
As inundações na Avenida Francisco Sá, no Bairro Prado, Região Oeste de Belo Horizonte, que levam pânico a comerciantes e moradores a cada temporal, vão continuar pelo menos por mais três anos, até o final de 2015. Para resolver o problema, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) já elaborou um projeto que prevê a ampliação das redes de drenagem pluvial existentes, mas as obras só devem ser iniciadas no fim de 2014 e durar um ano. Enquanto isso, os comerciantes fazem o que podem para amenizar os prejuízos. Alguns já desistiram de lutar contra as chuvas e planejam mudar de endereço.
A Sudecap informou nessa terça-feira reconhecer que as redes de drenagem pluvial da Francisco Sá são insuficientes para evitar alagamentos. A bacia do Córrego dos Pintos, que corre sob a avenida, não comporta mais o volume gerado a cada chuva forte. As principais razões do problema, segundo o órgão municipal, são o “excesso de impermeabilização do solo e alterações climáticas que provocam chuvas de grande intensidade”. Por isso, o projeto prevê a implantação de um canal paralelo ao córrego, para dividir a vazão à água recebida.
O sistema de microdrenagem, composto por tubulações que desembocam em córregos e canais, também deve ser ampliado no trecho da via entre a Avenida Amazonas e o a Rua Erê, e ao longo de toda a Rua Jaceguai, prolongamento da Francisco Sá. Assim, haveria mais saídas para a água captada pelas bocas de lobo. O projeto básico da Sudecap prevê custo de R$ 14,5 milhões, a serem financiados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. No entanto, o órgão municipal ainda precisa elaborar os projetos executivos, que teriam de ser aprovados pela união, antes de ser aberto o processo de licitação para contratação das empresas responsáveis pelas obras.
Depois que as intervenções na Francisco Sá forem concluídas, o que, se não houver atrasos, ocorrerá apenas no final de 2015, a probabilidade de inundações na avenida se reduzirá cinco vezes, segundo a Sudecap. Atualmente, o trecho mais crítico começa no cruzamento com a Rua André Cavalcante e, após a avenida acabar na Rua Erê, a inundação prossegue pela Rua Jaceguai até o cruzamento com a Rua Ituiutaba. Durante um temporal, esse trecho, que se estende por 1,5 quilômetro, costuma se transformar em arriscada corredeira. O nível do “rio” sobe em poucos minutos e, muitas vezes, a forte correnteza sai arrastando carros e motos.
Para não terem suas lojas invadidas pela água, alguns comerciantes instalaram na entrada de seus estabelecimentos uma espécie de comporta de metal. Em uma distribuidora de madeira localizada na esquina da avenida com a Rua Platina, as cinco entradas para galpões foram reforçadas por comportas. “Cada uma custou uns R$ 3 mil”, diz o gerente da distribuidora, Henrique Ribeiro. Quando foram instaladas, há cerca de 10 anos, elas mediam 70 centímetros de altura. No início de 2012, ganharam mais 70 centímetros. “A cada ano, o volume de água é maior. Em novembro do ano passado, a água chegou a passar por cima”, observa Ribeiro.
O gerente da distribuidora perdeu a conta dos prejuízos causados pelas chuvas. “Já perdemos muita coisa: chapas de madeira, componentes metálicos para móveis, muito material de escritório, estantes, mostruários. No período chuvoso entre 2011 e 2012, antes de aumentarmos a altura das comportas, perdemos o equivalente a R$ 30 mil”, estima. Apesar dos reforços, o estabelecimento deve mudar de endereço em breve. “As chuvas são o principal motivo”, informa Ribeiro.
Gerente de um ateliê de decoração, Sônia Ferreira diz que gostaria de levar a empresa para outro lugar: “Meu lucro está escoando todo pela Francisco Sá afora”.