
Lucas de Souza Fernandes, de 28 anos, tinha como meta comprar uma moto para trabalhar como entregador de aplicativo. No entanto, encontrou uma colocação como ajudante na construção civil e os planos mudaram.
Os planos se alteraram quando, ele já trabalhando em uma obra da RL Costa, começou a frequentar encontros com uma psicóloga e percebeu que poderia buscar formação no ramo da construção civil e seguir a carreira do pai, mestre de obras. Na época como ajudante passou a vislumbrar uma ascensão na carreira.
O passo seguinte foi a constatação que para atuar como mestre de obras precisava, no cotidano da profissão, contar com a colobaração de outros trabalhadores que fazem parte da equipe que lidera. Desde então, resolveu buscar formação para atuar como líder e cursos de capacitação para mestre de obras.
Tempos depois, Lucas não adquiriu a moto. Fez melhor. Comprou carro e alcançou outro sonho: construiu a casa própria em que vive com a família. Tudo isso porque ele teve a chance de receber o plano de desenvolvimento individual (PDI) na construtora RL Costa que traçou formas de progredir na carreira. Entrou como ajudante, passou a pedreiro e segue na formação para ser mestre de obras. Também pretende concluir o ensino médio.
Em 2020, 45% dos trabalhadores da construção civil em Minas concluíram o ensino médio. De um total de 298.910 trabalhadores, 137.131 terminaram o ensino médio. Em 2010, esse número representava 22,75%. Em 2010, 70.134 haviam completado o ensino médio de um total de 308.310.
Além de tudo, Lucas afastou o estigma de não ter formação, como é costume atribuir a quem atua na área da construção civil. O engenheiro Renato Costa destaca que os profissionais da construção civil são visto com estigma como se estivessem ali por não terem opção, mas que essa visão é parte de um senso comum.
O engenheiro lembra que para que o setor da construção civil possa avançar é preciso que os profissionais sejam capacitados e a formação é o que ele oferece aos colaboradores da empresa RL Costa. "O papel dos colaboradores é muito importante. Estamos construindo cidades", pontua.
O plano de desenvolvimento prevê apoio para que os profissionais possam seguir nos estudos, muitas vezes interrompidos. A oportunidade de formação inclui até mesmo a alfabetização para quem não conseguiu se escolarizar no tempo certo. As aulas são oferecidas no campo de obras.
A psicóloga Alessandra Bergamini Madureira conversa frequentemente com os trabalhadores e percebeu o quanto, muitas vezes, é negado a esses profissionais o direito de sonhar. "Temos que mostrar que eles têm valor, têm valor na sociedade. As pessoas acham que não têm esse direito. Estão desacreditadas", argumenta. As convesas servem para mostrar a esses profissionais que eles podem ser o que quiserem, podem tanto desenvolver a carreira no ramo da construção civil como podem ir para outras áreas de atuação.
A empresa implantou o plano de finalização do ensino médio. Também um programa para premiar pequenas ações do dia a dia, chamado de "gameficação" , o plano de desenvolvimento individual (PDI) e o plano de cargos e salários.

Bruno Ribeiro Silva também começou como ajudante em 2014 e participou de cursos para atuar como eletricista. Em seis anos, já ocupa cargo de liderança na empresa. "Meu objetivo é me tornar supervisor e coordenador de instalações", diz. Atualmente, ele está na universidade, cursando análise de sistemas. A formutura será em agosto, e ele já pensa em projetos com base no conceito "internet das coisas."
João Paulo, de 35 anos, começou no almoxarifado também investiu em qualificação. Cursou direiiot e atualmente é coordenador administrativo de RL Costa.
Aumento da escolaridade

Um dos mais importantes da economia brasileira, a indústria da construção civil tem papel de destaque na geração de empregos em Minas. De julho de 2020 a julho de 2021, gerou 52.477 novas vagas de trabalho com carteira assinada, conforme informações do Ministério do Trabalho.
O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) indica que um aumento da escolaridade dos colaboradores. Dados do Ministério do Tabalho demonstram que a maior parte dos trabalhadores da indústria da construção em Minas possui o ensino médio completo, 137.131. Por outro lado ainda demonstram que há pessoas ainda não alfabetizadas, 2.214.
Escolaridade de trabalhadores da construção civil em Minas
- Analfabetos - 2.214
- Até o 5°ano completo do ensino fundamental - 21.546
- 5°ano completo do ensino fundamental - 15.449
- Do 6° ao 9° incompleto do ensino fundamental - 30.462
- Ensino Fundamental completo - 40.070
- Ensino médio incompleto - 25.418
- Ensino médio completo - 137.131
- Educação superior incompleta - 6.334
- Educação superior completa - 20.108
- Total - 298.910
Fonte: RAIS 2020 - Ministério do Trabalho