Dono de lendas e muito dinheiro

O Hotel Financial , no Centro de Belo Horizonte, é o imóvel mais emblemático da presença de Antônio Luciano Pereira Filho na cidade. Reflexo da modernização da capital, o imóvel recebia comerciantes, empresários e as amantes do insaciável dono. As histórias repetidas em jornais de muitas épocas falam em “compra” da virgindade de moças simples e vistosas. Conta-se que muitas saíam de uma vida sem perspetivas no interior a contragosto, trazidas pelos pais. Perto dali, no entorno da Praça Raul Soares, estava estabelecida sua família “oficial” com mulher e três filhos.

Antes mesmo da onda de fusões econômicas, consolidadoras dos blocos com lucros nas alturas, a fortuna de Antônio Luciano era tida como uma das maiores do Brasil. Em 20 de junho de 1990, o Estado de Minas noticiou a morte do bilionário e enumerou uma relação extensa com parte dos bens deixados por ele: quarteirões inteiros em diferentes pontos da capital com hotéis, postos de gasolina, estacionamentos, imobiliárias. Os imóveis em BH chegariam a 40 mil. Praticamente todos os cinemas eram de Luciano, entre eles o Cine Brasil, campeão brasileiro de bilheteria, conforme publicação da época. No interior, eram fazendas, empresas agrícolas e uma produtiva usina de álcool e açúcar no Centro-Oeste de Minas. Ele viveu até os 77 anos e morreu vitimado por um tumor no cérebro.

Ele nasceu em São Gotardo, no Alto Paranaíba, saiu de casa jovem para estudar em Ouro Preto e São João del-Rei e se transferiu para Belo Horizonte, onde cursou a faculdade de medicina. Se a profissão não seria a principal da sua vida, o curso serviu para que ele conhecesse homens com quem quis travar relações mais duradouras, como Juscelino Kubitschek. Talvez por influência de JK e de outros aventureiros, Luciano chegou a ser deputado federal, mas fez fortuna mesmo foi descobrindo oportunidades de negócios por onde passava. (BM)