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Estado de Minas

Treinamento em Barão de Cocais tem público aquém do esperado e sirene com volume baixo

Segundo o tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador Adjunto da Defesa Civil, cerca de 60% do público-alvo participou da atividade, por isso, o objetivo dos próximos dias é contactar quem não participou; três pessoas precisaram ser atendidas por médicos durante a programação


postado em 25/03/2019 20:47 / atualizado em 26/03/2019 08:22

(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


Barão de Cocais – Sirenes voltaram a soar, nesta segunda-feira, em Barão de Cocais, na Região Central do estado. Com escolas, comércio e repartições fechadas, em uma segunda-feira na qual a rotina foi substituída pela preparação para escapar de uma catástrofe, desta vez os moradores pelo menos sabiam o motivo. Os alertas marcavam o início do simulado de emergência com pessoas que podem ser atingidas em caso de rompimento da Barragem Sul Superior, da Mina de Gongo Soco, da mineradora Vale. Na sexta-feira, quando o alarme disparou na cidade pela segunda vez em menos de dois meses, a estrutura entrou no mais alto nível de risco, que indica ameaça de rompimento iminente. O alerta sonoro já havia sido acionado em 8 de fevereiro, quando o patamar de risco subiu para o nível 2, determinando a retirada de 452 moradores das casas localizadas na área mais vulnerável.

A adesão da população, embora tenha sido grande, ficou muito abaixo da expectativa. Segundo autoridades de segurança, aproximadamente 3,6 mil moradores participaram da ação. O total equivale a 60% da expectativa, que era de mobilização de 6 mil pessoas. O ponto positivo foi o tempo máximo de chegada a um dos sete locais de apoio distribuídos pelo município: 32 minutos, bem abaixo dos 72 minutos de intervalo estimado até que a lama atinja a primeira casa da cidade.

Viaturas do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar começaram a circular, pontualmente às 16h, horário marcado para início do treinamento. Em seguida, um veículo da Defesa Civil fez um alerta simulando as sirenes. Moradores que já tinham recebido informações sobre as rotas de fuga e pontos de encontro foram para um dos sete locais selecionados previamente, onde foram acolhidos.



Vinte e seis atendimentos foram feitos durante o simulado, sendo que três pessoas precisaram de ser levadas para hospitais. “Tivemos um caso de mal súbito, um caso de hipoglicemia e uma pessoa que se machucou por queda da moto”, disse o tenente-coronel Flávio Godinho, porta-voz da defesa Civil.

A rota 6 foi a mais usada durante o treinamento. A subida, que termina próximo à rodoviária da cidade, durou de cinco a 10 minutos. A estimativa das autoridades de segurança é que 2,1 mil pessoas passaram por esse trecho. Cristiane Felício, de 33, cumpriu o percurso em cinco minutos. Ela vive bem perto de onde está o posto de apoio 6. “Ficamos tensos com a simulação, mas deu tempo. Consegui pegar meus documentos e depois segui as placas. Está tudo bem sinalizado”, avaliou.

Grávida de oito meses, Luciana Aparecida Estêvão, de 23, mora na área de risco próxima ao rio. Ela participou do simulado e afirmou que pessoas que não conhecem as rotas de fuga podem ficar perdidas. “A rota foi bem tranquila, mas acho que, se um dia acontecer mesmo, não vai ser tão simples assim. Acho que teve um pouco de bagunça na rota”, ressaltou. O simulado não a tranquilizou: “O medo continua”. 



DÚVIDAS 
Nascida e criada em Barão de Cocais, Hortalina Ferreira, de 90, mora sozinha em uma casa perto do antigo prédio do fórum, no Centro, que está na rota de eventual onda de rompimento, e do Rio São João, por onde desceriam os rejeitos. Nesta segunda, acompanhada de duas sobrinhas, ela cumpriu o trajeto de sua moradia até o ponto de encontro em sete minutos. “Foi tranquilo”, disse Hortalina, ao lado de Rogéria do Carmo, de 63, e Eliane Maria do Carmo, de 62. A preocupação de Rogéria, que acomodou a tia em sua casa, é quanto aos próximos dias. “Ela ficou em minha casa por orientação da assistência social, mas terei que viajar. Ninguém falou ainda nada sobre hotel. Vamos esperar.” 

MOBILIZAÇÃO
 O prefeito local, Décio Geraldo (PV), aprovou o simulado. “Gosto de falar que no Japão tem terremoto todos os dias, e, quando tem, um menino de 4 anos sabe o que fazer. Nós ainda não sabíamos o que fazer. Então, este treinamento é importante. Acho que a população deu a importância que merece”, afirmou. Segundo o administrador, ainda há outras providências a serem adotadas na cidade. “Há ações necessárias em relação às escolas. Algumas delas deverão ser tiradas de perto dos rios. Não houve aula hoje e nem vai haver amanhã”, disse.



No domingo, foram instaladas 1 mil placas sobre os pontos de encontro. O simulado de hoje contou com 652 pessoas trabalhando, 24 viaturas da PM, oito do Corpo de Bombeiros, 10 ambulâncias e duas aeronaves, entre outros veículos. A rodovia MG-129 foi fechada por 32 minutos. O monitoramento continuará sendo feito por toda a equipe, que estará em prontidão 24 horas para caso a barragem se rompa. As cidades de São Gonçalo do Rio Abaixo e Santa Bárbara também passarão por simulados nos próximos dias.

Na quarta-feira começa nova fase da operação. O intuito é entrar em contato com quem não participou do simulado. A equipe da Defesa Civil vai propor que sejam oferecidos hotéis para moradores com necessidades especiais. “São 46 pessoas e suas famílias que precisam de um tratamento diferenciado”, acrescentou o tenente-coronel Godinho.


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