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Estado de Minas

Famílias de vítimas de acidente no Centro de BH pedem justiça

Tragédia pôs fim à vida de duas jovens mulheres, ambas chamadas Joelma e mães de duas meninas cada


postado em 26/09/2012 06:00 / atualizado em 26/09/2012 06:39

 

Familiares e amigos velaram e enterraram ontem corpo de Joelma da Silva no Cemitério da Saudade(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Familiares e amigos velaram e enterraram ontem corpo de Joelma da Silva no Cemitério da Saudade (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

Duas meninas, de 3 e 6 anos, deram nessa terça-feira o último adeus à mãe, a auxiliar de cozinha Joelma da Silva, de 25 anos, antes que o corpo fosse enterrado, às 16h30, no Cemitério da Saudade, no Bairro Saudade, Região Leste de Belo Horizonte. Sem entender direito o que estava ocorrendo, as meninas acompanharam o velório de Joelma, morta no asfalto da Rua São Paulo, no Centro, na tarde de segunda-feira, depois de ser esmagada por um furgão desgovernado que desceu a ladeira da Rua dos Goitacazes. Enquanto o corpo era velado no centro comunitário da Vila Acaba Mundo, na Região Centro-Sul de BH, outra família chorava morte de outra Joelma, a Rodrigues Gonzaga, de 19, de madrugada no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII.

No mesmo instante em que as histórias das duas Joelma se cruzavam, a sobrevivente Cassilene Pereira Lima, de 24, a terceira mulher atingida na faixa de pedestres, voltava para casa com uma fratura no braço esquerdo e dois cortes no rosto. “Escapei por milagre. Foi um susto imenso. Gritava pela cunhada e pela amiga, mas não tinha respostas. No hospital recebi a triste notícia da morte das duas”, contou a moça. As três haviam deixado o trabalho no Restaurante Bom Dia, no Mercado Novo, onde trabalhavam, para ir ao Shopping Cidade comprar um CD infantil.

Depois de atingir as mulheres, o veículo conduzido por Waldemar de Moura Silva, de 27, bateu em um caminhão, que tombou, numa motocicleta e num Palio. Além do motorista e das duas mulheres, três pessoas foram hospitalizadas: o motorista do caminhão, Bruno César Marçal Rodrigues, de 33, o ajudante dele, Márcio da Conceição Henrique, de 25, e o amigo de Waldemar, que estava no furgão, Rafael Gomes de Andrade, de 29. Todos tiveram alta na manhã de ontem.

A notícia da morte da filha Joelma da Silva chegou à mãe dela, a estoquista Tânia da Silva, minutos após da tragédia. Foi dada por telefone pelo patrão da auxiliar. “A Tânia estava no trabalho, no Sopping Patio Savassi, e não acreditou que fosse verdade. Mas aí ele disse que não brincava com coisa séria”, contou a tia da moça, Marizete de Oliveira Brito, de 44.

Joelma foi apontada pela família como uma mulher batalhadora. “Ficou viúva há dois anos e criava as duas filhas com muita garra. Trabalhava há seis meses no restaurante. Estava feliz e tinha planos para ampliar a casa”, contou a prima Natanaele Iascara, de 21.

Indignação

O barracão de cinco cômodos e uma varanda no segundo andar do imóvel de número 48 do Beco dos Desenganos, na Vila Acaba Mundo, era dividido pela família de Joelma e pelo irmão, Alex de Brito, de 27, e a cunhada, Cassilene Pereira Lima. “Fico feliz de voltar viva para casa, mas estou arrasada com a morte da Joelma”, contou a mulher, que ao ser atingida pela van bateu com o rosto em outro veículo. “Ainda estou sentindo muita dor”, disse. Agora órfãs de pai e mãe, as duas crianças devem viver com o avô, que vai pedir a guarda das meninas.

Cassilene não sabe se terá forças para ir ao enterro da cunhada Joelma, hoje à tarde, no Cemitério da Saudade. A moça que praticava esportes e tinha muita alegria de viver, como conta o pai, o porteiro José Maria Gonzaga, de 49 anos, não conseguiu sobreviver ao choque com o furgão. “Acompanhamos a evolução do estado de saúde dela durante toda a noite e a madrugada. Era madrugada quando o médico veio nos dar a notícia da morte”, lembra o pai, enquanto liberava o corpo da filha no Instituto Médico Legal.

José Maria estava acompanhado da doméstica Margarete Vicentina, de 40, sogra de Joelma. “Meu filho está inconsolado. Tinha planos de se casar com ela. Não está acreditando que tudo isso ocorreu”, disse referindo-se a Guilherme de Oliveira, de 18, que namorava a jovem há dois anos e quatro meses.

Ainda em meio à dor da perda das duas mulheres, familiares pedem justiça. “Queremos saber se havia ou não irregularidades com os veículos envolvidos e se eles estavam ou não em boas condições de uso”, questiona Margarete. O sentimento é o mesmo do jardineiro Alex de Brito, marido de Cassilene. “Duas crianças ficaram órfãs. E agora? Alguém vai pagar por isso?”, disse, indignado.


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