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Estado de Minas

Vandalismo e desleixo comprometem ciclovias em BH

Depredação em pista na Região Centro-Sul, descaso e ocupação de faixas para bicicletas por veículos e lixo em outras áreas mostram que a cidade não está preparada para as ciclovias


28/06/2011 06:00 - atualizado 28/06/2011 10:15

Na Rua Professor Morais, carros estacionam no trecho exclusivo e blocos de concretos que delimitam a via estão quebrados
Na Rua Professor Morais, carros estacionam no trecho exclusivo e blocos de concretos que delimitam a via estão quebrados (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)

A ciclovia da Região Centro-Sul de Belo Horizonte, chamada de Rota Savassi, com 2,8 quilômetros de extensão, pontapé do projeto que planeja implantar 138 quilômetros de pistas para bicicletas na capital até 2020, está prevista para ser inaugurada mês que vem, mas já foi atropelada pelo desrespeito e pelo vandalismo. Ao longo da Rua Professor Morais, no Bairro Funcionários, blocos de concreto, que delimitam a via, estão quebrados e carros estacionam no trecho exclusivo para ciclistas. A depredação obrigou a BHTrans, empresa que administra o trânsito da capital, a refazer parte do serviço.

A má notícia é que o exemplo de incivilidade não aparece apenas na nova ciclovia – que está dentro do investimento de R$ 1,16 milhão em 18 quilômetros de pistas a serem implantados até o fim do ano – e deixa rastro em parte dos 22 quilômetros já existentes. Na avaliação do coordenador do grupo Mountain Bike BH, Humberto Guerra, militante da causa, trata-se de reflexo de pessoas que ainda não veem a bicicleta como meio de transporte. “E não adianta só implantar ciclovias, mas mostrar o valor da bicicleta”, afirma o ciclista, que trocou o carro por uma bike, desfazendo o mito de que a montanhosa BH não combina com a “magrela”.

Diante de uma fiscalização falha, quem fica jogado no acostamento são os ciclistas. A Avenida Doutor Álvaro Camargo, no Bairro São João Batista, em Venda Nova, é cenário dos últimos atos de desrespeito. As placas da ciclovia ainda estão lá, mas sobre uma pista completamente tomada por carros. “Os donos das lojas arrancaram os blocos que marcavam a faixa exclusiva. Isso ocorreu aos poucos. Ninguém respeita. Somos obrigados a andar junto aos carros, sem segurança”, lamenta o ciclista Iran Silva Alves, de 45 anos.

No olho da rua

Na Avenida Tereza Cristina, que corta bairros da Região Noroeste e Oeste, ao depósito de entulho e à invasão de carros, que obrigam o ciclista a passar junto aos carros, se soma uma via mal planejada. Situada abaixo do nível da pista de veículos, a ciclovia fica alagada mesmo com chuva mais fraca. “Há uns pedaços muito ruins para andar, com muitas poças. A manutenção aqui é rara”, afirma o servente de pedreiro Bruno Aparecido Gonçalves, de 21.

Com tantos problemas, o estudante Felippe Kennedy, de 19, que também trafega diariamente pela Tereza Cristina, e nessa segunda-feira se arriscava em meio aos carros, conta que já foi quase atropelado. “Temos que fazer muitos desvios.” Tarefa mais complicada para o vendedor de pães Rafael da Silva, de 17, que leva a mercadoria na bicicleta. “Sempre há carro estacionado na ciclovia.”

Enquanto os ciclistas ficam suscetíveis a acidentes, os motoristas que estacionam nas ciclovias têm a justificativa na ponta da língua. “É rapidinho, parei só para pegar um dinheiro com um cliente”, diz José Maria Duarte, de 46. Na tarde dessa segunda-feira, ele desviou o carro dos blocos de concreto da Avenida Professor Morais e o parou na área de tráfego exclusivo de bicicletas, onde antes havia vagas de estacionamento rotativo. “Esta ciclovia tirou 40% do movimento da minha loja. Em 28 anos, nunca vi ciclista aqui. Não justifica uma obra dessa”, afirma o empresário Paulo Justino Gomes, de 51.

Educação

O coordenador de projetos de trânsito da BHTrans, José Carlos Ladeira, lamenta a depredação e diz que, além de implantar as pistas, o programa Pedala BH promove campanhas educativas para incentivar o uso da bicicleta. “Enquanto o cidadão não perceber que a ciclovia é de todos, vai ser complicado. Os moradores têm que denunciar as destruições.” Sobre as pistas antigas, Ladeira afirma que a ideia é incorporá-las à administração da BHTrans, função delegada às regionais.

Para o mês que vem, estão previstas a inauguração da ciclovia da Região Centro-Sul; da Avenida Américo Vespúcio, no Bairro Caiçara, Região Noroeste; e na Via 240, na Região Norte. A construção da pista do Barreiro começa nas próximas semanas. Inicialmente planejada para este ano, a revitalização da ciclovia da Avenida Doutor Álvaro Camargo, em Venda Nova, será adiada, pois a via será usada como desvio quando for iniciada a duplicação da Avenida Pedro I.

 


Ciclovias que serão construídas até o fim do ano

Risoleta Neves, na avenida de mesmo nome, na Região Norte

Barreiro, nas avenidas do Canal e Afonso Vaz de Melo

Américo Vespúcio, na avenida de mesmo nome

Savassi, na Rua Professor Morais, Avenida Bernardo Monteiro e Rua Piauí

Andradas, na Avenida dos Andradas, Rua Itaituba e Avenida Elísio de Brito: obra contratada


Ciclovias já existentes


Lagoa da Pampulha, na Avenida Otacílio Negrão de Lima, entre a Igrejinha São Francisco e o Museu de Artes da Pampulha

Avenida Tereza Cristina, trecho próximo à Via Leste/Oeste

Avenida dos Andradas, com início na Avenida Silviano Brandão até a Avenida do Contorno

Avenida Dr. Álvaro Camargo, em Venda Nova

Avenida Vilarinho, em Venda Nova

Fonte: BHTrans


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