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Estado de Minas

Comunidade apela para tirar igreja de caixas em Mariana

Comunidade de Gogô, em Mariana, recorre ao MP para que capela desmontada e guardada em galpão seja reconstruída


postado em 06/10/2011 06:00 / atualizado em 06/10/2011 06:25

Acervo foi retirado na década de 1970 em condições não esclarecidas(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press - 6/1/10)
Acervo foi retirado na década de 1970 em condições não esclarecidas (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press - 6/1/10)


Os moradores de Mariana assistem a uma novela cheia de mistério e reviravoltas que se arrasta por mais de 40 anos e, tudo indica, está longe de terminar. Disposta a ter de volta o seu bem religioso e cultural mais valioso, a comunidade de Gogô, localizada a quatro quilômetros do Centro Histórico da primeira cidade de Minas, recorre ao Ministério Público estadual pedindo intervenção para que seja reconstruída a Capela de Santana, datada de 1711. O templo católico já foi desmontado, retirado de sua estrutura barroca no Morro de Santana em condições jamais esclarecidas, e transferido para Belo Horizonte na década de 1970 dentro de caixas.

Um abaixo-assinado com cerca de 300 nomes foi encaminhado à Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais. As peças foram armazenadas num galpão na Pampulha, na capital, e retornaram para Mariana em fevereiro de 2008. O que incomoda a população de Gogô é que já se passaram mais de três anos e o material continua guardado, pela prefeitura local, no Centro Cultural Arquidiocesano Dom Frei Manoel da Cruz, antigo Palácio dos Bispos. “Já esperamos muito tempo, as peças podem estar se degradando. Queremos que a capela seja reconstruída logo, conforme o compromisso das autoridades municipais. O prazo dado já expirou”, reclama o vice-presidente da Associação dos Moradores do Bairro Morro de Santana, Eduardo Campos.

As obras, com recursos municipais, deveriam ter sido iniciadas no segundo semestre de 2010, a partir do projeto dos arquitetos Jô Vasconcelos e Altino Caldeira. Além do templo, seria feito um anexo subterrâneo com museu para abrigar objetos que guardam a memória da capela, cujo terreno fica em área de preservação arqueológica tombada pelo município. O coordenador e promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda, diz que o projeto foi encaminhado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para análise, devendo, quando for concluída a avaliação, haver uma reunião com a comunidade.

Entrave

Nos últimos dois anos, Mariana teve seis trocas de comando na prefeitura. As turbulências políticas, segundo o promotor de Justiça, interferiram no processo. O secretário municipal de Cultura, Marcílio Queiroz, adianta que o assunto estará na pauta da reunião do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural no próximo dia 27. Queiroz revela que há interesse da administração em resgatar o projeto. “No dia 15, tivemos um encontro com a diretoria da Associação Marianense de Artistas Plásticos (Amap), que poderá colaborar na reconstrução da capela”, afirmou.

Em 2004, o Estado de Minas fez uma série de reportagens sobre a história da capela, desde que ela foi retirada de Mariana para ser remontada na sede da empresa Mendes Júnior, em BH. Com o fechamento da empresa, a capela foi doada, em 1999, à UFMG, mas por se tratar de uma instituição laica, a universidade a repassou à PUC Minas, que, por sua vez, não chegou a reconstruí-la. Em 2008, a Prefeitura de Mariana obteve o direito de reaver o acervo.


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