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Estado de Minas

Pedestres desafiam o perigo nos corredores de tráfego de BH e região

População se expõe cada vez mais aos riscos de atropelamento nos principais corredores de tráfego, o que contribuiu para a capital bater este ano o recorde de internações hospitalares


postado em 06/12/2012 00:12 / atualizado em 06/12/2012 07:35

Mateus Parreiras

(foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
(foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)

O desespero bateu forte na auxiliar administrativa Patrícia Caroline Souza Gomes, de 21 anos, quando se viu isolada entre as duas pistas do Anel Rodoviário de BH, com as sobrinhas de 22 e 16 anos. O deslocamento brusco de ar dos caminhões quase as derrubava. As buzinas repentinas de carretas carregadas e velozes, nos dois sentidos, davam sustos seguidos no grupo. Elas se viram presas em plena mureta de divisão de sentidos da rodovia que tentaram atravessar correndo, no Bairro Goiânia, Região Nordeste de BH. Isso, a 400 metros de uma passarela. Quando conseguiram sair, os sinais da experiência eram nítidos: mãos ainda trêmulas, pele empalidecida e voz engasgada. “Nunca mais faço isso (atravessar fora da passarela). Cada buzinada parecia que o caminhão ia pegar a gente”, suspirou.

A experiência vivida pela jovem ilustra o aumento da exposição dos pedestres a riscos nas vias belo-horizontinas. Segundo dados do Sistema Único de Saúde (SUS) os pedestres foram, ao lado dos motociclistas, o segmento de trânsito que mais aumentou em internações entre janeiro e setembro. É um crescimento inédito, visto que os motociclistas vinham se destacando negativamente nos acidentes de trânsito nos últimos anos. Entre janeiro e setembro, em comparação com o ano passado, pilotos de moto e pedestres frequentaram 14% mais os hospitais do SUS. O aumento foi de 863 internações para 981, no caso de quem se deslocava a pé, e de 2.035 para 2.323, entre motociclistas (veja o quadro).

NO MEIO DA PISTA No Anel Rodoviário é fácil constatar como pedestres e condutores de motos se expõem mais aos perigos, seja por culpa deles próprios ou da imprudência dos outros. A passarela da Vila Bernadete, Região do Barreiro, não consegue evitar acidentes. Ao contrário, os relatos de atropelamentos entre pedestres e motociclistas é comum entre seus usuários, já que o motoqueiros usam a estrutura que atravessa o Anel Rodoviário, para fazer retorno. “Meu irmão foi atropelado por uma moto em cima da passarela. Esfolou o braço todo e o cara nem parou para ajudar. Aqui as pessoas com pressa ou sem confiar na passarela atravessam no meio da rodovia mesmo. É um perigo”, considera a auxiliar de serviços gerais Dalva Maria Santos de Almeida, de 46 anos.

De mãos dadas com o casal de filhos, de 12 e de 14 anos, ela teve de se desviar de uma das duas motos que circulavam ontem na travessia de pedestres. A 300 metros do aparato, duas pessoas se arriscaram a atravessar correndo a via, para não perder o ônibus que se aproximava do ponto, do outro lado do pavimento.

O coordenador geral do Núcleo de Transportes da UFMG (Nucletrans), Ronaldo Guimarães Gouvêa, diz que, apesar do crescimento de internações de motociclistas e de pedestres ter sido num mesmo patamar, os dois são explicados por fenômenos diferentes. “A cidade não está preparada para as motocilcetas, que são um elemento novo no tráfego. Nossas vias, radares, semáforos e até as separações de pistas foram preparadas para carros. Por isso o aumento agressivo de motos emplacadas gera conflito e circula com impunidade, elevando o perigo de acidentes”, afirma.

DESRESPEITO
No caso dos pedestres, o problema é de desrespeito, avalia Gouvêa. “O pedestre aqui (em BH) é desrespeitado. Quando não atravessa na faixa é porque não acredita que esteja seguro nela. As pessoas acham efetivamente que os carros têm prioridade e isso deve ser mudado”, indica o especialista. Outros fatores apontados para explicar o aumento de internações de pedestres seriam a redução das áreas de travessia e da sinalização em vias que enfrentam obras de infraestrutura para as copas do Mundo e das Confederações.

Outro local de grande perigo é o Complexo da Lagoinha, onde a grande concentração de viciados em crack em vias não preparadas para nenhum tipo de pedestre são ingrediente a mais para acidentes. “Aquele local era para ser um vazio, para que não passassem pedestres, quanto mais usuários de drogas”, afirma Gouvêa.


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