O advogado Wasley César de Vasconcelos pediu nessa sexta-feira proteção especial para seu cliente Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, que estaria sendo hostilizado por outros presos da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH. Segundo o defensor, depois das declarações do seu colega Rui Caldas Pimenta, advogado do goleiro Bruno Fernandes, de que Macarrão é homossexual e matou Eliza Samudio por ciúmes do ex-atleta, seu cliente está sendo criticado por detentos, sendo chamado de mariquinha e de outros nomes ofensivos, sendo culpado pela prisão do atleta. “Pela reação de Macarrão, ele está muito insatisfeito, acabado. Os presos querem que ele assuma o crime. Eles ficam lá, vendo televisão, escutam um absurdo desse e acabam acreditando”, disse Wasley César.
Para Wasley César, a declaração de Rui Pimenta foi infeliz. “Surtiu mais efeito negativo contra o Bruno do que a favor. Se Macarrão fosse matar por ciúme de Bruno, nesses quatro anos de convivência ele seria o maior serial killer do mundo. Bruno tinha 400 mulheres. Só no processo há a Dayanne, a Elisa, a Fernanda e depois a Ingrid. É um tese furada do defensor de Bruno, totalmente sem nexo. Foi um ato de desespero”, disse Wasley.
Relação
O advogado conta que esteve quinta-feira com Macarrão, que garantiu nunca ter tido relacionamento gay e disse que todo mundo do bairro sabe que ele gosta é de mulher, que é casado e tem duas filhas. Ele teria confessado que o que sentia pelo ex-goleiro era gratidão. Segundo o defensor, Macarrão teria falado que foi levado para o Rio para trabalhar como homem de confiança de Bruno. Ainda segundo o advogado, seu cliente foi colocado em uma ala para presos que cometeram crimes sexuais, mas a medida foi para constrangê-lo. “Ele me disse várias vezes que o tratamento que recebe no presídio é diferenciado, pior que o dos demais, mas a doutora Karen garantiu que vai tomar uma providência”, acrescentou.
Para Wasley Vasconcelos, Rui Pimenta tentou jogar em Macarrão a culpa pela morte de Eliza na tentativa de inocentar o goleiro. “Entendo que não há culpado, nem Macarrão, nem Bruno, nenhum dos oito réus. Ele (Rui Pimenta) deve trabalhar com dignidade, com moral, com profissionalismo e ética profissional”, disse.
Para a ex-mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, o advogado Rui Pimenta teria de ter uma prova para declarar que Macarrão é homossexual e que matou Eliza por ciúmes. “Que eu saiba, ele é casado e tem duas filhas. Agora, se ele tinha esse sentimento oculto pelo Bruno, é uma coisa que só ele pode dizer. Acho que a amizade dele com o Bruno era superforte. Agora, chegar à homossexualidade, sei não”, disse Dayanne, lembrando que Macarrão é padrinho de uma filha dela e de Bruno.
Tatuagem
Em suas declarações, o advogado Rui Pimenta disse que a tatuagem feita por Macarrão nas costas – “Bruno e Maka. A amizade nem mesmo a força do tempo irá destruir, amor verdadeiro” – indica sentimento homossexual.
Em seu primeiro depoimento prestado à Polícia Civil, em 19 de julho de 2010, Macarrão declarou apenas amizade e gratidão pelo goleiro. “Todo emprego que tive na minha vida, eu trabalhei com amor ao que eu fiz. Com o Bruno, a mesma coisa. Sempre vivi no meio do futebol, joguei bola, e pelo fato de estar trabalhando com um cara com quem passei por várias coisas juntos, não digo que é amor. Eu tinha amor de pagar as contas dele. Passamos necessidades financeiras. Não tínhamos nem dinheiro para ir jogar bola em Ribeirão das Neves”, diz Macarrão, em depoimento. O advogado Rui Pimenta não foi encontrado nessa sexta-feira. A informação é de que participava de uma audiência em São Paulo.
Entenda o caso
>> A modelo Eliza Samúdio, namorada do goleiro Bruno Fernandes, segundo a acusação, teria sido assassinada em junho de 2010, na casa do ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em Vespasiano, Grande BH.
>> Ela e o filho recém-nascido, suposto filho do goleiro, teriam sido sequestrados por Luiz Henrique Romão e Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, no Rio, e trazidos no dia 4 de junho para o sítio do atleta, em Esmeraldas, na Grande BH.
>> A vítima teria sido mantida em cárcere privado até dia 10, quando teria sido morta fora dali. O ex-policial é apontado como o executor. A criança foi entregue à ex-mulher do goleiro, Dayanne de Souza.
>> Bruno, Macarrão e Bola aguardam julgamento. Dayanne; a ex-namorada do goleiro, Fernanda Gomes de Castro; o primo Sérgio; o caseiro Elenilson Vitor da Silva; Wemerson Marques de Souza, o Coxinha; e Flávio Caetano de Araújo respondem ao processo em liberdade.
>> Segundo o Ministério Público, Eliza foi morta porque pedia a Bruno, pai de seu bebê, que reconhecesse a paternidade da criança. Bruno, insatisfeito, teria criado o plano, unindo-se aos outros denunciados, para matar a ex-namorada. O corpo de Eliza não foi encontrado.