Gloria Groove está pronta para uma nova turnê. A drag queen vai começar sua maratona de shows inéditos no The Town, festival paulistano irmão do Rock in Rio, onde canta na mesma data em que se apresentam H.E.R. e Bruno Mars.





 

A artista diz querer usar o palco The One, um dos secundários do festival, para celebrar toda sua carreira. Ela não dá detalhes sobre a setlist, mas afirma que vai passear por todos os gêneros que já cantou. O show será dividido em blocos temáticos, cada um com canções de ritmos diferentes, como rap, pop, funk e R&B.

 

Isso porque, antes de se consolidar como uma diva pop, Gloria surgiu cantando rap em faixas como "Dona" e "Império" no álbum "O Proceder", lançado há seis anos.

 

A drag queen só se lançou no pop em 2018, com o hit "Bumbum de Ouro", cujo clipe hoje tem mais de 150 milhões de visualizações no YouTube. Em 2020, na pandemia, ela ficou mais intimista e lançou canções românticas de R&B no EP "Affair". Depois, fez um salada com todos esses ritmos, além de funk e pagode, para criar "Lady Leste", um dos álbuns brasileiros mais tocados do ano passado.

 

 

A cantora, que encerrou em agosto a turnê dedicada ao último disco, diz querer lançar um compilado de músicas de funk até o fim do ano. O projeto "Futuro Fluxo", que sairia no primeiro semestre, foi engavetado após o lançamento do single "Proibidona", com Anitta e Valesca Popozuda.





 

Para Gloria, artistas escalados para o line-up do festival receberam uma comprovação de seu talento. "É a confirmação de ser valorizada, de fazer parte da cultura e merecer aquele lugar. Ser bem-vindo num espaço como esse é um sinal de muita evolução e me dá esperança para a música brasileira."

 

Não é a primeira vez que Gloria canta em um evento do porte do The Town. Sua estreia foi no Rock in Rio de 2019 como convidada de Karol Conká, em um show que tinha ainda a presença da ex-BBB Linn da Quebrada.

 

Três anos se passaram, e a drag foi contratada para fazer um show sozinha no Lollapalooza do ano passado, onde gritou ataques contra o ex-presidente Jair Bolsonaro vestida num body estampado com o número 13, o mesmo do Partido dos Trabalhadores.





 

"Estão querendo censurar a gente? É isso mesmo?", disse Gloria no microfone. O PL, partido de Bolsonaro, havia tentado vetar manifestações políticas no festival após Pabllo Vittar levantar uma toalha com o rosto de Lula em seu show. "Fora, Bolsonaro", ela berrou, após pedir que os jovens que assistiam ao show tirassem o título de eleitor para votar nas eleições.

 

 

Gloria lembra da manifestação com saudosismo. "Eu fiz o que podia como drag queen e representante de uma contracultura, como alguém que veio da boate e que conhece a história do país", diz. "Nunca foi fácil para pessoas como eu estarem na rua, viverem e trabalharem. Minha vida e meu sucesso representam a exceção da exceção. Estava buscando fazer minha parte com a plataforma gigante que tinha ali."

 

Gloria foi uma das artistas que mais criticaram o governo de Bolsonaro, ainda que depois do Lollapalooza ela tenha sido menos vocal sobre política em seus shows. À época, artistas como Ludmilla e Juliette foram acusadas na Justiça de infringir a lei após se manifestarem a favor de Lula.





 

No Rock in Rio do ano passado, poucos meses depois daquele Lollapalooza, Gloria não reagiu aos xingamentos que a plateia entoou contra o ex-presidente. O palco com elementos circenses fazia referência a seu maior hit, "A Queda", sobre a cultura do cancelamento.

 

No The Town, farão shows no mesmo dia e palco de Gloria os cantores Pabllo Vittar, Liniker, Jup do Bairro, Marina Sena e Jão, que acaba de lançar o disco "Super". No palco principal, antes de Bruno Mars, a carioca Iza apresenta o primeiro show de sua nova turnê.

Gloria diz vibrar pelos artistas brasileiros. "É muito gratificante ver que nosso país apresenta esse valor de produção. Espero que possamos ocupar muitos outros espaços porque temos performances excelentes."

 

Gloria Groove no The Town

Quando: Dia 10 de setembro, às 19h20

Onde: Palco The One

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