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Estado de Minas MINAS DEBAIXO D'ÁGUA

Águas castigam o interior

Enchentes, alagamentos e destruição deslocaram moradores em Barão de Cocais, Manhuaçu, Santa Bárbara e Várzea da Palma. Chuva exige atenção na Zona da Mata e Norte do estado


postado em 25/01/2020 04:00 / atualizado em 25/01/2020 09:14

Município banhado pelo Rio das Velhas, Várzea da Palma enfrentou alerta sobre transbordamento e moradores foram retirados de áreas de risco(foto: redes sociais/Reprodução)
Município banhado pelo Rio das Velhas, Várzea da Palma enfrentou alerta sobre transbordamento e moradores foram retirados de áreas de risco (foto: redes sociais/Reprodução)
Estragos e temor com a força das águas vão além do drama vivido em Belo Horizonte e Região Metropolitana, alcançando o interior de Minas Gerais. Em várias cidades, há relatos de transtornos provocados por enchentes, alagamentos e deslizamentos, o que deixa a população em constante estado de atenção e vigília. Enfrentaram ontem esse cenário os municípios de Barão de Cocais, Santa Bárbara e Catas Altas, na Região Central do estado, Manhuaçú, na Zona da Mata mineira e Várzea da Palma, no Norte-mineiro.
 
A intensidade das precipitações chega a marcas históricas e a previsão de melhora do nível das tempestades não encontra dados certeiros. Para quem sofre com os efeitos dos temporais, é um dia de cada vez.
 
O aumento do volume do Rio das Velhas, que deixou milhares de pessoas ilhadas e desalojadas em Raposos, na Grande BH, também levou apreensão a outros municípios banhados pelo manancial. Um deles é Várzea Palma, no Norte de Minas.
 
Na manhã de ontem, a Defesa Civil do município orientou os moradores das áreas próximas ao barranco do Rio das Velhas a deixarem suas casas, sítios e ranchos e se transferirem para terrenos das partes altas da cidade. O alerta foi reforçado por uma rádio local, que solicitou aos moradores retirarem os seus pertences e animais de perto do rio, devido à chegada de uma grande enchente.
De acordo com a Polícia Militar de Várzea da Palma, o nível da água subiu bastante. Porém, até o início da tarde de ontem não haviam sido registrados problemas. “Tivemos aqui um movimento de curiosos, que foram até uma ponte sobre o Rio das Velhas para verem a chegada da enchente”, disse um PM.
 
O Rio das Velhas nasce no município de Ouro Preto e percorre 801 quilômetros até desaguar no Rio São Francisco, no distrito de Barra do Guaicuí, no município de Várzea da Palma, abaixo de Pirapora. A enchente no Velhas é provocada, sobretudo, pelos temporais registrados na Grande BH, pois no afluente do São Francisco desembocam o Ribeirão Arrudas e o Ribeirão Onça, que cortam a capital.
Em Barão de Cocais, a 97 quilômetros de Belo Horizonte, o aumento do volume de água no rio e no córrego que cortam a cidade deixou os moradores em estado de atenção. As informações sobre a chuva na cidade foram apuradas pelo portal DeFato Online. Desde a noite de quinta-feira, a população ribeirinha está alerta para a possibilidade de uma enchente. Muitas pessoas passaram a noite em claro monitorando a situação.
 
A Defesa Civil emitiu alerta para chuvas intensas na região até amanhã. A preocupação é maior entre aquelas pessoas que vivem às margens do rio São João e próximo do córrego São Miguel. A atenção é para observar se o nível nos canais de água apresentam alterações, e o clima é de apreensão.
Anteontem, o nível intenso de precipitação acarretou no desabamento de um barranco na Rua Afonso Pena, nas proximidades do Fórum Municipal. A prefeitura informou que não existem vítimas. Moradores da residência acima do local que cedeu foram realocados para casas vizinhas.

Drenagem O problema com enchentes não é novidade em Barão de Cocais. A dragagem do Rio São João e dos córregos São Miguel e Corta Goela é uma reivindicação antiga dos moradores, ainda mais entre os ribeirinhos. Nas proximidades de Barão de Cocais, em Santa Bárbara, o rio principal que corta a cidade, de mesmo nome, transbordou ontem. Na noite de quinta-feira, o canal de água começou a subir. As primeiras informações da Guarda Municipal e da Defesa Civil, que monitoravam a situação há dois dias, davam conta de alagamentos, desmoronamentos, ruas interditadas, famílias retiradas de suas residências e pessoas ilhadas. Segundo as autoridades, o cenário na cidade é crítico.
 
Em vídeo, um morador capturou a situação do Rio Santa Bárbara, no Bairro Praia, onde não era mais possível distinguir os limites da rua. Em seu relato, ele também informou sobre problema parecido no córrego que corta o Bairro Campestre, e pediu atenção redobrada para as comunidades ribeirinhas, ainda mais diante do grande volume de chuva previsto para a região neste fim de semana.

Calçamentos Na Zona da Mata mineira, depois do temporal que provocou estragos e destruição em Manhuaçu, na tarde da última segunda-feira, a situação ficou controlada ontem. A Polícia Militar informou sobre uma chuva leve e contínua, sem motivo para alarme.
 
Na ocasião, o forte volume de água, em um curto intervalo de tempo, provocou inundações em ruas de praticamente todos os bairros. A enxurrada levantou calçamentos e levou sujeira e lama para as vias em áreas mais baixas. Entre a noite de quinta-feira e a manhã de ontem, duas ruas cederam em alguns trechos. A Rua Monsenhor Gonzalez, no Centro de Manhuaçu, e um ponto de acostamento e calçada na altura do KM 35 da BR-262, próximo ao Bairro Alfa Sul, foram isolados e interditados.
 
