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Estado de Minas

Igreja renasce após abandono

Equipe restaura templo ortodoxo São Jorge, no Centro de BH, que estava ocupado por moradores de rua e esquecido há 10 anos


postado em 15/10/2011 06:00 / atualizado em 15/10/2011 07:04

Fuligem, pó preto vindo da Avenida Olegário Maciel e uma década de descaso deixaram marcas nos murais internos da Igreja Ortodoxa São Jorge, no Centro de Belo Horizonte. Agora, uma equipe de restauradores trabalha com afinco para retirar. No interior do templo, antes invadido por mendigos, estão surgindo as cores originais de um conjunto de pinturas parietais – feitas a óleo diretamente na parede –, que incluem a Santa Ceia, o padroeiro e os 12 apóstolos, com inscrições em árabe.

Perto da pia batismal, está o maior sinal de espanto, com um quadro totalmente desfigurado. É que um pastor evangélico que ocupou o espaço e o transformou num mercado teria degradado por completo a pintura, deixando dificuldades para os especialistas. “Pedimos àqueles que tenham fotografias do interior da igreja, principalmente de cerimônias de batismo, para nos procurar. Com as fotos antigas poderemos recuperar a pintura original”, diz a restauradora Maria Regina Ramos.

O serviço iniciado há 10 dias e com previsão de terminar em cinco meses ocorre graças ao programa Adote um Bem Cultural, da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Na tarde de ontem, coordenando a equipe técnica com três jovens qualificados como auxiliares de restauração no curso Valor social, do Museu de Artes e Ofícios (MAO), Maria Regina, do Grupo Oficina de Restauro, mostrou os detalhes das pinturas parietais, alvo ainda de infiltrações causadas por água usada nas faxinas. Os mais atingidos são os quatro doutores da igreja ortodoxa: São Basílio, São Nicolau, São Crisóstomo e São Gregório.

Inaugurado em 1934, reaberta em março deste ano e subordinada ao arcebispo metropolitano da Igreja Católica Apostólica Ortodoxa Antiquiona de São Paulo, o templo pintado de branco e quase imperceptível na avenida, já está funcionando. Neste domingo, às 10h, haverá missa, informa a segunda secretária e primeiro fiel, Netalya Azar, filha de Dimitri Azar, que morreu há 10 anos e esteve à frente da igreja como pároco durante 35anos. “Este local sempre foi muito frequentado pelos sírios, libaneses e até pelos gregos, que não têm a sua própria igreja na capital”, diz Netalya.

Maria Regina Ramos explica que o autor das obras ainda é desconhecido, devendo ser feita uma pesquisa para identificá-lo. As pinturas parietais foram danificadas no fim dos anos 1980, depois da morte de Dimitri e, a partir daí, as atividades religiosas foram paralisadas e o espaço ocupado clandestinamente. Em 26 de abril de 2006, o templo foi tombado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte, sendo considerado significativo exemplar da arquitetura eclética e importante registro da história da cultura sírio-libanesa na cidade. O patrocínio da obra de restauro é da Construtora Líder, em parceira com o Instituto Cultural Flávio Gutierrez.

Quem tiver alguma fotografia para ajudar no restauro deve levá-la à Avenida Olegário Maciel, 321, no Centro, ou enviá-la pelo correio.

IAPI: Revitalização em novembro

Moradores do Conjunto IAPI, no Bairro São Cristóvão, Região Noroeste de Belo Horizonte, concordaram em pagar R$ 153 mil pela mão de obra da pintura dos prédios que integram o condomínio e, com isso, a revitalização do local será retomada em novembro. O IAPI foi o primeiro imóvel incluído no programa Adote um Bem Cultural. Uma fabricante de tintas doou o produto para a pintura dos nove prédios. Entretanto, ao saberem que teriam que pagar a mão de obra, alguns moradores desistiram e a recuperação foi interrompida.


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