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Estado de Minas

Capital de todas as cores, BH encanta moradores e turistas

Público festeja a diversidade de tons que forma a identidade da capital, prestes a completar mais um aniversário. Nova Igreja São José é celebração desse mosaico


postado em 09/12/2015 06:00 / atualizado em 09/12/2015 07:42

Na Praça da Liberdade, Rodrigo Seixas e Evelyn Souza, da Bahia, elogiam a arquitetura(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Na Praça da Liberdade, Rodrigo Seixas e Evelyn Souza, da Bahia, elogiam a arquitetura (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
A aposentada Nilda Vilacinha abre os braços, dá um sorriso e declara com todas as letras sua paixão por Belo Horizonte. “Sou mineira de Piracema, na Região Centro-Oeste, mas moro aqui há mais de 40 anos. Adoro a paisagem urbana, principalmente o colorido da cidade”, afirma Nilda, diante dos prédios da Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul, embelezados por um canteiro de flores vermelhas. Depois da leitura tranquila em um banco sombreado, a aposentada se levanta com entusiasmo, dá um giro pelo espaço público e contempla os vários estilos arquitetônicos e tons das construções da cidade que completa, no sábado, 118 anos. Com a inauguração, na manhã de ontem, da fachada restaurada da Igreja de São José, no Centro, moradores e visitantes puderam enxergar outros tons que formam camadas de sua história e encantam ao longo do tempo.

“Gosto de cores fortes, acho que dão alegria, harmonia e vitalidade a BH. Acho que isso, também, tem a ver com nosso modo de ser, com nosso jeito interior. Sou uma pessoa feliz, não sou fã dos tons neutros”, observa Nilda. Na Praça da Liberdade, ela se revigora admirando o verde do prédio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), o amarelo do Centro Cultural Banco do Brasil, as misturas do Rainha da Sucata e o azul do prédio de edifício residencial e comercial. “Tenho saudade dos anos 70, dos bailes e das festas, mas continuo achando aqui a melhor cidade para se viver no Brasil.”

No ponto de ônibus, mãe e filha também gostam do que veem. Segurando um balão vermelho, a menina Ana Vitória, de 5 anos, dá a mão à vendedora Idalva Teixeira, moradora do Bairro Prado, na Região Oeste, e também se mostra em harmonia com as cores da cidade. “Tudo isso nos faz muito bem. Tantos tons assim nos aliviam do estresse diário, contribuem para dar mais leveza à capital, diminuem os impactos do asfalto e do concreto. Enfim, garantem mais beleza a BH”, comenta Idalva.

VARIAÇÕES Quem é de fora também sente as boas vibrações desse “trem das cores” que atravessa as avenidas, entra pelas ruas dos bairros, sobe ao topo dos edifícios e se imprime na frente das lojas. Durante passeio no feriado de ontem, o casal de namorados Rodrigo Seixas, professor de português, e Evelyn Santos Souza, estudante de direito, ambos baianos, elogiou a Praça da Liberdade.

José Ricardo e Juliana, com os filhos, se rendem à Igreja São José revitalizado(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
José Ricardo e Juliana, com os filhos, se rendem à Igreja São José revitalizado (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
“Um circuito cultural e com prédios de vários estilos e épocas”, disse Seixas, diante do Memorial Minas Gerais Vale, antiga Secretaria de Fazenda, e do Museu das Minas e do Metal, que já foi Secretaria da Educação. “Gosto muito de construções mais antigas. Belo Horizonte é uma cidade de cores, em movimento”, disse o professor, elegendo as duas construções, pintadas em tons fortes e puxados para o marrom, como os preferidos em arquitetura. “Além das cores, é preciso dizer que esta é uma verdadeira praça da liberdade, com respeito aos gêneros e orientações”, disse o professor.

Com a correria do cotidiano, muita gente nem observa que Belo Horizonte não tem apenas os 50 tons de cinza que vão do concreto ao asfalto, passando pela fumaça dos carros. Tem o verde do Parque Municipal Américo Renné Giannetti, três meses mais velho do que BH; o roxo das quaresmeiras; o amarelo dos ipês de agosto; e o vermelho flamejante dos flamboyants de setembro. Basta observar que, dependendo do ângulo, as árvores entram em sintonia com o tom salmão do prédio da Imprensa Oficial de Minas Gerais, na Avenida Augusto de Lima, ou da farmácia localizada na esquina da Rua da Bahia com Augusto de Lima, ou ainda do bege e amarelo do Aquivo Público Mineiro e Museu Mineiro, na Avenida João Pinheiro, sem citar tantos outros que suavizam o olhar. No Bairro Funcionários, por exemplo, há até um edifício em forma de caixa de lápis de cor.

FACHADA Há meses, é impossível passar pela Avenida Afonso Pena sem virar o pescoço para ver – e aplaudir – as cores vibrantes que ressurgiram na fachada principal da centenária Igreja de São José. A restauração foi sustentada por uma campanha da paróquia dos padres redentoristas, aprovada pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município. Executado pela especialista Maria Regina Reis Ramos, conhecida como Marrege, do Grupo Oficina de Restauro, o trabalho trouxe de volta os tons originais vermelho, laranja e cinza, seguindo à risca o projeto feito por Edgard Nascentes Coelho, em maio de 1901, quando a capital ainda se chamava Cidade de Minas.

Na tarde de ontem, o contador José Ricardo Tavares Campos, a mulher, Juliana Fonseca Pimentel Campos, e os filhos Arthur, de 13, e Thiago, de 9, moradores do Bairro Silveira, na Região Nordeste, não pouparam elogios ao trabalho. “Estaciono o carro aqui em frente há 15 anos e acompanhei a transformação. Ficou uma beleza, deu um tom de alegria”, disse José Ricardo. Para Juliana, o restauro valorizou um monumento importante da cidade. “Gosto de cor nos prédios, só não podem exagerar. Mas, neste caso, ficou perfeito”, acrescentou Juliana, com o sorriso de cumplicidade dos filhos.

...Fé em momento de festa e renovação


Na manhã de ontem, Dia de Nossa Senhora da Conceição, enquanto era inaugurada com missa festiva, a fachada recuperada da Igreja de São José, o titular da paróquia, o padre redentorista Nelson Linhares, anunciava o início da terceira etapa de restauração do templo: a primeira foi o interior, a segunda, a fachada principal, que durou dois anos, e a última, a recuperação das paredes laterais. Conforme pesquisas, a primeira pintura externa da igreja foi executada pelo pintor alemão Guilherme Schumacher, em 1912, logo após terminada a decoração interna. Com cores marcantes, ela se integrava ao Convento dos Padres Redentoristas, todo construído em tijolinhos. Em 1928 ocorreu a primeira repintura, depois do desgaste da original. Naquele ano, foi usada uma nova tinta, em cor única, também em tom semelhante ao dos tijolinhos. Na década de 1950, a igreja ganhava a cor bege que ainda hoje se pode ver nas laterais. No ano passado, teve início o processo de restauração, com a remoção das camadas mais recentes (repinturas) e a recuperação da original. Os estudos foram feitos a partir do projeto original colorido, a cargo do arquiteto Edgard Nascentes Coelho, e das prospecções feitas na fachada. Todo o trabalho foi custeado por meio de doações dos fiéis na campanha "São José é 10".


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