(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Seminário em BH discute epidemias urbanas


postado em 14/11/2008 07:53 / atualizado em 08/01/2010 04:04

Em uma simples batata frita, um trago de cigarro ou até no comodismo na frente da televisão moram as principais doenças da modernidade. Se antes a população era acometida com enfermidades como poliomelite, tétano, difteria e sarampo, hoje o que mais mata são doenças cardiovasculares, pulmonares, câncer e acidentes de trânsito. A situação é tão preocupante que as chamadas “epidemias urbanas” foram temas do 1º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG. Até sábado, médicos, enfermeiros, farmacêuticos e outros especialistas vão tratar dos desafios e metas para retirar da rota de colisão dos brasileiros os vilões da vida moderna.

Hepatite, obesidade, Aids, enfizema pulmonar, tuberculose e até a dengue estão entre as principais doenças emergentes dos séculos 20 e 21. Para a epidemiologista do Observatório de Saúde Urbana da UFMG Waleska Teixeira Caiaffa, os problemas do aparelho circulatório estão cada vez mais associados a uma dieta inadequada, falta de atividade física, tabagismo e consumo excessivo de álcool: todos típicos de áreas urbanizadas. Ela explica que um dos grandes desafios do poder público é prover a população de mecanismos que ajudem a manter hábitos saudáveis. “Campanhas educativas não bastam. Deve-se mudar a abordagem tradicional de prevenção à doenças. Em vez de focalizar o fumante, o alcoolista ou o obeso, é preciso oferecer condições reais de mudança a todos. Se as pessoas não tiverem espaços para a prática de caminhada, por exemplo, fica difícil mudar os hábitos”, diz Waleska.

Ela observa que essas condições criam alterações não apenas nas pessoas com urgência em mudar a rotina, mas também na coletividade. “Quando fazemos isso, vamos além do indivíduo. A comunidade modela o ambiente onde mora e, por sua vez, modela sua saúde”, afirma.

A médica diz ainda que as cidades, principalmente as mais urbanizadas, criam, diariamente, resíduos com várias implicações sanitárias. “Temos as redes de poluição no ar, que inclui gases tóxicos, ruídos e até os sistemas de telefonia digital e seus campos eletromagnéticos. Estudos científicos associam as antenas de aparelhos móveis a lesões celulares. Mas há outros que dizem o contrário. Enquanto houver dúvidas, o melhor é agirmos com precaução”, diz Waleska.

O trafégo aéreo, terrestre, contaminação da água por resíduos sólidos também criam condições para o desenvolvimento de enfermidades. “Aliado a isso, há também a questão da alimentação, do estresse no trânsito e de hábitos nocivos como o tabagismo. O conjunto desses fatores tornam a vida moderna uma bomba-relógio. A prevenção é única forma de mudar essa realidade”, assegura a especialista.

A professora e chefe do departamento de pediatria da Universidade Federal de São Paulo, Rosana Fiorini Puccini, uma das palestrantes do congresso, reforça que é impossível pensar em saúde ou doença sem discutir o contexto histórico e a cidade onde se vive. E a prevenção começa no útero materno. “O uso de drogas pela mãe provoca a restrição de nutrientes intra-uterino. E a carência pode comprometer o desenvolvimento do bebê. Em decorrência disso, no futuro, a pessoa pode ter mais probabilidade de ter doenças crônicas, hipertensão e obesidade”, diz Rosana.

Para ela, a redução das doenças da modernidade só ocorre com vontade política e, também, com a conscientização das indústrias de alimento. “Hoje os lanches são bem maiores. Em vez de um saquinho de pipoca, as pessoas comem baldes. Para quê isso?”, pergunta a especialista.

Quem assumiu que deveria se adequar à contemporaneidade e colocar hábitos saudáveis em sua rotina foi a dona-de-casa Solange Maria Borges Ribeiro, de 54 anos. Desde pequena, sofre de asma e, por isso, sempre se preocupou em praticar exercícios físicos. “Joguei peteca durante anos e convivia bem com a doença. Mas durante 10 anos deixei a prática de lado. E essa atitude se tornou um prejuízo enorme em minha vida, com seqüelas até hoje. Fiquei muito mal e usava a bombinha praticamente todos os dias. Depois de ficar nove meses em tratamento intenso, melhorei. Mas, como conseqüência, uso medicação diária”, conta.

Para retomar a qualidade de vida, os exercícios aeróbicos foram fundamentais. “Hoje, faço caminhadas e subo escadas. Evito ambientes poluídos e não suporto cigarros. Mesmo assim, é complicado conviver com tanta degradação ambiental, como fumaça de caminhão, de carro e outras impurezas. Para mim, o cuidado deve ser redobrado”, diz.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)