Moradores que ocupam um terreno no Bairro Tupã, em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, voltaram às ruas na manhã desta terça-feira para mais um dia de protestos contra a reintegração de posse da área que fica às margens da represa Várzea das Flores. Os manifestantes fecharam a LMG-808, que liga Contagem a Esmeraldas. Na BR-040, outro grupo de cerca de 400 pessoas faz manifestação contra ação de despejo da ocupação William Rosa, em área perto da Ceasa Minas. Na rodovia federal, o grupo queimou pneus no km 526 impendido a passagem de veículos nos dois sentidos. Longos engarrafamentos se formaram nas duas estradas.
Desde o início da manhã, centenas de pessoas se posicionaram em uma via de acesso à LMG-808, mas policiais militares montaram um cordão para evitar que eles fechassem a rodovia. Por sua vez, a partir do trecho, os moradores da ocupação posicionaram ônibus no local para tentar impedir a entrada da polícia no terreno.
A prefeitura prometeu receber uma comissão de moradores caso a rodovia seja liberada, mas eles estão irredutíveis. No momento, somente viaturas, ambulâncias ou pessoas com alguma justificativa para não permanecer no bloqueio, como problemas de saúde, são autorizadas pelos manifestantes a passar pela LMG-808.
Em nota, a prefeitura de Contagem informou que o secretário de Defesa Social da cidade, José Rodrigues, está no local acompanhado do procurador Paulo César da Silva e do assessor da Procuradoria, Luciano Novaes. Uma equipe da Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação também acompanha a reintegração de posse, fazendo uma triagem das famílias que não tem para onde ir.
Para motoristas que seguem em direção a Sete Lagoas, a PRF pede que evitem a BR-040 e passem pelo caminho alternativo nas MGs 10 e 424, entrando por Pedro Leopoldo. Por volta de 10h, os moradores fecharam também a Avenida Severino Balesteros, que liga Contagem a Pampulha, em BH. Com um toco de madeira eles impediram que motoristas, tentando fazer o retorno para fugir do congestionamento da BR-040, fizessem o retorno na região. Também montaram a barricadas com pneus em chamas.
Na segunda-feira, cerca de 500 manifestantes fecharam a LMG-808 por quase cinco horas pela manhã. Eles montaram barricadas com pedaços de madeira, pneus, e colocaram fogo para impedir o cumprimento do mandado de reintegração de posse em favor da prefeitura de Contagem. A área de proteção ambiental foi invadida em 2 de novembro de 2012 por 300 famílias.
De acordo com representantes da comunidade, a área estava ociosa. “Já temos mais de 100 casas construídas. Muitos estão inscritos no Programa Minha Casa, Minha Vida e até agora nada”, reclamou o vendedor ambulante Geraldo Gusmão.
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Contagem, o impacto da ocupação é perigoso por causa do desmatamento e das queimadas, que põem em risco o abastecimento da lagoa, que fornece água a 400 mil famílias da Grande BH. A prefeitura informou que abriu cadastro das famílias para um programa de moradia, mas apenas 80 aderiram.
Em nota, a CeasaMinas informou que o terreno da empresa foi invadido em 12 de outubro e que todas as medidas legais cabíveis vem sendo tomadas. Além do pedido de reintegração de posse, encaminhado à Justiça, a Ceasa aguarda a decisão de uma ação de interdito proibitório, para proteger as áreas ainda não ocupadas de possíveis invasões. A área invadida faz parte do projeto de expansão do entreposto, que prevê a implantação de novos empreendimentos comerciais.
(Com informações de Pedro Ferreira)