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Estado de Minas

Atropelamentos são maioria entre os acidentes do BRT/Move

Conflito acontece principalmente no Hipercentro da cidade, devido a imprudência e falta de atenção


postado em 08/04/2015 06:00 / atualizado em 08/04/2015 07:16

A faixa é uma garantia dos pedestres para evitar acidentes, principalmente os mais graves, que envolvem coletivos. Mas outros fatores, como abuso de velocidade, agravam os riscos(foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS)
A faixa é uma garantia dos pedestres para evitar acidentes, principalmente os mais graves, que envolvem coletivos. Mas outros fatores, como abuso de velocidade, agravam os riscos (foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS)

Há mais de um ano, pedestres e ônibus do Move travam uma disputa nas ruas de Belo Horizonte, principalmente na Região Central da capital. De todos os 26 acidentes publicados pelo Estado de Minas desde a inauguração do BRT, em março do ano passado, 14 ocorreram no Centro (8) e no Complexo da Lagoinha (6). Analisando todas as ocorrências, o atropelamento de pedestres lidera, com nove casos, seguido de colisão entre coletivos e carros pequenos (8) e acidentes entre ônibus e motos (6). Neste período, 10 pessoas morreram, sendo seis motociclistas e garupas e quatro pedestres. O maior perigo no Centro decorre da falta de atenção de pedestres e do abuso de velocidade de alguns motoristas.


O fluxo de pessoas no entorno das avenidas Santos Dumont e Paraná, no Hipercentro, é muito intenso. Milhares de trabalhadores circulam por essas vias diariamente e disputam espaço com os coletivos do Move. As seis estações de integração do sistema instaladas na Paraná/Santos Dumont tornaram a região um ponto de concentração também dos coletivos. O resultado é o risco de acidentes todos os dias, segundo motoristas do BRT e pedestres. Ontem, em quatro situações, com o sinal aberto para os ônibus, pessoas insistiram em atravessar correndo na frente dos coletivos. Em outro ponto, para aproveitar os últimos segundos de sinal aberto no cruzamento da Avenida Santos Dumont com a Rua Curitiba, um motorista da Linha 50 (Estação Pampulha/Centro Direta) acelerou e assustou quem esperava para atravessar, certamente excedendo o limite de 30km/h da faixa exclusiva.


A garçonete Elaine Martins, 23 anos, anda a pé e de ônibus todos os dias no Centro de BH e acredita que o risco de acidentes frequente é culpa tanto de pedestres quanto dos motoristas. “Não é todo motorista que fica esperto com o fechamento dos sinais, mas quem está na rua vive correndo no meio dos ônibus”, afirma. Já a estudante Sabrina Magalhães, de21, responsabiliza mais quem caminha. “O pedestre está sempre com pressa e não costuma respeitar o semáforo fechado para ele. Hoje (ontem), presenciei uma moto ao lado de um ônibus do Move que acabou escondida. O pedestre viu só o ônibus e achou que dava tempo, mas quase foi atingido pela moto”, afirma.


A primeira morte registrada no Move, em junho do ano passado, ocorreu por atropelamento. Na ocasião, o motorista do coletivo e testemunhas que passavam pela Santos Dumont afirmaram que não houve alternativa, já que um homem invadiu a avenida poucos instantes antes da passagem do ônibus. Condutor da Linha 50, o motorista Raimundo Apolinário Filho, de 44, conta que é muito comum encontrar no Centro de BH pedestres completamente despreocupados durante a travessia das avenidas Paraná e Santos Dumont. “A gente chega a diminuir tanto a velocidade por causa da desatenção e muitas vezes perdemos a nossa vez em um sinal que poderíamos ter passado no verde”, afirma.


Outro motorista, da Linha 51 (Estação Pampulha/Centro/Hospitais), Adauto Gonçalves, de 39, diz que quase todo dia vê pedestres se arriscando e aumentando o risco dos atropelamentos. “Eles atravessam olhando o celular e com fone nos ouvidos, perdendo completamente a noção do que está acontecendo”, lembra. Waldemar Moreira Santos, de 39, dirige coletivos da Linha 50 e diz que o desafio é diário. “As pessoas não entendem que, com um ônibus cheio, meter o pé no freio não é uma alternativa fácil. Às vezes, se você fizer isso por causa de um pedestre que atravessa fora da faixa, está aumentando a chance de machucar dezenas de pessoas”, diz ele.


