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Estado de Minas

Proliferação do Aedes aegypti e Aedes albopicutus preocupa moradores em BH

A proliferação de insetos ocorre mais nas regiões próximas a rios, córregos e lagoas da capital


postado em 03/11/2014 06:00 / atualizado em 03/11/2014 07:19

Pedro Ferreira

Lagoa Seca, no Belvedere: chamarizes para pernilongos e outros insetos deixam os moradores em alerta (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Lagoa Seca, no Belvedere: chamarizes para pernilongos e outros insetos deixam os moradores em alerta (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)

O verão é dos mosquitos, e quem mora perto de rios, córregos e lagoas em Belo Horizonte e região metropolitana já começa a sofrer na pele com a infestação de pernilongos e outros insetos, como o chamado mosquito-pólvora, também conhecido como maruim e mosquitinho-do-mangue. E quando se fala em Aedes aegypti e Aedes albopicutus, transmissores da dengue e da febre chikungunya, o que é um incômodo se transforma em pânico e risco. “As altas temperaturas do verão e início do período chuvoso favorecem maior densidade desses vetores voando pela cidade, e o risco é maior”, alerta a gerente de controle de zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde, Silvana Tecles Brandão. Outra ameaça à saúde pública é o mosquito-palha, transmissor da leishmaniose. A preocupação das autoridades é com o combate ao Aedes aegypti e ao Aedes albopicutus. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas, eles estão presentes em 80% dos municípios mineiros.

Em algumas regiões da capital e de Nova Lima, na Grande BH, moradores reclamam que são tantos mosquitos que não é possível mais afastá-los nem com repelentes e inseticidas químicos. Segundo eles, os insetos desenvolvem resistência rapidamente e, quanto mais se usa o spray, mais eles aparecem, principalmente os pernilongos. A impressão é reforçada por especialistas, segundo os quais os produtos para exterminar os insetos têm alta eficácia apenas quando usados contra as larvas.

"É tanto pernilongo que só falta carregarem a gente. Os repelentes estão servindo de xarope para eles", diz Rosalina Reis, do Bairro Xangrilá (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
A comerciante Rosalina Antônia de Oliveira Reis, de 46 anos, mora no Bairro Xangrilá, na Região da Pampulha, e, segundo ela, a proximidade da lagoa contribui para a infestação de mosquitos em casa. “É tanto pernilongo que só falta eles carregararem a gente. Os repelentes estão servindo de xarope para eles. Não fazem mais efeito nenhum”, reclama a comerciante, que sempre fecha portas e janelas de casa ao entardecer, para proteger a mãe, de 81, e os sobrinhos das picadas.

ASSUSTADOS O ventilador tem ajudado também na hora de dormir, segundo ela. “Se deixar, os pernilongos tomam conta da casa e a gente fica do lado de fora”, disse a comerciante, que está preocupada com os mosquitos transmissores da dengue e da febre chikungunya. “Não deixo água acumulada nos pratinhos de planta e sempre coloco areia. Minha mãe não aguentaria a febre chikungunya. Se a dengue já deixa a pessoa quase morta, essa doença é pior ainda”, disse Rosalina.

A cuidadora de idoso Rosângela Falamiel, de 51, mora no Bairro Braúnas, também na Pampulha, e conta que teve dengue há dois anos, o que aumenta a sua preocupação com os mosquitos em casa. “Fiquei vários dias internada no hospital. Estou assustada com tantos pernilongos na minha casa. Eles não podem nem encostar que já fico com medo de pegar dengue”, disse Rosângela, que gasta um spray de inseticida por semana e reclama que não resolve.

A dona de casa Elizete Fernandes, de 50, moradora do Belvedere, Região Centro-Sul da capital, é outra que reclama dos pernilongos. “Antes, não tinha. Agora, eles tomaram conta da minha casa”, disse. O vigia Hudson Spósito, de 29, trabalha na portaria de um condomínio residencial em Nova Lima e reclama do mosquito-pólvora. “Eles sempre aparecem no fim da tarde e à noite. Preciso fechar a janela da guarita para ter sossego. Quanto mais faz calor, mais mosquito tem. Os pernilongos também não dão sossego”, reclama.

PRIORIDADE O jardineiro Alex Ermínio mora e trabalha em um condomínio vizinho. Ele conta que o mosquito-pólvora sempre ataca no fim da tarde e à noite. “Ninguém aguenta mais ficar do lado de fora de casa”, disse. A maior preocupação dos moradores, segundo ele, é com os mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopicutus. “Todas as casas têm bromélias no jardim e elas acumulam água da chuva em sua folhas. A maioria das casas também tem piscina”, disse. Segundo ele, o serviço de zoonose de Nova Lima tem dado prioridade à região.

A enfermeira Kátia Ramos, de 55, é uma das moradores preocupadas com os mosquitos transmissores de doenças. “Moramos numa região com muitas nascentes e vegetação. É normal ter inseto. A minha preocupação é com o mosquito da dengue”, disse. Para evitar a sua reprodução, ela conta que pulveriza suas bromélias com água sanitária e joga água entre as folhas para renovar a que estava acumulada.

