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Estado de Minas

Segurança privada aproveita para lucrar com crimes na Savassi

Donos de lojas arrombadas na são assediados a todo o momento por empresas de vigilância particular. Mesmo com operação da PM, eles não ficaram tranquilos


postado em 24/05/2012 06:00 / atualizado em 24/05/2012 06:41

Dono da Livraria Quixote, na Rua Fernandes Tourinho, manda colocar chapas de aço para reforçar segurança da loja, arrombada na madrugada de domingo(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Dono da Livraria Quixote, na Rua Fernandes Tourinho, manda colocar chapas de aço para reforçar segurança da loja, arrombada na madrugada de domingo (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)

Os lojistas que tiveram seus estabelecimentos arrombados nas últimas semanas na Savassi, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, já estão sendo assediados por empresas de segurança privada, que oferecem serviços de vigilância eletrônica, principalmente. Mesmo após operação da Polícia Militar, que apreendeu 14 adolescentes, duas crianças e um adulto que invadiram um casarão abandonado na Rua Rio Grande do Norte, os empresários não estão tranquilos e reforçam as lojas com alarmes e chapas de aço nas portas. Para os comerciantes, os crimes eram praticados por moradores de rua e usuários de drogas que ocupavam o imóvel.

"Recebi mais de seis propostas nos últimos três dias. Toda hora passa um representante de uma empresa na minha loja", conta José Tarcísio de Oliveira Santos, de 50. Ele é dono da Planet Ball, localizada na Rua Fernandes Tourinho, onde dez vizinhos já foram vítimas de arrombamento. Na tentativa de evitar prejuízos, José Tarcísio paga anualmente R$ 1,6 mil de seguro contra roubo. “Além disso, tenho alarme que dispara na minha casa. Passo de madrugada pela Savassi e não vejo um policial na rua”, disse. Para ele, a revitalização da Praça da Savassi somente serviu para aumentar suas despesas. “O dono da loja quer reajustar o aluguel em 160% por causa da reforma da praça”, disse.

O empresário Alencar Perdigão, dono da Livraria Quixote, uma das lojas arrombadas na Fernandes Tourinho, na madrugada de domingo, conta que o alarme não disparou e que a empresa de vigilância contratada não o avisou do crime. “Fiquei sabendo pela PM, às 16h de domingo”, disse. Ontem, Alencar decidiu instalar uma chapa de aço em frente à porta para dificultar a ação dos ladrões. A vitrine quebrada ainda não tinha sido substituída e, enquanto isso, ele contratou um vigilante para trabalhar à noite.

Vendedor da loja Urby, Carlos Oliveira, de 24, conta que diariamente tem recebido até três visitas de representantes de empresas de segurança privada. “Só uma empresa chegou a nos procurar duas vezes na terça-feira, mostrando o plano deles”, disse. A instalação de alarmes custa em média R$ 800 e a mensalidade pelo serviço prestado, R$ 200. “Falam que em caso de arrombamento o alarme dispara na empresa deles e uma equipe é mandada à loja para averiguar”, conta Carlos.

Incômodo

Maria Aparecida Gouthier, de 62, é dona de uma loja de roupas infantis e já se sente incomodada com o assédio das empresas de segurança. “Estão vindo demais. Um em cima do outro. Ontem (terça-feira) vieram três da mesma empresa, um de manhã e dois à tarde”, disse a comerciante. Ela pretende instalar alarme, mas vai dar preferência para a empresa de um amigo da filha. “Está tendo roubo demais nos últimos tempos”, disse Maria Aparecida. “Vamos ter que contratar segurança de qualquer jeito. Se for uma pessoa para ficar à noite tem que ser em comum acordo com as outras lojas da rua”, acrescentou.

Para a vendedora Leila Ramos, de 25, da loja London Man, as empresas de segurança estão aproveitando da falta de segurança para lucrar. A dona da PG & B, que fica em frente, Leila Lacerda, de 52, instalou câmeras e fica de casa observando tudo que acontece no estabelecimento. “Já pagamos muitos impostos e 6,8% sobre tudo que a gente vende, mas não temos segurança nenhuma”, disse Leila, que flagrou pelas imagens um ladrão fugindo com uma pilha de roupas, aproveitando a distração das vendedoras.

A gerente da loja Ronaldo Fraga, Luanda Brandão Bastos, conta que recebeu visitas de militares e que eles próprios sugeriram a contratação de segurança particular “para trabalhar de forma conjunta com a PM”, segundo ela. “Disseram que para instalar câmeras do Olho Vivo na rua (a Fernandes Tourinho) é necessário um estudo específico e tem que ter dotação orçamentária. É toda uma burocracia e a gente tem que comprovar a necessidade”, disse Luanda.

O aposentado Paulo de Tarso, de 79, mora no bairro e conta que a população também está entregue aos ladrões. “A Savassi tem 60 mil moradores, fora o comércio, e a gente não tem policiamento à noite”, reclama. “Vamos ter que reforçar nossa Associação de Moradores e criar sistemas de defesa”, acrescentou.


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