Para o advogado Carlos Cateb, que participou da elaboração do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), aumentar a fiscalização nos trechos de circulação do Move, em conjunto com a instalação de mais placas de sinalização, amenizaria os riscos de colisões. Cateb também aponta que a imprudência de pedestres e o desrespeito às leis trânsito agravam as chances de atropelamento. “Observando as ruas do Centro, vejo que algumas pessoas atravessam em lugares até cinco metros longe da faixa de travessia”. Assim como nos corredores exclusivos, Cateb sugere o controle maior de velocidade nas vias do Centro da capital.


A reportagem procurou a BHTrans para falar sobre o problema, mas não recebeu retorno. Em 2013, a empresa lançou dois editais para ampliação dos radares na capital. Os primeiros equipamentos já estão sendo instalados. Pelos dois editais, 93 pontos de fiscalização serão vigiados exclusivamente nas pistas de concreto das avenidas Paraná, Santos Dumont, Cristiano Machado, Antônio Carlos e Pedro I, fiscalizando diretamente a velocidade dos ônibus do Move e o avanço de semáforo, além da invasão da pista por outros veículos. Outros 153 locais terão radares nas áreas de trânsito misto, porém, de influência do BRT, totalizando 246 novos equipamentos. Atualmente, BH conta com 138 radares, o que significa quase triplicar a quantidade. Com isso, a BHTrans espera conseguir disciplinar melhor a convivência entre pedestres e o trânsito em geral, criando melhores condições para que as pessoas possam pegar os ônibus em segurança.

 

ROTINA DE ACIDENTES
Houve 26 batidas envolvendo ônibus do Move desde que o sistema foi inaugurado, em março do ano passado

9 ônibus x pedestres
8 ônibus x carros
6 ônibus x motos
1 ônibus x caminhões
1 ônibus x ônibus
1 ônibus sozinho

10 mortes no período, sendo 6 de motociclistas e garupas e 4 de pedestres

Fonte: Reportagens do Estado de Minas


Trincheira aberta com dois meses de atraso

A trincheira José de Souza Machado, exclusiva para ônibus do Move na ligação entre as avenidas Dom Pedro I e Vilarinho, no trevo de entrada para 44 bairros de Venda Nova, foi inaugurada ontem, mais de dois meses depois do prometido. No fim do ano passado, o então secretário de Obras e Infraestrutura de Belo Horizonte, José Lauro Nogueira Terror, havia garantido a liberação da obra até 31 de janeiro. Mas a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), na época, informou que alguns ajustes atrasaram a conclusão dos trabalhos. Com a nova trincheira, os coletivos que têm a Estação Venda Nova como origem ou destino contarão com mais um trecho em vias exclusivas, sem necessidade de usar as opções locais que são comuns ao trânsito dos demais veículos e atrasam o Move.

Por causa da liberação, a Rua Lagoa Santa voltará a operar no sentido da Rua Padre Pedro Pinto até a Rua Maçon Ribeiro, a partir de amanhã, invertendo o que ocorre até hoje. Durante toda a manhã de ontem, quando o trânsito foi liberado na trincheira, não houve problemas para o tráfego. A obra custou cerca de R$ 5,2 milhões e está inserida no BRT Antônio Carlos/Pedro I/Vilarinho. Os trabalhos começaram em fevereiro de 2014, mas ficaram parados entre agosto e dezembro do ano passado para o remanejamento de uma adutora da Copasa. Ela tem 10 metros de largura e 80 metros de extensão.

Apesar da liberação de um dos pontos que ainda agarrava o caminho do BRT, a Construtura Cowan, responsável pela obra de duplicação da Pedro I, informa que as intervenções para entregar toda a avenida ainda não estão concluídas. O problema seriam “pendências de projetos e interferências com concessionárias de serviços públicos. O contrato administrativo foi prorrogado até 8 de maio de 2015 para a conclusão destes serviços, e a Cowan aguardaa solução da Prefeitura de Belo Horizonte, das citadas pendências”, diz um comunicado enviado pela empresa na semana passada. A Sudecap não se manifestou.

FUTURO De acordo com o planejamento da prefeitura, o trevo de Venda Nova ainda será alvo da segunda etapa de intervenções batizadas de Complexo Vilarinho. Em setembro do ano passado, a administração municipal obteve sinal verde do Ministério das Cidades para angariar R$ 50 milhões do governo federal para novas obras de mobilidade na região. O objetivo é construir mais três viadutos, sendo dois exclusivos para o Move e um para o trânsito misto, eliminando alguns problemas locais. Os elevados para os coletivos eliminariam a necessidade de semáforos no trajeto entre a nova trincheira e a Vilarinho. Já o elevado previsto para os carros encurtaria o caminho entre a Vilarinho e a Rua Pedro Pinto, as duas principais da região. (GP)


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