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Estado de Minas ENTRE O TRANSTORNO E A EXPECTATIVA

Estreia de nova linha do BRT/Move na Antônio Carlos é marcada por confusão

Usuários queixam, mas viagens transcorrem no tempo previsto. Teste de fogo do corredor será amanhã


postado em 18/05/2014 06:00 / atualizado em 18/05/2014 12:23

Com estação ainda em obras, passageiros reclamaram da poeira, mas nas pistas viagens foram tranquilas (foto: Marcos Michelin/EM/d.a press) )
Com estação ainda em obras, passageiros reclamaram da poeira, mas nas pistas viagens foram tranquilas (foto: Marcos Michelin/EM/d.a press) )

Irritação pelo atraso dos ônibus, aborrecimento com a intensa poeira na Estação Pampulha, impaciência com a longa fila para pagar a tarifa complementar, incômodo pela falta de bancos e o medo do que poderá ocorrer amanhã, dia de trabalho e escola. Passageiros que embarcaram, na manhã de ontem, no primeiro dia do BRT/Move na Avenida Antônio Carlos com as linhas alimentadoras, experimentaram a passagem pelo purgatório que já havia sido anunciado pela própria BHTrans. “Estou revoltado e não sei como os moradores do meu bairro vão reagir. Se acordo diariamente às 5h15, vou ter que levantar, a partir de agora, uma hora mais cedo”, reclamou o porteiro Adriano Rufino de Araújo, de 35 anos, morador do Jardim Leblon, na Região da Pampulha. A expectativa agora, para ele e milhares de outras pessoas que passam a usar o sistema, é pelo “paraíso” prometido para quando todas as modificações necessárias estiverem implantadas no trecho.

Visivelmente contrariado, Adriano de Araújo contou que ficou cerca de 35 minutos na Estação Pampulha, ainda em obras, entre a chegada e o embarque na linha 50, direta ao Centro. “Peguei o ônibus lotado no meu bairro e depois enfrentei essa perda de tempo. Hoje não estou de serviço, mas segunda-feira será pior, pois ainda tenho que pegar outro coletivo para a Savassi.” Preocupada estava também Poliana Araújo de Oliveira, moradora do Bairro Nova Gameleira e funcionária de uma empresa no Santa Amélia. Ansiosa com o atraso, ela explicou que teria que andar a pé cerca de 20 minutos para chegar ao destino. “Nessa história, perdi mais de 30 minutos.”

Às 10h10, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) e o diretor-presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar, acompanhados de assessores, embarcaram no Move direto para a Estação Pampulha. Foram 26 minutos de viagem, grande parte devido ao trânsito intenso no Centro da cidade. “Ficamos abaixo dos 30 minutos devido ao pequeno congestionamento, mas está excelente. Serão necessários alguns ajustes, como programação de semáforos, treinamento de motoristas e outros”, disse o prefeito, que estava acompanhado também do diretor-presidente da Embarq Brasil, o gaúcho Luis Antonio Lindau, especialista em mobilidade urbana e BRT.

Bem mais cedo, por volta das 8h, já era intenso o movimento na Estação Pampulha, que, devido às obras, estava com o piso de concreto coberto de poeira. Em determinados momentos, era possível ver uma “cortina de pó” subindo e o resultado imediato foi a sujeira também nos ônibus articulados. A podóloga Renata Aparecida Vieira Simões, moradora do Jardim Leblon e funcionária de um salão de beleza em um shopping do Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul, não gostou do que viu. “Está muito sujo aqui, mas por ser o primeiro dia a gente desculpa”, afirmou ela, que teme perder o horário. “Vou ter que sair pelo menos meia hora mais cedo”, adiantou.

Mesmo com as reclamações dos passageiros, a viagem fluiu bem na pista exclusiva da Antônio Carlos, que está sem táxis e sem as linhas de ônibus convencionais que trafegavam por ela. A equipe do Estado de Minas fez, de manhã, a viagem na linha 52 (Estação Pampulha/Lagoinha/Paradora) e gastou 20 minutos, com praticamente o mesmo tempo no retorno. Na linha 50, do Centro à Pampulha, (Direta), a marca foi de 26 minutos.

