A Prefeitura de BH insiste em dizer que, depois de férias coletivas das empreiteiras e de empecilhos ligados à transferência de recursos pela Caixa Econômica Federal e à Lei de Responsabilidade Fiscal, as obras do BRT foram retomadas e seguem a todo vapor. Mas a afirmativa contradiz a realidade das ruas. Na Avenida Pedro I, não há sinais de obras na altura do Bairro São João Batista, em Venda Nova, onde alguns proprietários nem saíram ainda dos imóveis. Na Antônio Carlos, na Pampulha, pode-se contar nos dedos os operários trabalhando. A situação é diferente na Avenida Cristiano Machado, mas, apesar dos homens e máquinas na pista, a quantidade de serviço a ser feito parece desafiar o tempo disponível.
Quem passa pela Avenida Cristiano Machado vê operários e máquinas, mas também muito trabalho pela frente. “De dezembro para cá, nada foi feito”, afirma Levi Farias, de 43, funcionário de um posto de gasolina que bate ponto na avenida todo dia, há 10 anos. A Secretaria Municipal de Obras informa que houve redução no número de funcionários, porque empreiteiras concederam férias coletivas no fim do ano, mas argumenta que o ritmo foi retomado. A pasta fixa o término das obras para o fim do ano, seis meses depois do prazo estipulado inicialmente. No caso do BRT da Cristiano Machado, a prefeitura chegou a informar que a conclusão ocorreria em março de 2012. Os investimentos nos dois corredores são de R$ 769,1 milhões.
No início do mês, o prefeito Marcio Lacerda havia declarado que a prefeitura tentava negociar com a Caixa o repasse de recursos das desapropriações da Pedro II, cujo projeto do BRT foi cancelado. “Somente agora estamos conseguindo essa transferência”, disse. Ele alegou também problemas relacionados à Lei de Responsabilidade Fiscal, além de obstáculos no subsolo, como redes de alta tensão e uma adutora da Copasa que não constavam no projeto e foram descobertas durante as obras.