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Estado de Minas entrevista/Jader Almeida - 40 anos, designer

Talento nato

Dono de um traço singular, designer inaugura flagship em Belo Horizonte com coleções voltadas para o interior


05/12/2021 04:00

designer
Jader Almeida (foto: Divulgação)

 
O casarão tombado pelo patrimônio histórico na Rua Felipe dos Santos foi minuciosamente restaurado em um trabalho tão primoroso quanto o conteúdo que iria abrigar. A flagship da Jader Almeida em Belo Horizonte impressiona pelo rigor e pluralidade da produção do catarinense, um verdadeiro mestre do design, com premiações nacionais e internacionais. Ali, no amplo espaço de três pavimentos, está uma série de itens endereçados aos interiores – mobiliário, iluminação, adornos, tapetes – com a sua pegada indefectível, que ele resume em três vertentes: atemporalidade, elegância, simplicidade. Pode-se acrescentar a elas, sem dúvidas, a palavra delicadeza. Jader conhece como ninguém os processos e técnicas da produção moveleira; aos 16 anos, já estava dentro de uma fábrica de móveis. A visita a uma exposição modernista e o legado de Joaquim Tenreiro o impactaram positivamente em sua jornada de aprendizagem, resultando no lançamento, ao longo do tempo, de mais de 500 produtos inéditos e derivados. Formado em design industrial e em arquitetura, admirado, o talento nato para o design o conduziu ao status que tem hoje no mercado. Em duas décadas, construiu um negócio que, agora, atravessa o Brasil por meio de abertura de franquias e está presente em 30 países – aqui em Belo Horizonte, seus parceiros são Ana Maria Teixeira de Sá e suas filhas Simone e Fabrícia.
 
Cadeira
o talento nato para o design (foto: Divulgação)
 
 
O que significa a abertura de uma  loja em Belo Horizonte e qual será o seu conceito?
Consideramos Belo Horizonte uma importante capital para abrigar uma flagship store. Os cenários da arquitetura e da criação são muito significativos aqui. O conceito segue nosso DNA, que pode ser descrito como elegante e atemporal. O casarão tombado  coexiste com elementos do nosso portfólio, que refletem nossa maneira de interpretar o modo de viver contemporâneo.

Trará uma linha de produtos criados especialmente para a flag ship?
Cada novo showroom traz peças inéditas pensadas e desenhadas para a ocasião. Aqui não seria diferente. São peças de mobiliário, iluminação e objetos.

É uma iniciativa individual, você tem parceiros?
Depois de mais de cinco anos de conceituação e planejamento, em 2020, constituímos uma franqueadora que possibilita a expansão através dessa modalidade. Geralmente, é com operadores locais. Esses parceiros conhecem as peculiaridades de suas regiões e com essa sinergia conseguimos atingir a excelência em toda a jornada do nosso cliente.

Como ficará sua relação com as outras lojas que já vendiam seus produtos?
Enquanto companhia, criamos verticais comerciais distintas que não colidem, mas coexistem. Sendo preciso nessa questão, em uma determinada região em que há uma flagship não haverá lojas multimarcas comercializando produtos jaderalmeida.
 
Luminárias
Sua pegada indefectível, que ele resume em três vertentes: atemporalidade, elegância e simplicidade (foto: Divulgação)
 

Como observa o mercado mineiro de design, mobiliário, decoração?
Belo Horizonte é um mercado pulsante, tem ótimos profissionais de arquitetura, design, moda etc., estar aqui é fundamental.
 
Algum nome especial que você admira ou reconhece por aqui?
Há inúmeros. No entanto, Gustavo Penna é um dos que mais admiro.

Você é catarinense, terra de mar e montanha, grandes vãos e amplitude, com uma maneira 
especial de morar. O que conhece  do “morar” do povo mineiro?
Sempre percebi uma maneira simples e sofisticada, sagacidade entre arquitetura, design e arte…ou seja, uma beleza despretenciosa, algo raro de encontrar.

Poderia definir três atributos queconsidera essenciais no seu design?
Atemporalidade, elegância, simplicidade.

Como trata as matérias-primas e as elege para compor seu trabalho?
Cada material tem suas propriedades e tento aproveitar ao máximo cada um deles. Ou seja, muitas vezes chegar ao limite da resistência, algo que parece negar as leis da física. Mas tenho uma tendência a materiais naturais, renováveis no seu ciclo, e como premissa para os produtos que envelheçam com dignidade.

Você é um nome nacional. Além do talento, o que contribuiu para chegar a esse status? Mídia, premiações?
Acredito que todo o reconhecimento vem através de algo consistente. Tenho uma produção contínua que traz, a cada nova coleção, camadas de inovação, mas sempre com uma linguagem coesa. Claro, premiações, mídia, exposições constroem uma rede que multiplica e traz o trabalho a uma grande porção de pessoas.

E como o mercado internacional o descobriu?
Premiações, publicações, parcerias com empresas e projetos internacionais colocam o nome/marca em evidência. Hoje, estamos em 30 países: Ásia, Oceania, Europa e América. Isso tudo gera uma reverberação através de inúmeros meios, criando essa visibilidade.

Você se iniciou cedo na indústria moveleira, aos 16 anos. Como conhecer os processos e técnicas de produção influenciaram na sua criação?
Considero, no meu caso, essencial. Tenho muita clareza de todo o processo e jornada de um produto. Da matéria-prima ao dia a dia, como no hábitat no qual o produto foi destinado. Então, no momento da concepção, faz muita diferença, tanto em aspectos técnicos, ergonômicos e estéticos.

Quais foram seus mentores no processo de evolução do seu trabalho?
Costumo dizer que minha grande transformação foi quando visitei uma exposição modernista e correlatos. Joaquim Tenreiro foi o primeiro grande impacto que tive. Circunstancialmente, após essa experiência, comecei a me interessar cada vez mais. Depois, descobri os mestres escandinavos, japoneses e até hoje evoluo através de estudos e pela curiosidade.

Consegue enumerar as peças que já concebeu?
Nessas duas décadas, são mais de 500 produtos inéditos, lembrando que muitos produtos derivam de coleções. Entre mobiliário, iluminação, louças, metais (torneiras e afins), objetos, entre outras modalidades.

Você cursou design industrial e arquitetura, começou a trabalhar bem cedo. Podemos considerá-lo um “nerd’ na sua área?
Pode parecer clichê, mas design, arte e arquitetura são minhas paixões, não consigo dissociar trabalho de lazer. Claro, há uma significativa parcela de backoffice que consome nosso tempo, mas, fora isso, sempre fui um design addict.
 
Você possui fábrica própria ou terceiriza sua produção? 
Favor explicitar sua relação com a Soolos... Enquanto marca jaderalmeida, tudo é produzido em fábricas próprias. Hoje, são três plantas em duas cidades de Santa Catarina. Atualmente, são 700 pessoas diretamente ligadas às atividades de administração, criação, indústria, logística e comercial. Sollos e jaderalmeida são praticamente uma única coisa. No entanto, a distinção está em que um é indústria, outro é criação. E juntos formam uma bem-sucedida receita de pensamento, discurso e ação.
 
Os lançamentos são sazonais?
Todos os anos temos novos produtos, sejam inéditos, derivações ou novas texturas e ou materiais. Anteriormente à pandemia, março era o mês em que lançávamos produtos e conceitos. Iniciando em São Paulo, Milão, NYC e, em setembro, Londres. Hoje, estamos em modalidade híbrida, alinhados com a atual conjuntura. 


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