"Está tudo fechado. Vi muita quebradeira e saques. É como se fosse um arrastão", relata o empresário mineiro Rogério Vilela Gonzaga, que está em Santiago, capital do Chile, sacudida por violentos protestos contra o governo desde a última sexta-feira.
Rogério chegou à cidade na quarta-feira. É a primeira vez dele e da mulher Mônica de Castro Monteiro no Chile. A ideia era fazer turismo no país, mas a programação acabou prejudicada por causa dos protestos. "Não sabíamos da situação. Na sexta-feira, fomos fazer uma visita à Cordilheira dos Andes e no retorno já não conseguíamos chegar até o hotel. A van teve que parar em torno de dois, três quilômetros antes e tivemos que caminhar. As ruas estavam fechadas e ali já começava toda a manifestação", detalhou.
Rogério disse que o pior dia foi no sábado, data em que o governo decretou toque de recolher. "Ficamos presos no hotel sem poder sair", conta. "Muitas lojas estão quebradas, arrombadas. Vi pessoas nas ruas carregando televisão, máquinas de lavar e até geladeira", emendou.
Na tarde deste domingo, segundo Rogério, estavam programadas novas manifestações. "Eles saem quebrando tudo e causando muito tumulto. Ao primeiro sinal de movimentação, é pra gente recolher porque eles podem assaltar. É como se fosse um arrastão", resume.
Mortes e caos
Neste domingo, o Chile estava paralisado, com praticamente todo o comércio fechado, voos suspensos e cancelados no aeroporto e quase nenhum público, após os protestos mais graves no país desde o retorno da democracia em 1990, que deixaram três mortos.
O centro de Santiago virou um cenário de destruição: semáforos no chão, ônibus queimados, lojas saqueadas e milhares de destroços nas ruas após os protestos iniciados na sexta-feira com o aumento do preço da passagem do metrô, uma notícia que foi o estopim para uma série de reivindicações sociais.
Apesar do toque de recolher ter sido decretado e da mobilização de quase 10.000 militares nas ruas, os distúrbios prosseguiram durante a madrugada em Santiago e outras cidades, como Valparaíso e Concepción, que também foram afetadas pela medida que restringe a movimentação.
Na capital do país, três pessoas morreram em um grande incêndio após o saque de um supermercado da rede Líder, um dos muitos alvos de ataques dos manifestantes nas últimas horas.
Os manifestantes também atacaram ônibus e estações do metrô. De acordo com o governo, 78 estações foram atingidas e algumas ficaram completamente destruídas.
O prejuízo ao metrô de Santiago supera 300 milhões de dólares e algumas estações e linhas demorarão meses para voltar a funcionar, afirmou o presidente da companhia estatal, Louis de Grange. (Com AFP)