CORRERIA Um fato curioso, longo nas primeiras horas da manhã, foi o corre-corre dos passageiros, com medo de perder o ônibus – mulheres de salto alto, homens com bola de futebol na mão, pais com crianças e cadeirantes socorridos pelo pessoal do “Posso Ajudar?”, da prefeitura. “Pesquisei durante um mês na internet, a fim de evitar problemas hoje. Mas, mesmo assim, a gente fica meio perdido. Na prática, é tudo diferente”, observou o estudante Luiz Henrique Galvez, de 16 anos, morador do Bairro Jardim Atlântico e estudante de um colégio na Savassi. “Acho que aceleraram as obras devido à Copa do Mundo e não terminaram tudo”, lamentou.

A falta de informações, apesar dos muitos funcionários para esclarecer sobre as mudanças, deixou muitos passageiros perdidos. Ao ver repórteres com o crachá, muitos se aproximavam pedindo indicações sobre os ônibus. Para não perder a viagem, o jeito é seguir o fluxo, disse Ana Paula Gonçalves, moradora do Bairro Copacabana e funcionária de uma empresa de telefonia celular em um shopping do Belvedere. “Hoje é o primeiro dia e posso dizer que não gostei. Além de tudo, está uma sujeira”, avaliou a jovem, tentando manter a blusa do uniforme impecavelmente branca.

O presidente da BHTrans informou que a estrutura deve passar por limpeza, com a ajuda de caminhões-pipa, já que o rompimento de uma adutora nas proximidades impediu a faxina ontem. Motoristas de ônibus também se queixaram de falta de água para beber na estação.

Faixas mistas terão 25 linhas a menos

Ao chegar à Pampulha, o diretor-presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar, informou que oito linhas de ônibus deixaram de trafegar nas pistas mistas (laterais) da Avenida Antônio Carlos, número que subirá para 25. “Depois virão outras e teremos ainda o BRT Metropolitano”, disse. A expectativa das autoridades municipais era de redução de 40% nas viagens, mas o percentual já chegou a 50%. “Na saída, hoje, tivemos problemas na Rua Saturnino de Brito, mas sábado lá é até pior do que durante a semana”, comentou Ramon, adiantando que, na “na virada do mês”, entrará em circulação o BRT/Move na Avenida Pedro I.

Para os dias de jogos da Copa do Mundo no Mineirão, o prefeito Márcio Lacerda informou que serão colocados 400 ônibus à disposição dos torcedores. Percorrendo a Estação Pampulha, ele explicou que o local vai ganhar uma área de lazer, com vista para a lagoa, permitindo a integração com a paisagem. “A pessoa pode vir, tomar umas e outras, e voltar para casa de BRT/Move, sem problemas com a Lei Seca”, brincou.

O especialista Luis Antonio Lindau elogiou o trabalho feito em BH, certo de que houve muitos avanços. “A cidade está entre as melhores do mundo que implantaram o sistema, permitindo rapidez e confiabilidade”, afirmou.

FREQUÊNCIA

De acordo com a BHTrans, o Corredor Antônio Carlos opera com a oferta de sete novas linhas alimentadoras e três linhas troncais. São elas a 50 (Estação Pampulha/Centro direta), a 51 (Estação Pampulha/centro/hospitais) e a 52 (Pampulha/Lagoinha), que também vai operar nas estações de transferência da Antônio Carlos até a Lagoinha, de onde retorna à Pampulha. Cerca de 50 veículos articulados compõem a frota das linhas troncais Move e a estimativa é de que, na primeira fase de implantação, aproximadamente 40 mil pessoas sejam atendidas nos dias úteis. A linha 50 contará com mais de 110 viagens nos dias úteis e intervalos de quatro minutos no horário de pico da manhã. Já a 51 fará quase 90 viagens nos dias úteis, com intervalo de cerca de seis minutos no horário de pico, enquanto a 52 fará 90 viagens em dias úteis em intervalos de cinco minutos no horário de pico.


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