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Estado de Minas

Cidade rifa até bezerro para manter emergência


postado em 24/11/2008 07:41 / atualizado em 08/01/2010 04:00

O dinheiro arrecadado com a rifa de um bezerro neste mês deu sobrevida ao Grupo de Atendimento Voluntário de Emergência (Gave) de Nova Era, no Vale do Aço. A iniciativa é apenas uma entre dezenas semelhantes que se espalham pelo estado e tentam suprir a falta de estrutura e efetivo do Corpo de Bombeiros em Minas. Assim como ocorre em cidades como Santos Dumont e Cataguases, na Zona da Mata, João Monlevade e Tiradentes, na Região Central, e Nova Era, a determinação e a disposição de voluntários de várias cidades do Médio Piracicaba salvam vidas e minimizam prejuízos.

Criado oficialmente em março de 2008, o Gave é a materialização de uma promessa feita por Bráulio Henrique Vasconcelos Perdigão, de 22 anos, quando recebeu no hospital a notícia de que os oito dedos de suas mãos seriam amputados em conseqüência do acidente que sofrera ao operar uma máquina da empresa onde trabalhava: se conseguisse continuar fazendo as duas coisas de que mais gosta – dirigir e exercer a profissão de técnico em enfermagem –, criaria uma ONG para resgatar vítimas de acidentes. Primeiro ele procurou a Prefeitura de Prata, no Triângulo Mineiro, onde vivia com os pais. A administração prometeu apoiar o grupo, mas voltou atrás. Bráulio conseguiu, então, o apoio da Prefeitura de Nova Era.

O desafio assumido não foi pequeno: Nova Era está bem perto de um dos trechos de rodovia mais perigosos do país – os 108 quilômetros que separam Belo Horizonte de João Monlevade, conhecidos como Rodovia da Morte. O grupo se responsabilizou por atender vítimas no trecho entre Rio Piracicaba e Antônio Dias. Atualmente, 32 socorristas se revezam em plantões de 24 horas, de domingo a domingo. Bráulio tentou conseguir uma ambulância com defeito que está no pátio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Belo Horizonte. A idéia era consertá-la, mas o carro não foi liberado. A Prefeitura de Nova Era cedeu-lhe, então, uma outra ambulância. Hoje, o combustível do veículo é pago por uma empresa.

Desafio


O envolvimento com o trabalho é tão intenso que Bráulio mora em uma sala cedida pelo Hospital São José, cujo pátio abriga a ambulância usada pelo Gave. “Não levo vocês até lá porque está uma bagunça. Não desgrudo do telefone celular, que pode tocar a qualquer hora do dia ou da noite”, conta. Ao fim das missas de domingo, o padre tem pedido doações de material de enfermagem, como ataduras, compressas e gazes. Por mês, são 28 atendimentos, em média. Se o caso é mais grave, o trabalho é feito a partir de orientações passadas por um médico, pelo telefone.

O desafio do grupo é arrecadar mais dinheiro, para comprar um oxímetro (equipamento que determina a saturação de oxigênio) e um desfibrilador (máquina que emite descarga elétrica transmitida ao tórax do paciente). Um dos objetivos dos bombeiros é apoiar a criação de grupos de voluntariado principalmente em municípios entre cinco e 10 mil habitantes, uma solução barata para a corporação e, muitas vezes, bastante eficiente. Tiradentes, por exemplo, está localizada bem perto de São João del-Rei, mas mantém um grupo de voluntários. Em caso de incêndio no Centro Histórico, os prejuízos serão bem menores se o primeiro atendimento for bem-feito.


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