O oratório de Nossa Senhora do Pilar, da Fazenda do Registro Velho, em Barbacena, no Campo da Vertentes, será transferido terça-feira para o museu da cidade. A informação foi dada nessa sexta-feira pelo presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico, Sérgio Ayres. Segundo ele, liminar do juiz da 3ª Vara Cível da cidade, Joaquim Martins Gamonal, determinava que a transferência da peça, do século 18, só poderia ser feita com o acompanhamento de técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pelo tombamento do acervo desde 2002.
“O conselho municipal já havia pedido ao Ministério Público Estadual autorização para a transferência do oratório, diante dos riscos de danos. Depois da concessão da liminar, em 16 de fevereiro, tivemos de esperar por um momento oportuno para que um técnico do Iphan pudesse acompanhar a remoção da peça”, explicou. Sérgio acrescentou que a obra, a mais antiga de Barbacena, não será exposta no museu, ficando guarda como reserva técnica.
De acordo com o MP, a liminar visa proteger a estrutura diante do péssimo estado de conservação da fazenda do Registro Velho. A recuperação do imóvel também está em discussão na Justiça, em outra ação movida pela Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural de Barbacena.
No inquérito do MP , fotografias mostram o nível de destruição do imóvel em razão do rompimento quase total da lona (cobertura provisória), que foi colocada sobre a parte que resta da casa. Além disso, perícia apontou piora do estado de conservação do oratório, o que tornou urgente a remoção do monumento principal.
Justiça considerou as provas levantadas para constatar a devastação sofrida pelo bem cultural. "A construção está por desabar completamente. Não suporta as chuvas torrenciais e constantes que assolaram nossa região", expôs em seu despacho o juiz Joaquim Gamonal. Segundo o magistrado, a medida cautelar foi necessária devido à possibilidade de lesão grave de difícil reparação, caso houvesse demora na retirada do oratório
A Fazenda Registro Velho é uma construção do início do século 18 e constitui um dos mais importantes prédios históricos do estado. Lá, hospedaram-se Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, e o imperador dom Pedro I, como também o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire e o cientista alemão naturalizado russo Georg Heinrich von Langsdorff.
O casarão é objeto de duplo tombamento, federal e municipal. O imóvel encontra-se em ruínas: parte do teto desabou, assim como várias paredes do fundo da casa. Segundo Sérgio Ayres, diante da falta de recursos financeiros para a restauração da sede da fazenda, há uma proposta em análise do Ministério Público de instalação de um telhado sobre o imóvel.