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Estado de Minas

Aventais estilosos

Dupla de designers busca referências na moda para desenvolver vestes de trabalho que unem funcionalidade, conforto e beleza


17/02/2019 05:09 - atualizado 26/05/2021 09:52

Studio Tertúlia/Divulgação(foto: Daniela e Luísa Luz)
Studio Tertúlia/Divulgação (foto: Daniela e Luísa Luz)

Usar uniforme não precisa ser uma tortura. As designers Luísa e Daniela Luz, sobrinha e tia que comandam o Estúdio Veste, se inspiram na moda para tirar as roupas utilitárias do convencional. Unindo funcionalidade, conforto e beleza, elas querem que as pessoas sintam prazer em se vestir para trabalhar. De avental a dólmã, as peças são tão descomplicadas que podem ir às ruas.


Luísa prefere dizer que faz veste utilitária. “Não gosto da palavra uniforme, ela não tem a leveza do que queria fazer”, avisa. A rejeição ao que soa como obrigatório tem muito a ver com o momento que a estilista vivia quando abriu o estúdio. Depois de trabalhar por oito anos para grandes marcas (passou por Luiza Barcelos e Faven – hoje Natalia Pessoa), ela tinha chegado à conclusão de que a lógica da moda convencional não fazia mais sentido. “Gosto de criação, mas estava sendo engolida pelo processo, ter que apresentar novidades, ter que fazer uma coleção. O meu desejo era trabalhar com leveza.”


Foi com esse propósito que o Estúdio Veste se lançou no mercado. A ideia é tirar o “peso” da roupa de trabalho, que costuma ser malvista por quem precisa usá-la. Formada em design gráfico, Daniela pensa que as pessoas devem sentir prazer em se vestir. “Imposições são difíceis de ser absorvidas, algumas são rejeitadas, então o nosso esforço é para fazer algo bonito e confortável, que possa ser usado com tranquilidade.” E ela vai além ao explicar por que também foge da palavra uniforme: a intenção não é deixar todo mundo igual, mas apenas facilitar a identificação da equipe pelos clientes.

 

Le Brunch(foto: Lucas Martimer/divulgação)
Le Brunch (foto: Lucas Martimer/divulgação)

Logo no primeiro trabalho, com a cafeteria OOP, na Savassi, tia e sobrinha mostraram a intenção de ser diferentes. “Fizemos aventais simples, mas com personalidade, que eram diferentes do que tinha de clichê no mercado”, diz Luísa. As peças de brim de algodão têm alças de couro ecológico cruzadas nas costas e dois bolsos na frente. No Floresça Café, os aventais fogem ainda mais do padrão. O trespassado da saia é virado para a frente. O estúdio também desenvolveu um modelo de avental que não tem amarração, é só de vestir, então chama a atenção pela praticidade.

 

Padrão não combina mesmo com o trabalho da dupla. Luísa e Daniela deixam claro que querem “transgredir” e não se limitam a nenhuma modelagem tradicional de uniforme. Na verdade, elas usam mais referências de roupas. “São peças que podem ir para a rua”, confirma Daniela.

 

Em vez de avental, os atendentes do Espaço Do Ar, no Bairro Santa Lúcia, usam um quimono de brim por cima da própria roupa. Dessa forma, a personalidade de cada um pode aparecer sem interferir na identificação. Já o avental plástico, necessário para tarefas mais pesadas, foi substituído por uma capa de chuva com capuz na fábrica de laticínios veganos Mar di Coco. O avental das atendentes da sorveteria Easyice, que usam camisa de algodão listrada por baixo, segue a modelagem de vestido.

 

Além do dólmã


A dupla também tem uma alternativa para os cozinheiros, que sempre usam a mesma roupa. O dólmã dá lugar a uma bata, uma chemise ou uma simples camisa, com um jeito diferente de abotoar, mas sem perder a formalidade, como o uniforme da chef da escola de gastronomia vegana Le Brunch. “Cozinha é um lugar onde as pessoas passam muito desconforto por causa do calor, e o dólmã vira um fardo. Às vezes, uma camisa de algodão ou linho resolve”, comenta Daniela.

 

Vecchio Sogno(foto: Studio Tertúlia/Divulgação)
Vecchio Sogno (foto: Studio Tertúlia/Divulgação)

O conforto, aliás, é uma busca constante da marca, que prefere os tecidos naturais aos sintéticos. Para elas, o ideal mesmo seria usar apenas fibras sustentáveis, como a mistura de algodão com pet, utilizada para fazer o avental do Café Juta, no Santa Tereza.

 

Luísa e Daniela também tentam descomplicar os uniformes. Os garçons do restaurante italiano Vecchio Sogno não usam mais colete e gravata. Apenas a camisa foi mantida, mas ganhou um toque de modernidade. Na cor cinza, a peça tem pregas em uma das laterais e botões tipo abotoaduras na gola. No caso do La Palma, as designers optaram por manter a base de calça social preta e camisa branca, só que sem gravata. “Abrimos o primeiro botão da camisa e dobramos a manga, e isso já mudou tudo. Ficou bem mais leve, sem precisar comprar tudo novo”, destaca Luísa.


Desde o início, o plano era também “vestir” a casa. No fim do ano passado, elas lançaram a primeira coleção de produtos para armazenar alimentos usando apenas tecidos antigos do acervo da família. “Optamos por algodão e linho para que os produtos, além de ter uma composição natural, resgatem a memória afetiva do conforto e a referência da simplicidade”, avisa Daniela, que começou a desenvolver o que sentia falta em casa. O pano de copa é um deles. Com tamanho maior que o padrão, ele fica mais versátil. Pode ser tanto para enxugar as mãos como para cobrir a comida na mesa.


Há uma linha de sacos de tecidos: o farnel, aquele usado para enrolar a marmita; o de pão, que pode ir às compras, e o cumbuca, utilizado como fruteira, organizador ou para servir um lanche. “É uma forma de não incentivar o uso de plástico”, avisa Luísa. Ainda tem o pano de queijo, formado por dois guardanapos de algodão, que seguram a umidade e ajudam na maturação. O estúdio vende também aventais para uso doméstico, que servem tanto para cozinhar quanto para cuidar do jardim.


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