Maior incômodo ocorre à noite

O professor do Departamento de Parasitologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Álvaro Eduardo Eiras, que é entomologista, que estuda os insetos sob todos os seus aspectos e relações com o homem, as plantas, os animais e o meio ambiente, mora no segundo andar de um prédio do Bairro Ouro Preto, na Pampulha, e conta que nunca viu uma infestação tão alta de mosquito, nos 15 anos em que está naquela residência. A infestação maior, segundo ele, é dos mosquitos da família Culex, que sãobem diferenciados dos transmissores da dengue e da febre chikungunya. “O mosquito Culex tem hábito noturno. Pica as pessoas de noite”, disse.

O professor explica que os mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopicutus são da família dos Culicídeos e que os dois são transmissores da dengue e das febres amarela e chikungunya. “A diferença entre eles é o hábito. O albopicutus gosta de mata verde, florestas, troncos onde há água acumulada. O aegypti é mais doméstico, gosta de vaso de planta, de água parada no ralo.”

O jardineiro Alex Ermínio, que trabalha em um condomínio no Belvedere, diz que a preocupação da vizinhança é com a dengue e a febre chikungunya (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
O jardineiro Alex Ermínio, que trabalha em um condomínio no Belvedere, diz que a preocupação da vizinhança é com a dengue e a febre chikungunya (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Os mosquitos que estão aparecendo agora em BH se chamam Culex, segundo o professor. “Eles se reproduzem em água parada, com grande quantidade de matéria orgânica. Água fedida e onde nem outros insetos aquáticos e nem peixes conseguem sobreviver”, disse. Nesta época, segundo ele, os córregos estão com pouca água, que fica parada, e os Culex conseguem se reproduzir por não haver nenhum outro organismo competidor com eles, capaz de se alimentar deles. “Se eles colocam 500 ovos ali, 500 mosquitos vão nascer. Se você tiver numa situação normal de equilíbrio ecológico, dos 500 ovos, provavelmente, 10 ou 15 mosquitos iriam sair daquele criadouro”, disse.

ZUMBIDO O mosquito-pólvora, que tem atacado moradores de condomínios fechados da grande BH, é comum na região por causa da água que passa em correnteza pelas pedras, onde esses insetos se alojam. “Tem uma doença que eles transmitem, que é oncocercose, mas que não há registro em Minas.” O período também é propício para a reprodução do pernilongo nas águas paradas dos córregos. “Ele pica durante a noite e faz o zumbido que incomoda o sono. Ao contrário dos Aedes aegypti e albopicutus, que são silenciosos e picam durante o dia”, disse. Outro mosquito comum nas proximidades da Lagoa da Pampulha é o Mansonia. “Ele é bem grande e agressivo. A picada dele dói muito, mas não transmite doença”, explica. Segundo ele, para combater esses mosquitos, é preciso um controle de larvicida biológico, que deve ser jogado na água parada. (PF)

Ameaça cresce com a chuva

Para a gerente de Zoonoses de BH, Silvana Tecles Brandão, a maior ameaça desta época do ano é o Aedes aegypti. “Temos água em abundância, por causa das chuvas. Você não precisa ter um local com água tipo caixa d’água ou vaso de planta. Você começa a ter água da chuva acumulada em diversos recipientes. A água é fundamental para o ovo do gênero Aedes eclodir”, disse. Segundo ela, a alta temperatura do verão encurta esse ciclo de 12 para oito dias, e favorece uma maior densidade de mosquitos na cidade. “O ovo do Aedes depositado em ambiente seco pode aguardar até mais de um ano e meio pela presença de água para eclodir e criar as larvas do mosquito”, alerta.

A vistoria nas casas deve ser a cada oito dias, para não deixar água parada, caixas d’água destampadas e vasos de planta com água no prato, segundo Silvana, o que deve ser feito o ano inteiro. “Não deixar qualquer outro tipo de criadouro, como latas, garrafas e pneus expostos para receber água de chuva”, orienta. Para ela, a prevenção é mais eficaz do que o repelente, que, em duas horas, perde o efeito com o suor. O combate ao mosquito aegypti é constante, de acordo com ele, com técnicos vistoriando domicílios e colocando larvicidas. Quando há indicação técnica, também é usado o “fumacê” para matar o mosquito adulto.

ÁGUA ACUMULADA
O professor de zoologia da UFMG Ângelo Machado não vê solução para a presença dos mosquitos nesta época do ano e defende o uso de cortinados e de ventiladores nas casas. “Com esse calor e a chuva, os mosquitos depositam suas larvas em qualquer poça d’água e, em 10 dias, já chegam à fase adulta. O inseticida tinha que ser colocado no local da larva, pois no mosquito adulto já não faz efeito. Só no caso da dengue, o combate é mais fácil: não deixar água acumulada”, explica.

 O professor esclarece que os mosquitos costumam atacar no período da tarde e recomenda fechar as janelas antes desse horário. (PF)

 

Dicas para se proteger dos insetos

Cortinados nas camas

Spray repelente

Ventilador

Repelente eletrônico

Ar-condicionado
Vela de citronela

Tela antimosquito

Raquete elétrica

Uso de camisas de mangas longas e calças


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