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Estado de Minas

Praga ameaça mais árvores na Avenida Bernardo Monteiro

Técnicos de órgãos do meio ambiente se reúnem hoje por causa da suspeita de que doença que atacou 43 exemplares na avenida se espalhou e atingiu outras espécies na capital


postado em 19/02/2013 06:00 / atualizado em 19/02/2013 07:16

Corte feito nas velhas plantas na conhecida avenida de BH para combater mal é contestado por grupo de defensores da espécie introduzida na cidade em sua fundação(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Corte feito nas velhas plantas na conhecida avenida de BH para combater mal é contestado por grupo de defensores da espécie introduzida na cidade em sua fundação (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

 

Árvores da conhecida cidade jardim, que conta com cerca de 350 mil exemplares, podem estar sob a ameaça da mesma praga que levou à mutilação dos 43 fícus – a maioria delas centenárias e com 15 metros de envergadura – da Avenida Bernardo Monteiro, no Bairro Santa Efigênia, na Região Leste de Belo Horizonte. Representantes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) e da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil vão se reunir hoje por causa da suspeita de que outros exemplares tenham sido infestados pela mosca-branca-dos-fícus (Singhiella sp.). Enquanto isso, defensores dos “gigantes verdes” da tradicional via se mobilizam nas redes sociais e marcam encontro hoje na tentativa de evitar que o problema seja resolvido na base do serrote, como ocorreu na Avenida Afonso Pena, em 1963.

Antigo corredor verde de copas frondosas, a paisagem da avenida está completamente transformada. Na quinta-feira passada, a Regional Centro-Sul concluiu a poda radical dos fícus (Ficus microcarpa L.), tomados pela mosca-branca-dos-fícus e pelo um fungo Lasiodiplodia theobromae, que se dissemina normalmente nas fezes do inseto. A desconfiança de que outras plantas possam estar infectadas pelo mesmo mal foi levantada pelo fato de o inseto se disseminar facilmente. E, apesar de levar fícus no nome, ela pode atingir várias espécies. “É um inseto bem generalista e de difícil controle”, alerta o doutorando em entomologia da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Renan Batista Queiroz.

O especialista explica que a praga pode ser levada pelo vento e migrar de outras plantas. “A mosca pode voar, a ninfa (larva) ser levada pelo ar ou então a propagação pode ocorrer pelo próprio material vegetal”, afirma Queiroz. Outro complicador é a rapidez da reprodução do inseto. “O ciclo de vida dura 21 dias e cada fêmea pode pôr de 150 a 200 ovos, ou seja, o poder de aumentar a população é muito grande”, ressalta o especialista. Por ser um inseto sugador, a ação da mosca seca o tronco da árvore e faz com que as folhas caiam. Também pode injetar vírus e outras toxinas na planta, acelerando o processo de morte do espécime. Em 2011, houve o registro de centenas de fícus mortos em São Paulo por causa da mesma praga.

Há 20 anos ocorre na Bernardo Monteiro a Feira de Plantas e Flores Naturais, com a venda de espécies ornamentais, flores, arbustos, e uma das suposições é de que a praga tenha vindo de algum exemplar da mostra. “É muito comum a propagação dessa forma”, afirma Queiroz. A SMMA estuda alternativas de tratamento com o Ministério da Agricultura, mas não descarta a necessidade de corte. Esta semana, o fabricante de um inseticida vem a BH. De acordo com o laudo técnico da prefeitura, uma das dificuldades é a aplicação de químicos em área urbana e hospitalar. Outro obstáculo apontado é de encontrar fungicida eficiente para matar o Lasiodiplodia theobromae. Mas para Queiroz, entretanto, a poda radical pode ajudar.

Mobilização

Diante da indefinição, moradores da capital se articulam para preservar os exemplares e marcam encontro, hoje, às, 18h, na Bernardo Monteiro. Até o fim do dia, havia mais de 1 mil pessoas confirmadas no evento na rede social Facebook. É inevitável a lembrança com a derrubada de 350 fícus na Avenida Afonso Pena, há 50 anos, por causa da proliferação dos insetos tripes, conhecidos como “amintinhas”, numa referência ao ex-prefeito de BH Amintas de Barros (1959–1963). “Convocamos biólogos e agrônomos. Não queremos que nenhuma árvore caia sobre nós, mas não podemos deixar repetir a história da Afonso Pena”, afirma um dos organizadores, o médico Fernando Siqueira, de 34 anos. A PBH prevê concluir em dezembro inventário com a situação das cerca de 350 mil árvores da cidade.


Liminar veta licitação

A Justiça concedeu liminar que suspende a licitação das tradicionais feiras da Avenida Bernardo Monteiro, no Bairro Santa Efigênia, na Região Leste de Belo Horizonte. O desembargador Oliveira Firmo, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, contesta requisitos do edital. A decisão atende pedido dos feirantes, que foram pegos de surpresa com a abertura do processo pela prefeitura em 27 de dezembro. No dia 15, terminou o prazo para interessados se candidatarem a uma vaga nas feiras de Flores e Plantas Naturais, às sextas-feiras, Antiguidades e Tom Jobim (alimentos), aos sábados.

De acordo com o desembargador, o edital vai na contramão do princípio da ampla concorrência, ao restringir o local de moradia do candidato à região metropolitana da capital. Contesta também que o documento ignore a reserva de vagas a pessoas portadoras de necessidades especiais. O edital fica suspenso até a votação do mérito da ação. Procurada, a prefeitura não informou se vai recorrer da decisão e tentar derrubar a liminar.

A ação foi articulada por integrantes da Feira das Flores, há 20 anos na Bernardo Monteiro e com quase quatro décadas de história. Os feirantes são contrários principalmente à seleção pelo critério do maior preço. “Não há qualquer preferência para quem já é expositor trabalha com o ramo e domina a técnica. Quem tem dinheiro é que terá o direito de participar”, afirma a representante jurídica de 32 dos 48 feirantes, Adriana Guimarães. O lance inicial previsto é de R$ 157,08 por metro quadrado.

Na feira desde o início, Vânia Amaral Lopes, de 55, teria que pagar R$ 1.884 por ano pelos 12 metros quadrados que ocupa na feira, o dobro dos cerca de R$ 900 desembolsados hoje pela licença. “Sentimo-nos sem chão com esse edital. Nem me candidatei a uma vaga porque não tenho condições de dar esse lance. Não consigo tirar esse valor para pagar somente a licença”, afirma.


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