E teve virada com sabor mineiro. Nas chapas quentes das barraquinhas, cerca de 100 registradas na Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH), saiam feijão tropeiro, churrasquinhos, fígado acebolado, cachorros quentes e hambúrguers! Mesmo com a concentração de público o acesso aos banheiros químicos foi muito tranquilo e a presença ostensiva da Polícia Militar e da Guarda Municipal deixaram as preocupações por conta dos desafios de 2018.
Na praça conhecida como Iemanjá, fiéis aproveitaram a virada de ano para lançar suas oferendas no espelho d'água e assim pedir as bênçãos da divindade. Dali em diante, a orla que se foi reconhecida pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade recebeu uma infinidade de casais, famílias e grupos de amigos, muitos deles armando forros de piquenique, cadeiras dobráveis e mesas para integrar um deck com quase 18 quilômetros de extensão, uma vez que de todos os pontos do reservatório era possível assistir ao show da queima de fogos. E teve quem trocou a badalação do réveillon de Copacabana pelas curvas do cartão postas de Niemeyer.
Os turistas cariocas Marilu Drummond, de 66 anos, e Josué Brado, de mesma idade, disseram ter acertado em vir a BH e curtir uma passagem de ano com segurança e beleza na Pampulha. “Temos uma casa aqui em BH e parentes também, aproveitamos para vir à festa e não nos arrependemos, é uma comemoração tranquila e bela. Uma outra forma de ver a coisa”, disse Josué. Uma oportunidade que muitos tiveram de fazer novas amizades, as últimas do ano que passou, ou, quem sabe, as primeiras do ano que entra.
Foi o caso da motorista Cláudia Teixeira, de 47 anos, que levou o filho Cauã, de 11, para a orla e lá conheceram e se divertiram ao lado do cabeleireiro e maquiador Paulo de Araújo, de 51, e da dona de casa Ângela da Silva de Araújo, de 74. "Trabalhei 20 anos na fiscalização de posturas da PBH conferindo feiras-livres, camelôs e esta foi a primeiras vez que pude realmente participar de um evento espontâneo, de uma festa verdadeiramente do povo e posso dizer que estou feliz e emocionada”, disse Cláudia. Para o casal de pais que aguarda apenas um mês pelo nascimento da menina Beatriz, de oito meses ainda no ventre da mãe, cada segundo à espera da virada do ano ganhou um significado novo e de esperança.
“Fizemos o certo de vir aqui para a Pampulha. A gente consegue sentir o astral bom, de segurança com muita polícia e famílias vindo para desejar apenas o bem. Nós estamos realizados de poder vir mais uma vez a este cartão-postal e, no ano que vem, com a família maior, traremos a nossa filha”, disse o autônomo Igor Teles, de 33, sem por um segundo desgrudar da barriga da mulher grávida de oito meses, a supervisora Raquel Alves, de 30. E o brinde final, com as taças borbulhando espumante geladinho representando a esperança por um ano melhor, veio com a contagem regressiva e um show pirotécnico de tirar o fôlego.
Em 12 minutos, as quatro balsas posicionadas no espelho d'água da lagoa despejaram cores e efeitos que se aproximaram das pessoas e as fez aplaudir ao fim do espetáculo. Foi assim para os amigos que se deslocaram por quase 150 quilômetros desde Perdigão, no Centro-Oeste mineiro, até a capital, justamente para assistir à queima de fogos na orla da Pampulha. “Foi emocionante, gostamos demais, era tudo o quê queríamos, nos reunir num lugar bonito como esse para começar bem o ano”, disse, durante o brinde, a vendedora Amanda Rodrigues, de 25 anos.
E não faltaram registros fotográficos dessa emoção, seja em selfies ou junto com as amigas da mesma cidade, a estudante Franciely Simão da Silva, de 22, e a babá Priscila Nascimento dos Santos, de 18.