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Estado de Minas

Polícia investiga onda de ataques a bancos no Sul de Minas

Assaltantes promovem explosões e tiroteio quase simultaneamente em agências de três cidades vizinhas à divisa com São Paulo. Polícia apura se investidas têm relação entre si


postado em 05/05/2017 06:00 / atualizado em 05/05/2017 07:37

Em uma das ações, chamou a atenção da polícia o fato de os ladrões não terem atacado apenas bancos, mas também pontos de comércio(foto: Reprodução / TV Alterosa)
Em uma das ações, chamou a atenção da polícia o fato de os ladrões não terem atacado apenas bancos, mas também pontos de comércio (foto: Reprodução / TV Alterosa)
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar a possível relação entre uma série de ataques a bancos no Sul de Minas, na madrugada de anteontem. As cidades de Cássia, Jacuí e Cristais foram alvo de bandidos fortemente armados quase simultaneamente. As ações duraram entre 20 minutos e meia hora, no período de 1h30 às 3h. Explosões e tiros submeteram moradores dos municípios a um cenário de terror. Em Jacuí, além de duas agências, três pontos de comércio foram invadidos pelos ladrões, em um verdadeiro arrastão pelo Centro do município.


Em Cássia, por volta das 3h, pelo menos cinco assaltantes que estavam numa caminhonete quebraram a porta da agência e detonaram dinamites no interior do Banco do Brasil, na tentativa de abrir o cofre central e não os caixas eletrônicos, segundo a Polícia Militar. O Grupamento de Ações Táticas Especiais (Gate), da PM, esteve hoje na cidade, distante apenas 25 quilômetros da divisa com São Paulo, para recolher artefatos que não foram detonados. No momento do ataque, havia dois militares de plantão. “São quadrilhas numerosas, com armamento de grosso calibre. A cidade fica em polvorosa”, afirma o sargento Genivaldo José da Silva. O carro usado pelos criminosos foi encontrado ontem,  abandonado na região. O veículo havia sido roubado em Itirapuã, cidade próxima a Franca (SP).

Próximo dali, em Jacuí, pelo menos 10 ladrões em uma caminhonete com apoio de motocicletas invadiram cinco estabelecimentos, entre 1h30 e 2h, na Praça Presidente Vargas. Usaram explosivos no Branco do Brasil e no Sicoob, nos Correios, em uma loja de departamentos e em um posto de gasolina. Foram disparados vários tiros para cima, para intimidar os militares, que ficaram acuados, e a população. O delegado titular de Jacuí, Mateus dos Reis Ponsancini, acredita que se trata de uma quadrilha de fora do estado. Há 10 dias, outro crime apavorou os moradores: familiares de bancários foram feitos reféns na cidade. “Não podemos fazer a ligação entre os dois fatos, mas estamos trocando informações com outros policiais”, diz. O inquérito corre sob sigilo.

Delegado Regional de Passos, responsável pelos municípios de Cássia e Jacuí, Paulo Queiroz Ferreira, diz que não descarta a possibilidade de uma mesma quadrilha ter atuado nas cidades. Segundo ele, ao mesmo tempo que parece uma ação simultânea, um detalhe pode indicar se tratar de coincidência apenas. Enquanto os bandidos que agiram em Cássia fugiram em direção à cidade paulista de Franca, os que estiveram em Jacuí foram no sentido de Guaxupé, que também dá acesso a São Paulo. “Dá a entender que é algo orquestrado, mas a confirmação só virá à medida que avançarmos na investigação”, afirma.

Outro fato chamou a atenção do delegado: “Normalmente, agem em bancos e, desta vez, invadiram também outros locais. Os carros usados por essas quadrilhas são furtados ou roubados, mas elas alugam armamento e compram o dinamite, logo, precisam pagar por isso. Como não conseguiram o dinheiro no banco, que estava com os caixas vazios, fizeram outras tentativas, também sem sucesso”.

 

Depoimento

Continuamos escutando os tiros, até o momento em que os ladrões saíram gritando: ‘O mundo é nosso’

Morador de Cristais, o relatar assalto na cidade

Casas e lojas crivadas de balas


A ação de criminosos foi violenta também em Cristais, onde os explosivos usados no Bradesco destruíram completamente os caixas e outras partes da agência. A ação durou 20 minutos. Um Corolla foi usado na fuga de pelo menos quatro ladrões, mas a polícia acredita que outro grupo tenha participado, em uma espécie de ronda que teria sido feita antes do crime. A polícia requisitou imagens de câmeras de monitoramento. Os valores levados ainda não foram contabilizados, mas a perícia encontrou R$ 2,1 mil entre os restos da explosão. Os criminosos seguiram na direção ao trevo de Campo Belo e Boa Esperança. Houve tiros que destruíram portas e janelas de lojas do entorno e de moradias na Praça Barão de Cambuí.

A Polícia Militar ainda tentou cercar o bando, mas, na fuga, foram jogados cacos de vidro e pregos que furaram os pneus da viatura. “Esses grupos escolhem cidades bem pequenas, com no máximo 15 mil habitantes, onde sabem que a ronda da madrugada é feita por dois policias, em uma viatura. Podem ser quadrilhas de São Paulo, porque houve um aumento de delitos lá. Com a repressão dos crimes, há a possibilidade de terem migrado para Minas e, como consequência, aumento de casos em todo o estado”, afirma o delegado titular de Campo Belo e Cristais, Alessandro Mior Gamboge.

Série de assaltos

De acordo com a Polícia Militar, de 1º de janeiro a 23 de março deste ano houve 38 ataques a bancos – em 35 houve explosões e em três os artefatos não foram detonados. Levantamento feito pelo Estado de Minas mostra que, depois desse período, ocorreram ao menos mais sete casos no estado. O chefe da sala de imprensa da PM, major Flávio Santiago, diz que o comando da corporação tem investido em atividades de inteligência para monitorar quadrilhas, principalmente pela participação de criminosos de outros estados. E também em tecnologia e recursos humanos com aumento de efetivo no interior. “Tivemos formação na última sexta-feira de mais de 1,8 mil soldados e muitos estão sendo designados para essas cidades. O policiamento nos pelotões e destacamentos será reforçado para prevenir vários crimes, entre eles, explosões de bancos”, relata.


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