Dois homens em atitude suspeita rondam seu estabelecimento comercial pelo quarto dia seguido. Você corre para o telefone em busca de socorro, mas o serviço 190 não funiona. O que fazer? Luan Bueno Alves, de 22 anos, decidiu procurar ajuda a pé. Ele é morador da cidade de Campo do Meio, no Sul de Minas, onde há quase dois meses os moradores vivem com medo e impossibilitados de acionar a Polícia Militar (PM) pelo modo mais prático e conhecido.
Luan trabalha no comércio do avô, o Mercado do Zé Manquinho, no Centro da cidade que tem pouco mais de 11 mil habitantes. Ele garante que desde o início de dezembro o serviço não funciona e questiona a responsabilidade pela manutenção do número. "Me disseram que a prefeitura estava resolvendo o problema das contas atrasadas [responsáveis pela suspensão do atendimento], achava que esse papel era da própria Polícia Militar", opinou.
De fato, segundo confirmou o prefeito de Campo do Meio, Robson Sá (PSDB), Luan está certo e a responsabilidade pelo pagamento da dívida, que não teve o valor informado, seria da PM. No entanto, como medida paliativa, a administração municipal decidiu assumir o número para encerrar o problema. "Como é um serviço relevante, já acertamos a transferência da conta para o noso CNPJ e estamos aguardando apenas a operadora instalar uma nova linha", garantiu Sá. A previsão é que o 190 volte ao normal até a próxima terça-feira.
O em.com.br tentou contato por telefone com o comando da 18ª Companhia Independente da Polícia Militar de Araxá, apontado como responsável pelo serviço na cidade, mas até a publicação desta reportagem não havia conseguido êxito.
Depois de não conseguir usar o 190, Luan Bueno Alves utilizou uma comunidade do município no Facebook para denunciar a insegurança e aproveitou para fazer reclamações sobre a abordagem dos policiais aos suspeitos que rondavam o mercado de seu avô. O jovem conta que, após a mensagem na rede social, foi procurado pelos militares para que deletasse a postagem. "Chegaram com as luzes ligadas no mercado e intimidando, falando em voz alta que era para deletar, senão iria complicar para eles", contou.
Pelo próprio Facebook, um dos militares que participou da abordagem se defendeu. "Não fui eu que atendi a solicitação no dia do fato. Mas fui um dos militares que foi até o estabelecimento, e não escondo de ninguém", revelou A.A.F. "Tomamos a decisão de ir ao mercado, por preocupação, para realizar uma "visita tranquilizadora" ao Sr. Zé Manquinho. Inclusive passamos telefone particular (o que não é nossa obrigação) para acionamento da PM caso necessitasse", detalhou na rede social.
