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Estado de Minas

Moradores entram em confronto com a PM após morte de jovem no Aglomerado da Serra

Um ônibus acabou incendiado pelos moradores e um cinegrafista ficou ferido ao ser atingido por uma tiro de bala de borracha


postado em 26/11/2012 17:17 / atualizado em 26/11/2012 20:39

(foto: Leandro Couri / EM / D.A Press)
(foto: Leandro Couri / EM / D.A Press)

Moradores do Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, voltaram a enfrentar a Polícia Militar (PM) após mais um assassinato no local. Os militares foram responsabilizados pela morte de um jovem de 24 anos na tarde desta segunda-feira. Um ônibus foi incendiado e um cinegrafista acabou atingido por um tiro de bala de borracha. Um inquérito policial foi aberto pela corregedoria da PM para apurar os fatos. Os policiais envolvidos na ocorrência foram detidos.

Confira galeria de fotos do confronto no Serra


A versão da Polícia Militar é que desde a manhã desta segunda-feira, os militares receberam uma denúncia via o 181 dizendo que homens armados estariam andando pela Avenida Mangabeira da Serra com Rua da Água. Uma viatura passou pelo local durante a tarde e deparou com os suspeitos. Houve troca de tiros e o jovem foi atingido na cabeça.

Houve troca de tiros entre PM e moradores do local(foto: Leandro Couri / EM / D.A Press)
Houve troca de tiros entre PM e moradores do local (foto: Leandro Couri / EM / D.A Press)
Já os moradores afirmam que os militares invadiram o aglomerado atirando, à procura de homens que haviam praticado uma saidinha de banco no Bairro Santa Efigênia e fugido para a região. A versão não foi confirmada pela corporação.

Algumas pessoas informaram que os policiais entraram atirando e acertaram Helenilson Eustáquio da Silva Souza, que morreu na hora. “Mataram covardemente um rapaz que nunca foi preso. Ele não estava armado e chegou a colocar a mão na cabeça antes de ser morto”, disse um morador.

A mãe do jovem, Zelita da Silva, 61 anos, lamentou a morte do filho. Segundo ela, Helenilson, que era usuário de drogas, foi “covardemente morto”. Os familiares também informaram que ele trabalhou o dia inteiro como auxiliar de pedreiro. No fim da tarde, voltou para casa e tomou um banho. Logo depois saiu para a rua.

A população ficou revoltada com o assassinato. Algumas pessoas atearam fogo em um ônibus e atacaram a PM. A Rua da Água, que dá acesso ao beco onde aconteceu o homicídio, foi fechada. Durante o cerco, moradores jogaram pedras e rojões contra os militares, que revidaram com tiros de borracha. Um cinegrafista da Rede Bandeirantes acabou atingido na perna por um dos disparos.

Corpo retirado do local

Após a morte do jovem, uma enfermeira que passava pelo local, verificou o pulso da vítima e detectou a morte de Helenilson. Pouco depois, os militares levaram o corpo para o Hospital João XXIII. De acordo com a PM, o corpo foi removido, pois a vítima apresentou espasmos e mexia.

Essa versão foi contestada pelo irmão do jovem, o jardineiro Wagner da Silva, de 26 anos. “Vi meu irmão morto, se tivesse vivo eu mesmo levava para o Pronto Socorro. Muito menos teria deixado a polícia colocar jornal em cima dele. O que eles fizeram foi descaracterizar a cena do crime”, disse.

A PM informou que um inquérito foi aberto para apurar o caso. Duas testemunhas que flagraram a ação dos militares já forma identificadas e são monitoradas. Elas devem ser ouvidas durante esta semana sobre o caso.

Conflito antigo

Em fevereiro do ano passado, o Aglomerado da Serra também foi palco de conflitos entre a população e a PM. Dois homens - Jeferson Coelho da Silva, de 17 anos, e seu tio e enfermeiro, Renilson Veriano da Silva, de 39 - foram assassinados por militares do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam). Dois policiais - Jonas David Rosa e Jason Ferreira Paschoalinho - vão a júri popular pelo duplo assassinato.

Na ocasião, os moradores também queimaram ônibus e entraram em confronto com os policiais. Isso porque, após o crime, os militares envolvidos na ocorrência mudaram a versões dos fatos e criaram uma nova situação para justificar o duplo homicídio. Porém, durante as investigações, ficou provado que as vítimas foram assassinadas à queima roupa por tiro de fuzil.

Após os assassinatos, os moradores afirmam que foi feito um acordo para que a Rotam não entrasse mais ao Aglomerado. Mas, nesta segunda-feira, os policiais do grupamento estavam presentes no local, o que também casou revolta.

(Com informações de Landercy Hemerson)


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