presidente da Asthemg.

Procurada pelo Estado de Minas, a Fhemig informou que, no João XXIII, estão sendo fornecidos os equipamentos de proteção individual (EPI), especialmente as máscaras, de forma limitada aos profissionais cujo atendimento é indispensável. “Sabemos que esses itens se encontram em falta no mercado e é necessário que haja um contingenciamento para evitar extravios e o uso indiscriminado, o que acarretará, realmente, em riscos para servidores e pacientes. Para se ter uma ideia, nos últimos 15 dias foi consumido um estoque previsto para atender toda a demanda no prazo de 4 meses”, afirmou.


Quanto à falta de álcool em gel no Hospital Infantil João Paulo II, a fundação disse que possui estoque da mercadoria, mas ressaltou que, com ao surto epidemiológico, a demanda está acima do habitual, o que compromete o abastecimento dos dispensadores. “A unidade está repondo esses itens nas alas e setores”, ponderou.

Por fim, em relação à superlotação, a Fhemig ressaltou que está com chamamento emergencial de profissionais para o Hospital Infantil João Paulo II. “Esses médicos serão contratados temporariamente, com início imediato. A seleção no final do processo e as vagas devem suprir a quantidade necessária de profissionais para os próximos meses”, finalizou.


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