Três anos depois de denúncia veiculada pelo Estado de Minas sobre o estado de degradação e abandono em que se encontrava a Fazenda da Vargem, situada a seis quilômetros de Nova Era, na Região Central de Minas Gerais, às margens da rodovia MG-120, o patrimônio tombado foi finalmente recuperado. O imponente casarão do século 19, construído em 1840 pelo fazendeiro e político Joaquim Martins da Costa, quando Nova Era ainda se chamava São José da Lagoa e pertencia a Itabira, teve agora sua sede restaurada, atendendo a uma antiga demanda dos novaerenses.
Os recursos para execução das obras, segundo Albany Júnior, diretor municipal de Cultura e Turismo vieram por meio do Fundo Estadual de Cultura/Secretaria de Estado da Cultura (R$280mil), e contrapartida da prefeitura (R$250mil). Em 2005, numa ação emergencial, o poder público municipal já havia recuperado o telhado do casarão, que ameaçava cair. Mas portas, janelas e o assoalho continuaram em ruínas, à espera de reparos. A fazenda é edificada num terreno de 10 mil metros quadrados.
Passada esta primeira etapa, que é a mais importante, os próximos passos, ainda segundo o diretor de Cultura Albany Júnior, serão transformar o casarão num centro cultural, com a realização de oficinas de música, teatro, literatura e dança. Ele informa que também já está pronto um projeto paisagístico para a recuperação do seu entorno. Mas que ainda não existe previsão para o início dos trabalhos.
Na época do apogeu, quando na Fazenda da Vargem existia uma grande lavoura de café, com “24 mil pés da melhor qualidade”, cultivados pelos escravos em 155 alqueires de boa terra banhada pelo Rio do Prata, afluente do Piracicaba, por ali também sopraram os agitados ventos da Revolução Liberal de 1842, na qual Joaquim Martins da Costa, segundo registrou a história, teve participação significativa. Os revoltosos, comandados por Teófilo Otoni, acabariam sendo derrotados pelas tropas imperiais, sob o comando do Duque de Caxias, que foi enviado a Minas para “pacificar os rebeldes”. Organizada pelo Partido Liberal, que se opunha ao Conservador, o movimento aconteceu quando o Imperador D. Pedro II dissolveu a Assembleia Geral, que tinha maioria de liberais. Houve reações armadas sufocadas em Minas Gerais e São Paulo.