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Estado de Minas LISTA DE ATAQUES PODE SUBIR

Maníaco do Dona Clara pode ter atacado também em Contagem

Identificado por 27 mulheres, acusado de abusos sexuais é suspeito de ter agido também em Contagem contra criança. Falha de comunicação tinha levado à soltura do motoqueiro


postado em 31/10/2013 06:00 / atualizado em 31/10/2013 06:45

O auxiliar administrativo Marcel Barbosa admitiu os crimes e atribuiu os desvios a violência sexual que teria sofrido na infância(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
O auxiliar administrativo Marcel Barbosa admitiu os crimes e atribuiu os desvios a violência sexual que teria sofrido na infância (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

 

Depois de um desencontro que por pouco não comprometeu a captura do auxiliar administrativo Marcel Barbosa dos Santos, 30, o acusado de atacar dezenas de garotas na Região da Pampulha foi preso ontem em caráter temporário. Identificado por 27 mulheres, ele pode estar envolvido ainda no abuso de uma criança de 11 anos, em Contagem. Sem flagrante, Marcel havia sido conduzido à delegacia pela Polícia Militar na noite de terça-feira, mas a dificuldade de expedição do mandado de prisão na madrugada contribuiu para sua soltura, ainda que ele tenha assumido os crimes.

Durante o início da manhã, os militares transportaram Marcel ao Instituto Médico Legal (IML), onde faria exame de corpo de delito. Depois de horas aguardando no IML, a Justiça finalmente expediu a autorização para a prisão. De lá ele foi levado para a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) e depois encaminhado ao Ceresp Gameleira.

Segundo a delegada Iara França Camargos, da Depca, há uma semana uma adolescente procurou a polícia para prestar queixa contra o auxiliar administrativo. Como havia outras queixas com o mesmo perfil, no dia seguinte a delegacia instaurou inquérito para apurar a conduta do homem que usava uma motocicleta, dominava as vítimas e passava a mão nas partes íntimas delas. Os ataques eram pela manhã ou no horário de almoço, normalmente no deslocamento de casa para a escola. Depois, ele debochava das garotas e fugia. Uma das vítimas apontou duas letras e dois números da placa da moto, o que possibilitou o cruzamento de informações e a localização do suspeito.

De acordo com as investigações da Polícia Civil, 10 meninas já foram identificadas no inquérito como alvos, porém o número pode ser bem maior. Na noite de terça-feira, sob a custódia da Polícia Militar, 27 mulheres reconheceram Marcel como o responsável pelas ações. “A prisão temporária dura cinco dias e nesse intervalo vamos trabalhar para colher mais evidências da participação dele nos crimes e identificar mais vítimas, para garantir uma prisão por mais tempo”, diz a delegada. Ainda segundo a chefe das investigações, as garotas que depuseram têm entre 12 e 17 anos.

Um dos responsáveis pelas duas conduções de Marcel, o capitão Waldemiro Gomes de Almeida, comandante da Companhia Tático Móvel do 13º Batalhão, explica que com a repercussão do caso na mídia outras vítimas apareceram e o acusado passou a ser suspeito também de um ataque em Contagem, na Grande BH, cidade onde ele trabalha em uma empresa de equipamentos de segurança. “Uma criança de 11 anos foi obrigada a fazer sexo oral e está tomando um coquetel contra doenças sexualmente transmissíveis”, detalha o militar.

O acusado assumiu que agia na Região da Pampulha passando a mão em crianças e adolescentes desde setembro, mas negou envolvimento no caso de Contagem. “Tudo o que aconteceu foi um surto que tive. Não violentei ninguém, me perdoem”, disse, chorando bastante. Ele alegou ter sofrido abusos sexuais praticados por um primo na infância, o que teria motivado os crimes contra as crianças e as adolescentes. Ontem, o capitão Waldemiro encontrou Marcel na casa da namorada, no Bairro Aeroporto, Região da Pampulha. Quando foi conduzido ao IML, populares revoltados gritaram insultos. “Nós o tiramos dali até por conta da possibilidade de ataque pela população”, afirma o capitão.

Erro no plantão

Questionadas sobre o que motivou a liberação de Marcel Barbosa, tanto a PM quanto a PC negaram condução incorreta no processo. “Desde que foi levado na noite de terça-feira para a delegacia de plantão, o delegado fez a requisição do mandado de prisão, que foi aceito hoje (ontem)”, diz a delegada Iara Camargos. “Localizamos o suspeito e o levamos até a delegacia”, diz o capitão Waldemiro Almeida. A assessoria de comunicação do Fórum Lafayette atribuiu a demora na expedição do mandado de prisão a um problema de comunicação com a juíza de plantão entre as 4h30 e as 5h30 de ontem. Da meia-noite até o início da manhã, o atendimento é feito pelo telefone, mas a escrivã não conseguiu localizar a magistrada plantonista, que só retornou a ligação às 7h, quando o suspeito já havia sido liberado.


Calado em casa, irônico ao atacar
Extremamente introvertido em casa, mas um homem de vida social normal, com trabalho fixo e namorada de relação duradoura. Nas ruas, uma figura com ideia fixa em atacar garotas, tocar suas partes íntimas e debochar delas. O auxiliar administrativo Marcel Barbosa dos Santos, de 30 anos, natural de São Paulo, morador de Belo Horizonte há 17, despertava poucas suspeitas. Na capital mineira, ele viveu sempre no Bairro Jaraguá, na Região da Pampulha, em imóvel cedido pelos patrões da mãe, empregada doméstica, também moradora no local.

Os crimes assumidos por Marcel contra crianças e adolescentes surpreenderam quem o conhecia. “Moro aqui há 20 anos e nunca ninguém desconfiou de nada”, diz um vizinho, que prefere não se identificar. “Ele jogava futebol com o pai de uma de suas vítimas”, revela o capitão Waldemiro Gomes de Almeida, comandante da Companhia Tático Móvel do 13º Batalhão da Polícia Militar, um dos responsáveis pela captura do acusado. O modo de agir era sempre o mesmo. Usando um capacete, ele pilotava uma moto preta da marca Dafra e abordava menores no início da manhã ou no horário do almoço. “Dava tapas nas nádegas, em alguns casos até derrubando, e depois passava a mão pelo corpo das vítimas”, detalha o militar.

“Agia como uma pessoa dissimulada e não se preocupava em evitar as que estavam acompanhadas. Não roubava. Passava a mão, debochava e ia embora”, diz a delegada Iara França Camargos, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) e chefe das investigações. Durante todo o período que esteve sob a custódia das polícias Civil e Militar, Marcel tinha a companhia da namorada, com quem se relaciona há 10 anos, e de um cunhado, que não quiseram falar com a imprensa.


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