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Estado de Minas

Reservatórios do Sistema Paraopeba podem atingir em três meses regime de escassez

Projeção baseada nos últimos dois anos indica que neste período volume das reservas que abastecem a Grande BH chegaria a 30%. Estiagem severa aumentará pressão sobre o Rio das Velhas, também com vazão em baixa


postado em 21/03/2015 06:00 / atualizado em 21/03/2015 07:14

Marcadores de nível na barragem do Rio Manso dão a dimensão da crise: projeções são preocupantes(foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS)
Marcadores de nível na barragem do Rio Manso dão a dimensão da crise: projeções são preocupantes (foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS)
Os reservatórios do Sistema Paraopeba – o único com capacidade de armazenar água entre os dois grandes mananciais que abastecem a Região Metropolitana de Belo Horizonte – podem atingir em três meses o volume de 30%, considerado ponto crítico de escassez pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH) de Minas Gerais. Um mês mais tarde, as águas da barragem de Serra Azul se esvairiam ao nível zero, restando à Copasa paralisar sua operação ou lançar mão do volume morto – a porção de água que resta abaixo do ponto de captação. Esse cenário calamitoso, que exigiria medidas severas de racionamento, é exatamente o que aponta uma projeção do comportamento das represas entre abril e setembro, no período de estiagem, considerando dados dos últimos dois anos. Formado pelos subsistemas Rio Manso (Brumadinho), Serra Azul (Juatuba) e Vargem das Flores (Contagem/Betim), o Paraopeba fornece quase um terço da água consumida pela Grande BH. Com o fim do verão e início oficial do período seco, no mês que vem, a situação do abastecimento na região tende a se agravar.

Para se ter uma ideia do rigor da seca que está por vir, nos últimos dois anos choveu, em média, 222,5 milímetros na Grande BH nos seis meses de estiagem. A média é 59% inferior às precipitações medidas desde janeiro deste ano pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), com acumulado de 535,8 milímetros até ontem. Nos últimos dois anos a escassez de chuvas foi tamanha que o volume foi praticamente zero entre julho e setembro na região metropolitana. “A operação dos reservatórios prevê uma reserva para atravessar o período seco, mas parece que nos últimos anos se usou o que havia de reserva e agora só restará, após a estação chuvosa, o acumulado nos aquíferos subterrâneos para contribuir com os sistemas. Sem chuvas, fica mais fácil saber por quanto tempo os reservatórios ainda serão alimentados”, avalia o professor de engenharia hidráulica Luiz Rafael Palmier, da Universidade Federal de Minas Gerais.

A previsão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) de seca rigorosa para este ano vem se confirmando. Já neste mês, a tradicional “enchente das goiabas”, popularmente associada ao dia 19 de março, marcando o fim das precipitações e o início do outono, simplesmente não ocorreu. De acordo com as estações automáticas do Inmet, a última chuva considerável na Grande BH foi no dia 12 e concentrou um volume de 44,46 milímetros.

PRESSÃO

O nível do Rio das Velhas, que ao lado do Sistema Paraopeba responde pela maior parte do abastecimento da Grande BH, também vem caindo com a diminuição das chuvas. O manancial entra em situação crítica quando atinge vazão de 28,47 metros cúbicos por segundo (m3/s) por mais de uma semana seguida. Ontem, depois de 12 dias de alternâncias de cheias e secas, o rio que abastece 63% da Grande BH, mas que não mantém reservatórios capazes de acumular água, voltou a apresentar volume baixo, chegando a 28,5 m3/s, no limiar da situação crítica de escassez, segundo os critérios do Conselho Estadual de Recursos Hídricos. O índice leva em conta a chamada Q7, 10, que é o volume mínimo apresentado pelo corpo hídrico durante uma semana, no histórico de uma década.

Com os reservatórios da Grande BH se esvaziando em ritmo acelerado, o especialista em recursos hídricos Rafael Resck alerta para uma grande pressão sobre o Rio das Velhas. “Essa progressão de redução do Sistema Paraopeba na estiagem sobrecarrega o Sistema Rio das Velhas, que recentemente foi ampliado e integrado, mas que, mais uma vez, se encontra no limite. É como uma estrada duplicada, mesmo maior, se continuar a aumentar o número de carros, uma hora a capacidade é atingida”, compara Resck.


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