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Estado de Minas

Projeto alerta visitantes sobre o perigo de alimentar quatis do Parque das Mangabeiras

População oferece pipocas e doces para os animais, mas eles podem morder e até transmitir doenças como a raiva


postado em 03/09/2012 06:39 / atualizado em 03/09/2012 07:25

Grupos saem do Parque das Mangabeiras para comer restos de lixo jogado na Rua Mangabeira da Serra (foto: (Marcos Michelin/EM/D.A Press- 10/5/11))
Grupos saem do Parque das Mangabeiras para comer restos de lixo jogado na Rua Mangabeira da Serra (foto: (Marcos Michelin/EM/D.A Press- 10/5/11))
 

Alvo de constantes preocupações e reclamações de ambientalistas e moradores do Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul, os quatis voltaram a ser tema para conscientização da população belo-horizontina. Ontem, no Parque das Mangabeiras, local com maior concentração desses animais por quilômetro quadrado na América do Sul, o evento Festa do Quati levou informações aos visitantes sobre os riscos de alimentar esses seres, que, por comerem resto de comidas deixados por quem visita o parque, estão prejudicando o equilíbrio ambiental do local, colocando outras espécies em risco de extinção, além de colocarem em perigo a saúde da população.

Com apoio do Oi Futuro e parceria com a Fundação de Parques Municipais da capital, o evento faz parte das atividades do projeto Preservação– Promovendo a Preservação da Biodiversidade do Parque das Mangabeiras, criado pelo Projeto Quatis, vinculado ao Laboratório de Ecologia de Mamíferos do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade da Federal de Minas Gerais (UFMG), que atua na área verde desde 2007. “Embora a população desses animais seja abundante, com 52 indivíduos por quilômetro quadrado, são poucas as informações a respeito deles”, comenta a coordenadora do Projeto Preservação, Nadja Simbera. Segundo ela, já foram feitos muitos trabalhos do grupo para conhecer a quantidade e hábitos desses bichos.

Em 2011, por exemplo, um estudo de mestrado da UFMG mostrou que os quatis estavam deixando de lado as dietas exemplares, à base de insetos, frutos e pequenos vertebrados, para comer salgadinhos, enlatados, macarrão, pipoca e tantos outros alimentos oferecidos por quem visita o parque. “Com isso, eles passaram a deixar seus habitats para irem em busca de guloseimas. Assim, ao vasculharem as lixeiras, mordem as pessoas e trazem risco de doenças, como a raiva. Isso pode causar um impacto ambiental. Ao se alimentarem de frutos, por exemplo, eles cumprem o ciclo e um papel ecológico para o meio ambiente. Algumas sementes germinam depois que passam pelo intestino e estômago desses animais”, exemplifica Nadja.

Em 2010, a população estimada desses bichos na área verde era de 187 animais. “Em toda a América do Sul, o parque é o local onde há mais quatis por metro quadrado. São 52, sendo que o ideal seriam 10. Como há muitos e uma grande oferta de alimentos, acaba havendo um desequilíbrio na natureza”, alerta. Essas e outras informações foram repassadas aos visitantes, ontem, no Parque das Mangabeiras. “A nossa intenção é conscientizar. É um problema que tem ocorrido também no Parque Nacional do Caparaó, na Zona da Mata”, conta Nadja, que aposta na conscientização para mudar esse cenário.

Pelo menos para a dentista Claudiane Campos, com esse tipo de projeto a realidade dos quatis tem mudado. “Antes os víamos sempre vasculhando as lixeiras, a qualquer hora do dia. Agora não os vemos mais. Isso se deve ao trabalho de educação ambiental que vem sendo feito”, comenta. Seu filho, Davi, de 5 anos, aprendeu ontem, no jogo de tabuleiro, sobre a vida dos quatis e entendeu por que não se pode dar pipocas ou qualquer outro alimento a eles. “O jogo faz com que as crianças aprendam sobre como conservar e fazer bem aos bichos. É o sucesso da festa, porque elas querem ganhar a disputa e tentam sempre prestar atenção nas informações para não errarem. Dessa forma, vão se conscientizando”, afirmou a monitora Sara Clemente. O pequeno Arthur Soares, de 5 anos, aprendeu a gostar dos quatis ao fazer origami do bicho. “Gosto dos animais e não podemos alimentá-los com o que gostamos”, ensina.


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