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Estado de Minas

Morte por febre maculosa associada a capivaras é investigada em BH

Enquanto não define empresa que recolherá roedores, PBH investiga se jovem que morreu com a doença a adquiriu de carrapato na orla da lagoa


postado em 20/02/2014 06:00 / atualizado em 20/02/2014 07:18

Cerca de 250 capivaras se proliferam na orla da Lagoa da Pampulha. Últimos exames não detectaram doenças, segundo a prefeitura(foto: CRISTINA HORTA/EM/D.A PRESS 23/1/14 )
Cerca de 250 capivaras se proliferam na orla da Lagoa da Pampulha. Últimos exames não detectaram doenças, segundo a prefeitura (foto: CRISTINA HORTA/EM/D.A PRESS 23/1/14 )

O vice-prefeito e secretário de Meio Ambiente de BH, Délio Malheiros, informou nessa quarta0-feira que a Secretaria de Saúde investiga as circunstâncias da morte por febre maculosa do estudante Samir Assi, de 20 anos. “A confirmação de que ele morreu por febre maculosa já ocorreu, mas não podemos concluir se ele foi contaminado por carrapato na Pampulha. Independentemente disso, estamos trabalhando preventivamente para não deixar nenhum risco para a população”, disse Malheiros. Segundo ele, testes feitos no ano passado nas capivaras que vivem na orla da lagoa deram negativo, o que não é suficiente, no entanto, para descartar que alguma esteja doente.

A morte do jovem causou especulação sobre a possibilidade de que ele tenha sido contaminado por carrapato durante passeio no entorno da Lagoa da Pampulha. Parentes suspeitam que as capivaras sejam hospedeiras do carrapato-estrela infectado com a bactéria. O infectologista e professor da UFMG Unaí Tupinambás não descarta a possibilidade e afirma que as autoridades devem averiguar. Segundo ele, esses parasitas são mais comuns em cavalos e se alimentam de sangue do hospedeiro, que também são encontrados em capivaras e cães.

“Não se pode afirmar que foi no entorno da lagoa, pois o carrapato-estrela é comum em todo o estado. Ao contrário da dengue, que tem como vetor o mosquito Aedes aegypti, a febre maculosa, também hemorrágica, não gera risco de epidemia. São casos pontuais”, explica.

O engenheiro Farid Assi, pai de Samir, sugere que as autoridades já tinham conhecimento do risco de contaminação. “O parque ecológico chegou a ser fechado, em julho do ano passado. Mas reabriram, pensando apenas em não causar estado de alerta, de olho na Copa do Mundo. A gente tem certeza de que eles sabiam e ocultaram a situação de risco.” Farid também criticou a falta de estrutura pública para o rápido diagnóstico da doença. “Outras pessoas que morreram com o mesmo sintoma aqui na região, acabaram por ter diagnóstico de dengue por febre hemorrágica. Acho que falta melhor investigação dos casos”.
Em julho de 2013, o gerente de tecnologia da informação Alysson Ribeiro de Miranda, de 42, morreu depois de um passeio com a família no parque ecológico da Pampulha. Ele chegou a ser tratado com diagnóstico de dengue e não houve confirmação oficial que se tratava de maculosa, apesar do registro da doença no atestado de óbito.

Samir apresentou os primeiros sintomas da maculosa em 31 de janeiro, 10 dias depois de um passeio de bicicleta pela orla. Os parentes contam que, em 10 de janeiro, ele chegou de viagem de Berlim (Alemanha), e não viajou para outras cidades mineiras. Somente em 4 de fevereiro, depois de não confirmado o diagnóstico de dengue, Samir passou a ser tratado sob suspeita de febre maculosa, na UTI de um hospital particular. A família teve dificuldade para conseguir a medicação para o tratamento no estado, que só foi encontrada em Manaus (AM). No dia 8, o jovem morreu e a confirmação da doença só veio no dia 14, em exame feito pela Fundação Ezequiel Dias (Funed) .

Captura e transferência


Três empresas comunicaram à prefeitura ontem interesse em capturar e transportar as capivaras que vivem na orla da lagoa. Os animais serão levados para uma fazenda no interior do estado, ainda sob análise, depois de passar por exames e pelo teste de carrapatos para detectar doenças como febre maculosa. A coleta do material para análise também será de responsabilidade da empresa e a escolhida será a que apresentar o menor custo para executar o plano de manejo, que consiste em recolher, examinar e entregar os animais na nova área. A prefeitura estima que aproximadamente 250 capivaras vivam na orla e que ,para retirar todas, deve gastar entre R$ 250 e R$ 350 mil. O prazo para apresentação de propostas acaba terça-feira.

O custo, no entanto, pode variar, já que serão levadas para a nova área apenas as que estiverem saudáveis. “A empresa vencedora deverá ser especializada no trato com capivaras e contratar um veterinário clínico para fazer os testes. Se existir capivara com carrapatos infectados por febre maculosa, ela será sacrificada”, informou  Délio Malheiros. A doença é transmitida por parasitas que se alojam em animais de grande porte.

O prazo para que a retirada das capivaras, entretanto, não foi definido. O certo é que elas devem começar a ser levadas para o interior em março. “Tudo vai depender da contratação da empresa, da aprovação do plano de manejo pela Ibama e do tempo que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) levará para concluir os exames.

Ao mesmo tempo em que a prefeitura faz a seleção da empresa – que será contratada em regime de urgência e sem licitação –, ela decide qual das três fazendas públicas será o novo hábitat dos animais. Segundo Malheiros, duas propriedades são na Grande BH e uma no Norte de Minas. Assim que o contrato estiver pronto, será apresentado ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público. Vencida a etapa de transporte das capivaras, a prefeitura fará licitação para o serviço de manutenção na orla da lagoa, com o objetivo de evitar que animais migrem para a região e voltem a se reproduzir.


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