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Estado de Minas

Polícia ainda não tem pistas de bandidos que fizeram reféns na UFMG

Bandido mantém 14 pessoas confinadas na UFMG, enquanto cúmplices arrombavam caixa. Vítimas, a maioria estudantes, só saíram depois que vigia pulou a janela e abriu a porta


postado em 20/05/2013 06:30 / atualizado em 20/05/2013 07:15

(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Uma manhã que deveria ser de estudos e trabalho se transformou em pesadelo para um grupo de 14 alunos e funcionários da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em Belo Horizonte. Nove estudantes que participariam de um workshop sobre inovações tecnológicas na Faculdade de Engenharia, no câmpus da Pampulha, um professor, dois porteiros e dois vigilantes foram feitos reféns por quatro criminosos que invadiram o prédio para arrombar um caixa eletrônico do Banco do Brasil.

Levados em momentos diferentes para uma sala de aula, os reféns ficaram confinados por períodos que variaram entre 30 minutos e duas horas. Eles conseguiram escapar depois que um dos porteiros notou que os bandidos haviam ido embora e saiu pela janela para abrir a porta da sala. Só então a polícia foi acionada. Os criminosos usaram maçarico para arrombar o caixa eletrônico e fugiram com o dinheiro – a quantia não foi divulgada. Até o fechamento desta edição, ninguém havia sido preso.


A ação dos bandidos começou por volta das 7h10. Segundo um dos porteiros feitos reféns, que pediu para não ser identificado, dois jovens bem-vestidos entraram pela portaria principal pedindo informações. “Quando vi que um deles empurrou o vigia, me levantei. O outro então anunciou o assalto e me mostrou a arma na cintura”, contou. “Surgiram mais dois homens, com uniformes de porteiros, que tomaram o meu lugar e do colega na outra portaria”, completou. No momento em que os bandidos resolveram trancá-los, o porteiro teve a ideia de sugerir uma sala de aula no andar superior pela possibilidade de sair pela janela. “Eu disse que tinha apenas a chave de uma sala e que as outras estavam trancadas. Lembrei que lá não tem grade”, afirmou.

Surpresa
Segundo o porteiro, os bandidos foram surpreendidos com a chegada de alunos a partir das 8h. “Eles não estavam preparados para fazer tantos reféns, não tinham material para amarrar todos. O ladrão que se passava por porteiro então ia levando as pessoas para a sala e mandava que elas tirassem a bateria de seus telefones”, relatou. O funcionário, que escondeu seu aparelho de celular, conta que viveu momentos de tensão. “Pensava a todo momento no risco de alguém me ligar”, acrescentou.

A estudante de engenharia I., de 21 anos, foi uma das últimas levadas para a sala de aula. “Achei estranho quando o porteiro disse que a atividade seria em outra sala, mas ele insistiu e, quando chegamos perto da sala em que estavam os reféns, nos empurrou”. Depois de quase duas horas, o porteiro que estava com o celular ligado percebeu que os bandidos se preparavam para sair e viu uma oportunidade de usar o telefone para chamar a polícia. “Imaginei que tinham arrombado o caixa. Não tive dúvidas quando um deles saiu e trancou a porta por fora”, afirmou.

A atitude do porteiro dividiu os reféns. Uma parte deles não queria que o funcionário saísse, por temer que os bandidos voltassem e ficassem agressivos. Ainda assim, o porteiro saiu pela janela, foi até uma outra sala e conseguiu abrir o cômodo onde os demais estavam. O funcionário negou que pretendesse praticar ato de heroísmo. “Fiz meu trabalho. Temi pela minha vida, mas tinha que fazer algo”, justificou. Depois do susto, parte dos alunos decidiu continuar as atividades.

Quando a Polícia Militar chegou os criminosos já tinham escapado. A imagem de três dos quatro bandidos foi capturada por câmeras de segurança. O delegado Guilherme Santos reconheceu que ainda não há pistas dos suspeitos.

 

Entrevista
I.
estudante de engenhariada ufmg que foi feita refém

“Tive medo de que nos matassem”
Uma das organizadoras do workshop na Faculdade de Engenharia, a estudante I., de 21 anos, conta que estranhou quando soube que a atividade ocorreria em outra sala, mas acabou empurrada para o cômodo com uma amiga. Ela disse ter ficado com medo de que os ladrões, que estavam com rostos descobertos, matassem os reféns para não serem reconhecidos.

Como foi o assalto?
Eu e uma amiga fomos as últimas a ser feitas reféns. Não desconfiei de nada, até que o porteiro insistiu para que fôssemos para uma sala diferente daquela em que estava prevista a atividade. Só diante da sala em que estavam várias pessoas assentadas quietas é que ele nos empurrou e disse que era um assalto à faculdade e não às pessoas.

Você temeu pelo pior?
A princípio, fiquei muito assustada, mesmo sem ter visto qualquer arma com os dois homens. Sentei e comecei a imaginar que tudo poderia terminar de uma forma trágica. Os ladrões não escondiam seus rostos. Eles estavam sem capuz. Tive medo de que nos matassem para evitar que fossem reconhecidos no futuro.

No que vocês pensavam?
Nunca esperava uma coisa dessas na faculdade. O criminoso disse para ficarmos tranquilos, tomarmos um café, mas ninguém aceitou a sugestão. Quando saímos, encontramos as baterias dos celulares numa mesa e, só depois de passado o susto, resolvemos que o melhor seria seguir com a atividade.

Universidade quer instalar mais câmeras


O assalto de ontem no prédio da Faculdade de Engenharia foi o primeiro ataque do ano no câmpus da UFMG, na Pampulha, segundo a universidade. No fim do ano passado, porém, houve quatro ocorrências que deixaram a instituição em alerta. Segundo a pró-reitora-adjunta de administração da UFMG, Elaine Ferreira, o câmpus passa por melhorias nas condições de segurança.

“Concluímos a licitação das câmeras e estamos em um processo de implantação desses equipamentos, inclusive com melhoria nas imagens. Vamos colocar também câmeras speed dome, que são aquelas semelhantes às do Olho Vivo”, afirmou. Segundo Elaine, aos domingos as entradas são controladas e apenas o portão de acesso na Avenida Antônio Carlos fica aberto. Ela disse que em todo o câmpus há mais de 600 porteiros em horários distintos e mais de 300 vigilantes, além de câmeras em toda a área da universidade. Só no prédio da escola de engenharia são 264 equipamentos.

Em outubro do ano passado, ladrões roubaram R$ 3 mil de um homem que havia feito saque em posto bancário no câmpus. No mesmo dia, um porteiro morreu depois de trocar tiros com um segurança da universidade. Dois dias depois, um funcionário da Faculdade de Odontologia foi amarrado por criminosos que arrombaram um terminal bancário. No mês seguinte, ladrões invadiram o prédio da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) e roubaram a lanchonete da unidade. Cerca de R$ 2 mil em dinheiro foram levados e uma das balconistas foi agredida.


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