Na Monsenhor Gonzalez, uma cratera forçou o fechamento do intervalo entre as Ruas Lafaiete Sabido e Luís Cerqueira. Já na BR-262, após vistoria o Corpo de Bombeiros da cidade observou sinais de um possível afundamento do acostamento, junto à calçada. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e a prefeitura iniciaram os trabalhos para reparar os danos e estabilizar a situação. A administração municipal informou que tomará providências assim que houver estiagem. 

Mais riscos no Vale do Rio Doce


De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), com as precipitações dos últimos dois dias, os maiores volumes de água foram registradas na Zona da Mata, Vale do Rio Doce, no Centro e Norte do estado. O alerta é de que a intensidade das chuvas registrada ontem venha se repetir hoje e só diminua amanhã pela manhã, situação idêntica à da Grande BH.
 
“A tendência nessas regiões é de que o céu neste sábado vai permanecer coberto por nuvens, com chuvas moderadas ao longo de todo dia”, afirmou a Anete Fernandes, da unidade do Inmet em Belo Horizonte. Segundo ela, o volume acumulado de chuvas nas mesmas regiões, desde quinta-feira, poderá atingir 300 milímetros na madrugada de amanhã.
 
O aumento do volume do Rio das Velhas, que deixou centenas de pessoas ilhadas e desalojadas em Raposos, na Região Metropolitana,  causa apreensão em outras cidades banhadas pelo manancial. Em Santo Hipólito, cidade de 3,1 mil habitantes da região Central do estado, é um dos municípios banhados pelo Velhas onde a enchente do rio trouxe apreensão para os moradores.
 
Na noite de ontem, o prefeito de Santo Hipólito, Gilson Aranha Junior (MDB), informou que o nível do Rio das Velhas no município saiu de seu leito, invadindo as vazantes. “Desde que estou na prefeitura, há sete anos, nunca vi o Rio das Velhas subir tanto”, afirmou o Aranha Junior. Já existem lugares, onde a enchente atinge plantações.
 
O prefeito disse que o rio subiu “mais de quatro metros” acima do seu nível normal em Santo Hipólito.  Em Teofilo Otoni, no Vale do Mucuri, o jardineiro Paulo Fernandes, de 58 anos, escapou por sorte. Ele subiu em cima da laje de sua casa para retirar a água acumulada no local pelas fortes chuvas. Cinco minutos depois que o jardinheiro deixou o local, a laje desabou.  (LR)

Nível ainda baixo nas hidrelétricas


Luiz Henrique Campos*

O nível de ocupação dos reservatórios das usinas hidrelétricas do Sudeste se mantém baixo, mesmo com as fortes chuvas que caem em Minas Gerais, Espírito Santo e no Rio de Janeiro, segundo balanço divulgado na quinta-feira pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), órgão responsável pelo controle da operação das instalações de geração de energia. Dentre os principais bacias de Minas, as do Rio Grande e Paranaíba operam com aos níveis de 25,40%; 38,59%; respectivamente.
 
Não há indicativos, por enquanto, de que o consumidor poderá deixar de pagar acréscimos nas contas de luz devido à maior disponibilidade de água. Atualmente, está em vigência a bandeira tarifária amarela. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou ao Estado de Minas que será divulgado na sexta-feira da semana que vem o sistema tarifário que valerá para fevereiro. “Mesmo com as fortes chuvas pelo país, concentradas principalmente no Sudeste, ainda não é possível identificar qual será a cor da bandeira do próximo mês”, afirmou.
 
Na bacia do Rio Paranaíba, os reservatórios das hidrelétricas de São Simão, Nova Ponte e Emborcação, se encontram com armazenamento de 36,26%, 15,30% e 12,69%, respectivamente. Já na bacia do Rio São Francisco, a represa de Três Marias está com retenção de 60,26% no nível de água.
 
Criado pela agência reguladora em 2015, o Sistema Nacional de Bandeiras Tarifárias é calculado com base no balanço divulgado mensalmente pelo ONS, que mede a capacidade de armazenamento de água nos reservatórios. As bandeiras tarifárias, que são adotadas em razão do consumo da energia mais cara das termelétricas, acionadas em momentos de baixa dos reservatórias das hidrelétricas,  variam de acordo com a quantidade de quilowatt-hora (kWh) consumida. Elas indicam se haverá ou não acréscimos no valor da energia a ser repassada ao consumidor final.
 
De acordo com dados do ONS, os reservatórios de hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste operam em 2020, com o menor nível de armazenamento de água, de 21,05%, para Janeiro, desde 2015. A bandeira verde é adotada quando há condições favoráveis de geração de energia e a tarifa não sofre nenhum acréscimo. Já a bandeira amarela  implica acréscimo na tarifa de R$ 0,01343 para cada kWh. A bandeira vermelha, por sua vez, é dividida em dois patamares. O patamar 1 acrescenta R$ 0,04169 por cada kWh consumido e o segundo nível impõe adicional na conta de R$ 0,06243 para cada kWh.

* Estagiário sob supervisão da subeditora Marta Vieira

Caraça ilhado


O Santuário do Caraça, em Catas Altas, na região Central de Minas Gerais, está temporariamente sem acesso de visitantes devido ao transbordamento do Rio Taboões, que passa próximo das dependências do local. Cerca de 50 hóspedes estão ilhados devido à interdição. Por meio de nota, o santuário informou que a estrada que dá acesso à sede foi inundada (foto). “Por medida de segurança, não é possível entrar nem sair do Santuário do Caraça. O tráfego pela via será liberado imediatamente após o nível da água baixar e as condições de segurança de trânsito serem atestadas”, disse. A equipe do local está em contato com as pessoas que fizeram reserva para este fim de semana, orientando os visitantes para que não se dirijam até lá.



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