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Estado de Minas

Multidão sai às ruas de BH e exige um basta ao crack

Mais de 20 mil saem às ruas de BH para chamar atenção da sociedade sobre a prevenção do uso de entorpecentes. País responde por 20% do consumo mundial de cocaína e da pedra


postado em 11/08/2013 06:00 / atualizado em 11/08/2013 07:21

A segunda edição da Marcha contra o crack e outras drogas, com a população percorrendo as ruas da Região Centro-Sul da capital, envolveu 99 escolas públicas e 51 entidades da Grande BH(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A.Press)
A segunda edição da Marcha contra o crack e outras drogas, com a população percorrendo as ruas da Região Centro-Sul da capital, envolveu 99 escolas públicas e 51 entidades da Grande BH (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A.Press)


Movidos por histórias familiares, de vizinhos, de amigos e pela importância do tema, mais de 20 mil pessoas saíram às ruas da Região Centro-Sul de Belo Horizonte ontem para dar um basta ao uso de drogas. Eram alunos, representantes de comunidades terapêuticas, deputados, educadores e funcionários públicos apostando numa grande caminhada para chamar atenção da sociedade sobre a prevenção do uso de entorpecentes. A segunda edição da Marcha contra o crack e outras drogas marca um momento de luta geral da sociedade para mudar o atual cenário da dependência química no Brasil, país que representa 20% do consumo mundial de cocaína e crack.

O movimento reuniu 99 escolas estaduais e municipais, além de 51 entidades da Grande BH. A concentração começou às 8h30, na porta do Colégio Estadual Central, no Bairro de Lourdes. De lá, eles seguiram até a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), no Bairro Santo Agostinho, onde houve apresentações musicais de grupos escolares, do projeto Juventude e Polícia (da Polícia Militar) e do cantor mineiro Cris do Morro. O artista mora na comunidade do Morro do Papagaio, na Região Centro-Sul da capital e, desde criança, trabalha para transformar a realidade de violência local em algo positivo por meio de projetos sociais.

Entre a multidão, a maioria era de jovens. Foram escolhidos por serem agentes de mudança e, por muitas vezes, o maior alvo do poder destruidor da droga. “Com ações dessa natureza, podemos disseminar a informações sobre as consequências do uso do crack entre a sociedade e principalmente entre a juventude”, disse o subsecretário de Políticas Sobre Drogas, Cloves Benevides. Ele lembrou ainda que a prevenção é uma estratégia muito mais eficiente de enfrentamento ao crack e mais importante que os investimentos em repressão. “Além disso, evitar o uso reduz os custos com tratamentos da dependência”, disse.

O presidente da Assembleia, Dinis Pinheiro, caminhou com os jovens e lembrou sobre o papel de cada um. “Temos que fazer um esforço coletivo e nos mobilizar para o enfrentamento da dependência das drogas e em especial do crack, que é um mal que mata, destrói a pessoa e todo o ambiente familiar”, destacou. A marcha foi organizada pela Assembleia, com apoio dos governos estadual e municipal, além de instituições sociais. O deputado lembrou ainda que a marcha é um dos desdobramentos que a Casa tem na luta pela preservação da vida e pelo combate às drogas.

Com usuários de drogas na família e também entre o grupo de amigos, a estudante Eliene Castro Alves, de 17 anos, não quis ficar de braços cruzados. Se juntou aos colegas da Escola Estadual Alberto Delpino, na Região do Barreiro, e seguiu em caminhada. “Acho importante estar aqui porque tenho pessoas próximas a mim que são usuárias e quero servir de exemplo”, disse. A moça, que vestia a camisa da marcha, fez questão de deixar claro seu desejo de mudança. “Muitos não sabem as consequências que as drogas podem trazer, como o vício ou até a morte. A vida pode ter um caminho melhor.”

A experiência do enfrentamento no ambiente escolar e na família ainda é um desafio. Isso porque, de acordo com os alunos, o acesso ao álcool, maconha, cocaína e até mesmo ao crack é muito fácil. “Em qualquer lugar há quem ofereça. Cabe a cada um de nós fazer a escolha por qual caminho seguir”, alertou o estudante João Vitor Amaral, de 18, aluno da Escola Estadual Professor Caetano de Azevedo, no Barro Preto. A colega Jennifer Vinti Araújo, de 17, defende que não dá para ficar indiferente à luta que tantas famílias vivem com seus filhos viciados. “O caminho de volta do vício não é impossível, mas muito difícil. Toda a sociedade precisa se mobilizar.” Aluno da Escola Estadual Henrique Diniz, no Santa Efigência, Davi Garcia, de 17 anos, também se mobilizou: “O acesso à droga é algo muito fácil em qualquer lugar. Na escola, na rua, no encontro com os amigo, há sempre quem oferece. Mas cada um tem uma tendência. Para mim, ela não é atraente. Por isso estou aqui, envolvido nessa luta contra as drogas”

Esse legado de mudança também foi defendido pela secretária adjunta da Secretaria de Estado da Educação, Sueli Pires. “Temos que sair para as ruas e dar esse recado de que a droga não vai nos vencer. É um recado para toda a sociedade, para as redes do tráfico, para todos”. Ela destacou que as gestões escolares estão alertas para a entrada de todas as formas de violência em suas unidades, com a instalação de câmeras, acompanhamento dos alunos e das famílias. “Temos problemas que atrapalham a vida do aluno, mas ao mesmo tempo convivemos com histórias belíssimas de superação”, ressaltou.

Interior

A 1ª Marcha contra o crack e outras drogas ocorreu no ano passado e reuniu cerca de 15 mil pessoas. Nesta edição, o movimento se estendeu para o interior de Minas, com caminhadas em Lavras (Sul), Muriaé (Zona da Mata), Timóteo e Ipatinga, no Vale do Aço.

SAIBA MAIS

Crack
O crack é uma droga derivada da cocaína. Apresenta-se na forma de pedra, semelhante a pedaços de rapadura. A pedra de crack é fumada em cachimbos e, quando aquecido, passa do estado sólido ao de vapor. Enquanto queima, produz o ruído que lhe deu o nome. Após absorvido pelos pulmões, a droga chega ao cérebro em aproximadamente 10 segundos. O usuário então sente intensa euforia, excitação, hiperatividade, insônia, perda da sensação de cansaço e falta de apetite. Quando o efeito passa, depois de cinco ou 10 minutos, as sensações começam a ser tão desagradáveis que o indivíduo passa a repetir o uso, cada vez com maior intensidade. Desta forma, a vontade de usar o crack novamente torna-se incontrolável e o uso passa a ser compulsivo.

PODER DEVASTADOR

1 milhão
Brasileiros que são dependentes da cocaína

45%
Percentual de jovens que experimentaram cocaína pela primeira vez antes dos 18 anos

2,3 milhões
Jovens que experimentaram no último ano

48%
Percentual de usuários desenvolveram dependência

1%
Percentual de usuários que  procuraram tratamento
Fonte: Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG)


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