
O acervo ficou guardado por mais de uma década num depósito da Secretaria de Estado de Defesa Social, no Bairro Barro Preto, na Região Centro-Sul, e começou a ser catalogado há dois anos e meio por especialistas do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha/MG) e do Ministério Público Estadual (MPE), via Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC). “As peças saíram das grades para ganhar a liberdade”, comemorou o coordenador do Museu Arquidiocesano de Arte Sacra, parte do memorial, padre José Geraldo Sobreira, ao dar os últimos retoques nas estantes e vitrines.
Quem visitar a exposição – a abertura ao público será na sexta-feira e o evento se estende até 29 de julho, sempre das 14h às 16h – vai ver imagens de Santa Luzia e Santo Antônio, crucifixos, castiçais, cálices, âmbulas e patenas (nas quais se põem hóstias consagradas), turíbulos, navetas (para incenso), missais, custódias, livros, medalhas e outros. Em cada uma foi colocada etiqueta com código e foto. Os organizadores querem que os visitantes auxiliem na descoberta da procedência dos objetos, para que eles retornem aos altares originais.
Apreendidos em Betim, na Grande BH, em outubro de 1996 pela Polícia Civil com o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), os objetos, com exceção de um, não traziam qualquer referência. “Por sorte, localizamos um brasão de metal pertencente à arquidiocese, pois tem a inscrição do Congresso Eucarístico Nacional, ocorrido em BH em 1936”, mostra o padre. Para ele, a exposição representa um resgate de símbolos religiosos e bens culturais, passando pela memória histórica do povo e se firmando na fé. “As pessoas das cidades onde houve furto se sentem tristes pela ausência das peças”, afirmou. A expectativa é que a exposição s e torne itinerante.
O coordenador da CPPC/MPE, promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda, destaca a importância da exposição. “As peças estavam órfãs, ficaram abandonadas num galpão durante anos e poderão ser vistas por toda a comunidade. Com essa mostra, a Igreja assume o compromisso de tutelar este patrimônio que é dela”, afirmou. No caso de identificação da obra será feito um termo de compromisso com a paróquia, que, ao recebê-la, deverá se responsabilizar pela conservação e adoção de medidas de prevenção de furtos no templo. No lote apreendido em 1996 estavam também 18 imagens, as quais foram encaminhadas, por determinação da Justiça, à Superintendência de Museus, vinculada à Secretaria de Estado da Cultura, para integrar o acervo do Museu Mineiro. De acordo com a instituição, ainda não foi marcada a data para exposição das esculturas.
