Jornal Estado de Minas

DESIGUALDADES NO BASQUETE

Negra, careca e gay, Marta Sobral aponta discriminação no esporte


Em entrevista ao canal Clube da VIP, no YouTube, a jogadora da era de ouro do basquete brasileiro Marta Sobral afirmou que existia preconceito da mídia e das empresas com as jogadoras negras do time. O resultado era o favorecimento de jogadoras brancas, como Hortência e Paula. “Infelizmente as portas se abriram para algumas e para outras não.”




 
As diferenças entre as jogadoras devido à cor da pele também foram apontadas em entrevista que Marta concedeu à Folha de S. Paulo. "Sou negra, careca e gay pedindo por respeito", destacou a pivô.
 
Na entrevista do Clube Vip, a conversa partiu da participação de Marta em uma edição da revista Playboy publicada em dezembro de 1991. A jogadora não foi capa da edição, o que levantou o questionamento se o fato de ela não ocupar esse local de destaque não foi devido ao preconceito.  Até a adição em que Marta participou, de número 197, as capas estreladas por mulheres negras foram apenas três.



A jogadora também contou que nunca ganhou em dólar como as companheiras de time, Paula e Hortência, e fechava os contratos com valores suficientes para manter a si e sua família.




 
"A gente sabia que existia um preconceito. As empresas, por exemplo, sempre chamavam elas para fazer as campanhas e nós, as negras, não. Éramos 12 atletas, cinco titulares. Sei do meu valor. Não falo isso para desmerecer, elas têm o valor delas, mas eu sempre soube que a Paula e a Hortência ganhavam muito dinheiro, e a gente não”, disse Marta na entrevista ao canal Clube VIP.  

Marta lembrou que Hortência e Paula recebim um número maior de convites para campanhas publicitárias e entrevistas. Atualmente, Hortência conquistou o posto de apresentadora da Rede Globo, ao lado de Dayane dos Santos, a única esportista negra a conquistar a vaga. 

Marta Sobral jogou pela seleção brasileira ao lado de Hortência, Paula e Janeth, sendo medalhista em três Pan-Americanos. Nos Jogos Olímpicos,  conquistou a prata em Atlanta, em 1996, e um bronze em Sydney, em 2000.  Aos 57 anos, Marta se dedica a dar palestras motivacionais. “A gente que vem da periferia tem história para contar, de vida, de vivência”, conta. 

Ouça e acompanhe as edições do podcast DiversEM



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Ep.2: Como a literatura infantil feminista quer mudar a próxima geração
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Ep. 7: Autismo e TikTok: o ativismo e o cotidiano de Arthur nas redes sociais
Ep. 8: Literatura indígena e os cordéis da escritora e poeta Auritha Tabajara
Ep. 9: De que forma a violência patrimonial afeta a vida das mulheres 
 
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz