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Estado de Minas

BH entra na rota dos esportes de aventura

Praticar esportes no entorno da capital, em contato com a natureza, é atividade que tem cada vez mais adeptos. Para essas pessoas, é a receita ideal para fugir do estresse


postado em 31/12/2013 00:12 / atualizado em 31/12/2013 07:12

Jefferson da Fonseca Coutinho


Nas águas, no céu e na terra, moradores de Belo Horizonte deixam a rotina de trabalho, estudo e estresse do asfalto para se aventurar na natureza. Motor na paisagem é o silêncio da força física, o assovio dos ventos e o giro do pedal, que move os raios dos fins de semana. Luxo e privilégio são a companhia dos pássaros, dos peixes e das capivaras. Em trilhas de Nova Lima e Brumadinho, na Região Metropolitana, adultos e crianças, pais e filhos, abrem mão dos mimos tecnológicos e dos games de ponta para se integrar aos lagos, às árvores e às montanhas, com responsabilidade e segurança. O efeito de combinação natural é o sorriso fácil, o olho no olho e as amizades verdadeiras que as redes sociais virtuais desconhecem.

(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

O homem peixe

Desde os 13 anos, Fernando Pena busca refúgio nas montanhas e nas cachoeiras do entorno de Belo Horizonte. Da Região Sul da Serra do Espinhaço, da famosa Serra do Cipó, para as trilhas do exterior foi um passeio. Aos 37 anos, o arquiteto e empresário nascido e criado na capital mineira coleciona aventuras: rapel, escalada, mountain bike e stand up paddel.
A última modalidade ainda é novidade para muitos mineiros. O stand up paddel, também conhecido como SUP, vem do surf das ilhas havaianas e há seis meses se transformou no esporte favorito de Fernando. Tanto que o arquiteto já aplicou a irmã, Ana, de 40, na nova aventura.


“O mais bacana é que a prancha faz a gente trabalhar todas as partes do corpo e ainda tem o contato com a natureza”, diz Fernando. O atleta amador tem remado ao menos uma vez por semana, nos fins de semana.
A paixão pela combinação prancha e água fez o arquiteto até deixar de lado a bicicleta. “Gosto muito da água. Tenho uma relação muito particular com a água. É o que me faz dá conta do estresse da vida na cidade…”, ressalta.
Para o arquiteto, o melhor a fazer é “quebrar a rotina e fugir dos padrões” para evitar as urgências do mundo pasteurizado. “É fazer o que gosta, o que nos dá prazer”. Longe do mar, Fernando tem remado na Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima.
O remador lamenta a falta de uma lagoa despoluída em Belo Horizonte. “É uma pena o estado da Lagoa da Pampulha. Aqui é maravilhoso, mas não é publico. Todo mundo devia ter acesso e ter condições de praticar um esporte assim na natureza”, defende.

Saiba mais
Stand up paddle (SUP)


O SUP é um esporte completo, que trabalha a parte inferior e superior do corpo. É importante alongar-se antes da prática para evitar dissabores. Movimentos errados podem forçar a coluna e causar dores e lesões ao praticante. A escolha da prancha é a principal dica para quem está começando. Você precisa de uma pessoa para te orientar, porque a prancha muda conforme o seu peso. A flutuação tem que ser exata para o seu corpo. O remo é outra escolha fundamental. Deve ser usado oito polegadas acima da cabeça. O remo é como se fosse um braço, uma extensão do seu corpo.

 

(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
O céu é o limite

Os pássaros inspiraram os homens ao longo de toda a história. No alto, no azul mais profundo ao alcance da imaginação, a poesia e o sonho de vencer as distâncias. Entre as montanhas de Minas, um ninho de liberdade. Há um condomínio só de voadores ao pé da Serra da Moeda, em Brumadinho, topo do mundo nas cercanias de BH. É onde pais e filhos, iniciados, passam os dias contando as nuvens.


