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Metade das empresas do país está sediada no Sudeste

Levantamento feito pela startup Neoway mostra que a região lidera em número de CNPJs, seguida pelo Sul. Setor de serviços é responsável por 46% dos negócios abertos em todo o país


postado em 06/12/2018 06:00 / atualizado em 06/12/2018 08:30

Cristina Penna, diretora de marketing da Neoway: empresa tem cerca de 700 clientes de diferentes setores (foto: DIVULGAÇÃO )
Cristina Penna, diretora de marketing da Neoway: empresa tem cerca de 700 clientes de diferentes setores (foto: DIVULGAÇÃO )

São Paulo – A cada 10 empresas no Brasil, cinco estão no Sudeste, ou 50,3%. A cidade de São Paulo concentra 9% de todos os CNPJs, seguida por Rio de Janeiro (4%) e, com 2%, Belo Horizonte, Brasília e Curitiba. O levantamento foi feito a partir de Big Data Analytics e mostra que o Brasil tem 38.831.960 empresas – 53% delas estão ativas, 45% estão baixadas e 1%  suspensas, nulas ou inaptas. Os dados são da startup Neoway.

Ainda segundo o levantamento, que leva em consideração o banco de dados de cerca de 3 mil fontes públicas de informação, o Sul é a segunda região em número de CNPJs (18%), seguido de perto pelo Nordeste (17,8%). Em quarto lugar está o Centro-Oeste (8,2%). Ao todo, 5,1% dos CNPJs estão no Norte. De acordo com o levantamento, 97% das empresas não possuem filiais.

De 2013, período pré-recessão, até outubro de 2018, o ano que teve o maior número de abertura de empresas foi 2016, com 2.650.067 novos CNPJs. O ano de 2018 liderou no total de empresas fechadas. Foram até agora 2,2 milhões, segundo a Neoway.


Para Silvio Campos Neto, economista e sócio da consultoria Tendências, esse comportamento de abertura e de fechamento de empresas nos últimos anos está muito ligado ao que aconteceu com a economia do Brasil.

O país passou por uma fase de incentivos a vários setores da economia, o que fomentou a abertura de empresas, principalmente no setor de serviços. Depois, com a queda na atividade econômica e as incertezas que vieram a reboque desse novo cenário, quem não estava preparado para o período mais difícil acabou sucumbindo, como mostram os dados levantados pela Neoway.

“O Brasil passou por uma fase muito difícil a partir de 2014. Agora, apesar dos sinais de recuperação, como a geração de postos de trabalho com carteira assinada, é possível dizer que não saímos totalmente da crise iniciada lá atrás, mas estamos enfrentando uma recuperação lenta, difícil.

Por isso, ainda há um grande número de empresas que não conseguem se recuperar e, mesmo agora, acabam encerrando suas atividades”, explica o economista.

Campos afirma que muitas das empresas que fecharam as portas não conseguiram acessar crédito para suportar a retração da atividade econômica. Os financiamentos também ficaram escassos e só mais recentemente começaram a voltar a um ritmo melhor.

Os reflexos da crise econômica na rotina das empresas, ressalta o sócio da Tendências, foram sentidos de forma mais acentuada em alguns setores. Ele cita o setor de serviços, a indústria de transformação – atropelada pela perda de competitividade do país – e o da construção civil.

Tradicional gerador de empregos e motivado por incentivos governamentais, como os programas de moradia popular, o setor da construção civil travou nos últimos anos. Foi atingido pela alta inadimplência dos compradores de imóveis e a devolução (ou distrato). Quem pretendia ter um imóvel teve de adiar o plano por problemas como insegurança no mercado de trabalho e o endividamento crescente.

Já as construtoras, além de ficar com um estoque de imóveis bem além do esperado, sofreram indiretamente os efeitos de operações da polícia, em especial da Lava-Jato, que tirou o protagonismo de algumas das maiores companhias desse setor.

Serviços

Os dados mostram também que o setor de serviços é responsável por quase a metade das empresas abertas no Brasil, ou 46%. O comércio representa 36%, seguido pela indústria, com apenas 8%, construção civil, com 75, e agropecuária, com 3% de participação. Esses números mostram que, apesar do agronegócio ter um peso muito relevante na balança comercial, em número de CNPJs é irrelevante. O setor industrial também é representado por poucas empresas, apenas 8%.

No Brasil, mostra o levantamento, o maior número de CNPJs, segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômica (CNAE), da Receita Federal, está nas empresas ligadas à atividade de comércio de roupas e acessórios, com 5%. O segundo lugar está com o setor de beleza (salões de cabeleireiro, manicure e pedicure), com 3%. Ou seja, a venda de vestuário e o cuidado com a beleza representam juntos 8%, segundo o critério de classificação do fisco. O comércio varejista de alimentos e minimercados tem esse mesmo percentual, assim como as lanchonetes e casas de sucos.

As atividades de associações de defesa de direitos sociais representam 2% dos CNPJs, segundo a CNAE, com 2% do total – mesma participação das empresas de obras de alvenaria e dos restaurantes e similares. Transporte rodoviário de carga, condomínios prediais e comércio varejista de bebidas têm 1% de participação, segundo a classificação do Fisco. Juntos, esses 10 principais setores respondem por 23% do total.

“No período de 2004 a 2012, vimos um crescimento forte da economia do país, muito por conta dos estímulos dados pelo governo. Depois veio a crise. Mas agora já há uma expectativa de retomada”, acredita o economista.

Apesar de ser um caminho difícil até a volta a um patamar otimista, Campos acredita que o cenário mais provável para o próximo ano seja de continuidade dessa recuperação, que começou a partir de 2017. “Há a perspectiva de uma boa gestão com a equipe econômica do novo governo”, afirma o sócio da Tendências. Além disso, espera-se que a taxa básica de juros continue em trajetória de queda.

ROBÔS

Diretora de marketing da Neoway, Cristina Penna explica que o trabalho da startup é coletar dados, com o uso de robôs, em diferentes fontes públicas de informação. Esses dados são depois armazenados e analisados para gerar informações que poderão ser usadas pelas empresas.

Atualmente, a Neoway tem cerca de 700 clientes e atende PMEs, escritórios de advocacia e grandes empresas de diferentes setores, como bancos, siderúrgicas e seguradoras. Esse tipo de serviço pode ser usado, por exemplo, para ajudar nos processos de compliance.

Com o levantamento de informações, a startup consegue formular um laudo sobre uma empresa ou uma pessoa, gerando uma espécie de dossiê para o cliente. Esses levantamentos podem descobrir desde o envolvimento de um executivo em algum tipo de irregularidade até os protestos em cartórios.

Uma outra área atendida pela startup, fundada em 2012, em Florianópolis, é voltada a identificar oportunidades de mercado. A partir de 140 variáveis, é possível definir o perfil dos clientes atendidos e apontar quais têm aquelas mesmas características e podem ser procurados para futuros negócios.


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