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Estado de Minas

Jovem portador de doença rara sonha com cadeira de rodas para ir ao colégio

Família de Melchior, de 19 anos, portador de doença que atrofia os músculos, lança campanha para arrecadar R$ 14,5 mil


postado em 11/07/2015 06:00 / atualizado em 11/07/2015 07:35

Apaixonado pela família, Mel, como é chamado, não esconde a felicidade ao lado da irmã, Chayen, e do amigo Cauã(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press )
Apaixonado pela família, Mel, como é chamado, não esconde a felicidade ao lado da irmã, Chayen, e do amigo Cauã (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press )

“Ai mãe, por que a senhora me acordou? Sonhei que eu estava andando, correndo muito rápido como se fosse o Flecha...”, protestou o jovem Melchior Júnior Felipe Teixeira, de 19 anos, portador de miopatia nemalínica, doença rara que atrofia principalmente os músculos dos braços e pernas. Quando ensaiava os primeiros passos para começar a andar, sentiu os efeitos imobilizadores da doença. Desde a descoberta da própria limitação, está restrito ao espaço de uma cama, sendo que, no período de 14 anos, permaneceu internado na ala infantil do Hospital Regional de Betim, na Grande BH. A realidade do garoto deixou de existir naquela noite de sono: ele era um super-herói mirim capaz de andar com agilidade pelas próprias pernas, pronto a salvar o mundo.

Na verdade mesmo, porém, Melchior estava tão empolgado com a própria fantasia que gritava e se arrastava pelos lençóis. Teve de ser socorrido pela mãe, Áuria Júnia Teixeira, de 36, que se viu obrigada a despertar o filho mais velho, antes que o jovem despencasse da cama. Ele corria o risco de se soltar do tubo do ventilador que o mantém vivo. O aparelho foi adaptado com um motor de geladeira velha, graças ao padrasto João Rodrigues Teixeira Filho, de 42. Desde que o pai biológico abandonou a família, ao ser informado sobre o diagnóstico de Melchior, o guarda patrimonial assumiu a responsabilidade pelo sustento dele, da irmã Cheyen e do caçula Saymon.

Na vida real, Melchior e seus parentes poderiam perfeitamente se encaixar nos personagens de Os Incríveis, a animação da Disney que mostra uma família de super-heróis que tentam esconder os seus poderes. Cada um a seu modo, os cinco são realmente fantásticos por superar as limitações físicas de Melchior e também as precárias condições financeiras. Apesar de receberem auxílio da Prefeitura de Betim, faltam recursos capazes de proporcionar um conforto para o jovem.

No último sábado, a família lançou uma campanha de arrecadação de fundos para a compra de uma cadeira de rodas motorizada, ao custo de R$ 14,5 mil. “Já conseguimos R$ 300, não é mãe?”, comemora Melchior, que está bastante animado com a movimentação. Com o apoio dos familiares, ele mesmo foi para as ruas angariar a contribuição de amigos e vizinhos. “Se por acaso sobrar dinheiro, vamos doar o excedente para a família do Gabriel, que conviveu com o Mel no hospital. Ele precisa de algumas coisas que nós já temos”, explica a mãe, que se preocupa em compartilhar a felicidade com o próximo. Assim como Melchior, Gabriel é portador de miopatia congênita e depende de ventilação mecânica.

Por diversas vezes, como se fosse difícil de acreditar, Áuria repete que Mel é realmente feliz e que não tem quase nenhuma incapacidade para se divertir, se comparado a um jovem da mesma idade. De fato, Melchior assiste TV e passa boa parte do tempo na tela do celular, presente dos pais zelosos. Apaixonado pelo Galo, ele foi “eleito” técnico do time de pelada da rua onde seus amigos, como o pequeno Cauã, jogam bola. Já está a ponto de se formar na 9ª série na Escola Municipal Gilberto Alves da Silva, com o auxílio da professora Natália, que dá as aulas em casa. Depois que se formar, ninguém sabe dizer como se dará a continuação dos estudos por não ter programa domiciliar de estudo no ensino médio. “O ideal mesmo é que ele comece a sair de casa e ir sozinho até o colégio, como a médica recomendou”, defende a mãe.

BATATAS FRITAS A seu modo, Mel já é reconhecido como vencedor pelos familiares e até pelos médicos, que custavam a acreditar que o menino pudesse sobreviver longe do hospital. Desde a transferência para casa, o jovem encorpou 14 quilos ao passar a morar com a família na Rua Ervilha Cheirosa, no bairro Jardim das Alterosas, em Betim. “Depois do tanto que a gente apanhou, aprendemos a viver naturalmente. No quintal, chegamos a enfileirar 16 garrafas de oxigênio para o caso de Mel precisar. Mas hoje somos uma família normal”, diz o padrasto, lembrando que trabalhava como vigia no hospital e se apaixonou primeiro pelo menino e, depois, pela mãe dele. “Era proibido, mas eu dava jeito de entrar com batata frita e Coca-cola no hospital, comida preferida dele”, acrescenta.

Xodó dos
médicos

Os médicos custaram a 'desmamar' da companhia de Melchior, que costumava perambular de velotrol pelos corredores do Hospital Regional de Betim. Vivia fugindo da vigilância das enfermeiras e auxiliares da equipe de saúde. “Foi uma briga para trazê-lo embora. Entramos com mandado judicial para sair do hospital. Ele já vinha sendo treinado pela equipe do CGP para se adaptar em casa. A médica custou a desgarrar do Mel. Vinha toda semana visitar”, conta Áuria. Outro que não se esquece de Melchior é o médico que fechou o diagnóstico do garoto, dando o ultimato de que ele iria viver por mais três anos, no máximo. “Todo ano, no aniversário do Mel, ele envia um cartão onde vem escrito: 'Mais um ano de vida. Parabéns'”, conta a mãe.

“A vida não é feita só de sonhos que se realizam e sim da realidade que sonhamos”, está gravado na moldura do quadro de fotografias que revelam a trajetória de Melchior, incluindo o batizado ocorrido dentro do hospital e as festas de cada aniversário, comemorados por 14 anos na unidade de saúde. Ao receber alta para ir para casa, Mel concretizou parte do sonho de viver perto da família.

Agora, para completar a sua felicidade genuína, o garoto precisa conquistar a cadeira de rodas modulada para a sua coluna vertebral, que sofre de escoliose progressiva. Ele também não tem acesso à fisioterapia e recebe até hoje alimentação infantil, embora esteja prestes a completar 20 anos. Se conseguir comprar sua cadeira motorizada (ele está há quatro anos na lista de espera de um programa governamental), Mel irá finalmente realizar a expectativa de sair de casa para estudar no colégio e dar umas voltinhas pelo bairro: “Minha mãe está até nervosa porque ninguém vai conseguir me segurar! Mas já ganhei o melhor presente de Deus, que foi sair do hospital e ficar perto dos meus irmãos e dos meus pais. Sou feliz demais!”


COMO AJUDAR


Quem estiver disposto a ajudar a família de Melchior, poderá comprar rifas a R$ 5 ou fazer doações de qualquer valor

Caixa Econômica Federal


» Agência: 0892


» Operação: 013


» Conta de poupança: 00091128-6


» Nome: Áuria Júnia Teixeira Fagundes


» Contatos:
(31) 3059-2223 ou (31) 9601-6993


» Facebook:  Comunidade Sonho do Mel


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