Depois de voar com o pai, Edwar Freitas Souza, piloto de voo livre e de helicóptero, Diogo Toledo Souza, pequeno ainda, aos 6, não quis saber de outra vida. Hoje, aos 29, o moço ganhou asas para avançar com os próprios sonhos. Tornou-se piloto profissional. No tempo vago de céu azul, Diogo passa horas no comando de seu parapente no Clube de Voo Livre de Belo Horizonte.
“No início, no primeiro ano depois da formatura é um vício. Você não consegue ficar sem voar. Você já acorda olhando para o céu”, sorri Diogo, pronto para ganhar altura, no alto da montanha, a 1.450 metros. Equipamentos conferidos, parapente aberto, é hora de voar.


O momento em que os pés do piloto deixam de tocar o gramado é cinematográfico. “Bom voo!” ecoa uma, duas, três vezes, na voz de força dos instrutores e frequentadores do lugar. O homem voa.
Diogo sobe sem demora. “Ele voa muito alto”, comenta um colega praticante. Como o remador Fernando Pena, do stand up paddle, Diogo não gosta da rotina de estresse dos grandes centros. “Aqui é tão perto de Belo Horizonte… as pessoas têm vindo até aqui para sair da rotina da cidade”, considera.


No clube, atualmente, já são cerca de 200 pilotos de parapente e 10 de asa delta. “Quando era pequeno, e vinha com o meu pai, não era tanta gente como hoje. As pessoas estão descobrindo o voo livre”, avalia.


Para Marcelo Rubbioli, de 49, dos quais 27 dedicados ao voo livre, trata-se de um “esporte de juízo”. “Não existe o voo duvidoso. Só voamos com 100% de certeza. De segurança. Os dois ambientes precisam estar favoráveis. O externo e o interno”, pontua.


E continua, ensinando: “Além das condições do espaço aberto, nos precisamos estar bem com nós mesmos”. Para o piloto e instrutor, voar é uma sintonia absoluta com a natureza. “É o sonho, é o medo… é lindo!”, suspira.

As asas dos homens
O Parapente, também conhecido como Paraglider nos países de língua inglesa, surgiu inicialmente na Europa e era praticado por alpinistas que após escalar as montanhas utilizavam o equipamento para descê-las voando. No início os parapentes ainda eram experimentais e o seu uso se resumia a pequenos vôos. Atualmente, crescem as fábricas em todo o mundo e os projetos têm evoluído, proporcionando vôos mais longos e seguros.

(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

A família de pedal

Está em Palhano, distrito de Brumadinho, a 60 quilômetros de Belo Horizonte, o recanto de sossego de Sérgio Campos, de 38, de Letícia Marinho, de 33, e do pequeno Pedro Marinho, de 8.


É na região de muito verde, terra vermelha e água limpa, que Letícia e Pedro, mãe e filho, pedalam na companhia de Sérgio para dar conta da vida corrida da capital. Para a executiva, a “casinha”, refúgio em Palhano é um ponto de equilibrio, que renova todas as forças. “Deixo os saltos altos para a cidade. Aqui, tenho os pés vermelhos, descalços…”, sorri.


Letícia gosta de estar entre os micos e tucanos da região. Diz se alegrar em poder tirar o filho, ao menos um pouco, da vida estreita de apartamento e video games. Além da programação saudável no pedal pelas trilhas naturais do povoado, a família pratica ainda caminhadas ecológicas.


Sérgio, sempre que pode e o céu permite, também é piloto no topo do mundo. O empresário, desde 1996, é um dos 200 voadores da Serra da Moeda. Ele vê na bike e na caminhada a vantagem da prática em grupo, embora, vez por outra, pratique voos duplos com Letícia.


“Viver, conviver com a paz mais próximo das montanhas faz com que a gente tenha uma relação diferente com o cotidiano”, considera Sérgio. Letícia credita à relação de intimidade com a natureza a força necessária para lidar com o ano de muitos desafios e responsabilidades profissionais.


No domingo de chuva fina e clarão nos céus em sol de promessa, devidamente equipados, Sérgio, Letícia e Pedro cortam no pedal trecho dos mais belos de Palhano, terra encantada de homens-pássaros.



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