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Estado de Minas

Homens desafiam a Lei Seca em BH


postado em 28/07/2011 06:00 / atualizado em 28/07/2011 06:25

Os homens de Belo Horizonte estão resistindo mais que as mulheres à ideia de abandonar a combinação de direção e alto consumo de bebidas alcoólicas. Dois levantamentos relacionados à Lei Seca mostram que motoristas do sexo masculino são ampla maioria em estatísticas da capital sobre autuações e processos por crimes de trânsito – quando os condutores são flagrados com índice de álcool no sangue superior a 0,33mg/litro, taxa considerada alta.

Nas últimas blitzes da campanha “Sou pela vida, dirijo sem bebida”, realizadas entre os dias 22 e 24, por exemplo,  os 18 condutores autuados e encaminhados à delegacia para abertura de inquérito criminal eram homens. Números do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) reforçam o quadro. Dos 560 processos abertos entre junho de 2009 e junho de 2010 por embriaguez ao volante, 527 (94%) se referiam a homens e apenas 33 (6%) a mulheres.



As duas estatísticas indicam que a maior parte dos motoristas autuados ou processados por dirigir depois de consumir doses consideradas altas de bebida alcoólica tinha mais de 30 anos. Segundo os dados das blitzes da Secretaria de Estado de Defesa Social, 13 dos 18 motoristas autuados tinham entre 30 e 45 anos. Os outros cinco estavam na faixa de 18 a 29 anos. No levantamento do TJMG, 27,5% dos processos criminais relacionados com bebida ao volante foram abertos contra motoristas com 31 a 40 anos. O segundo grupo de condutores que mais responderam a ações foi o da faixa entre 21 e 30 anos – 25,7% do total (veja quadro).

Especialistas consideram que o número maior de homens processados por dirigir depois de beber em excesso é tendência no país, uma vez que motoristas do sexo masculino são maioria e que homens costumam ingerir mais álcool que as mulheres. Os números de BH, no entanto, chamam a atenção pela liderança tão folgada dos homens: enquanto a divisão por sexo no número de processos abertos no TJMG ficou em 94% a 6% em favor deles, a relação de motoristas com carteira de habilitação em BH é de 63,2% a 36,7%, também com maioria masculina. Até junho deste ano, 932.827 motoristas estavam habilitados na capital, segundo o Detran/MG, dos quais 590.038 homens e 342.789 mulheres.

 “Ousar mais faz parte do ser masculino, que quer se mostrar viril, que não se submete às regras. Eles são mais desafiadores e essa característica de gênero se reflete no trânsito”, avalia a médica epidemiologista Sandhi Maria Barreto, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que participou de estudo sobre a relação entre trânsito e álcool. Para ela, “uma lei mais firme, com mais fiscalização, ajuda a reforçar a postura de quem é mais cuidadoso e desperta no mais ousado a necessidade de agir assim.”

Nas primeiras duas semanas da campanha “Sou pela vida. Dirijo sem bebida”, 134 carteiras já foram recolhidas na Grande BH, 36 delas de condutores flagrados pelo bafômetro, que vão responder pelo excesso de bebida (teor alcoólico acima de 0,34mg/l). A fiscalização promete se manter intensa, com punição mais rigorosa a partir da primeira semana de agosto, quando todo motorista que se recusar a fazer o teste do bafômetro será multado e terá a carteira de habilitação apreendida por três dias, independentemente de aparentar ou não sinais de embriaguez.

Menos riscos

Para o psiquiatra Valdir Ribeiro Campos, especialista em dependência química e membro da Comissão do Controle de Tabagismo, Alcoolismo e Uso de Outras Drogas da Associação Médica de Minas Gerais, o número menor de motoristas do sexo feminino autuadas ou processadas por dirigir com alto índice de álcool no sangue em BH é sinal de que mulheres costumam ter mais consciência dos riscos à saúde. “Os homens são em geral mais impulsivos, até de certa forma agressivos pela condição de crescer numa sociedade machista e patriarcal. Muitos não querem obedecer às regras, não usam equipamentos de segurança, dirigem em alta velocidade. As mulheres, ainda que estejam bebendo mais, estão mais atentas à segurança da sua vida, à sua saúde”, opina.

Embora sejam apenas 6% no levantamento do TJMG sobre crimes de trânsito e não apareçam nas estatísticas de autuações por alto índice de álcool das últimas blitzes em BH, operações da Lei Seca têm recolhido carteiras e multado mulheres que apresentam índice menor de álcool no sangue ou sintomas de embriaguez. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, quem sopra o bafômetro e apresenta nível de álcool no sangue entre 0,14 e 0,33 miligrama por litro perde o direito de dirigir e recebe multa no valor de R$ 957,70. O motorista que tiver nível de álcool acima de 0,33mg/l, além de pagar multa de mesmo valor e perder a carteira, vai responder por crime de trânsito. A Secretaria de Defesa Social informou que a abordagem aos motoristas é feita de forma aleatória, sem diferença entre homens e mulheres.


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