Frejat toca guitarra

Frejat promete sucessos de sua carreira solo e do Barão Vermelho. O cantor e Fernanda Abreu vão apresentar músicas de Rita Lee

Leo Aversa/divulgação

'Nossa geração foi criada à base de Rita Lee, não de Ritalina'

Frejat, cantor e compositor



“O conceito é mais importante do que a programação”. Com essas palavras, o produtor Mac Lovio Solek explica a celebração em torno do rock brasileiro dos anos 1980, que está no cerne do festival Prime Rock Brasil. Criado em Curitiba, em 2018, ele chega à sua terceira edição em Belo Horizonte, neste sábado (15/7), com shows a partir das 13h, na Esplanada do Mineirão.
 
A programação vai reunir Nenhum de Nós, Frejat (com participação de Fernanda Abreu), Biquíni, Paula Toller, Paulo Ricardo (com participação de Leo Jaime) e Humberto Gessinger, além do tributo à Legião Urbana capitaneado por Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, ex-integrantes da lendária banda ao lado de Renato Russo.
 
Além do palco principal, há a Pista Rock Brasil, em parceria com a School Of Rock, que receberá bandas formadas por crianças e adolescentes.

As atrações variam pouco em relação às do ano passado. As novidades são Frejat e Nenhum de Nós, além das participações especiais de Leo Jaime e Fernanda Abreu. Na segunda edição, a escalação contava com Titãs, Nando Reis e Capital Inicial. Criador do festival, Solek observa que o número de bandas da geração 80 que seguem em atividade é limitado, por isso é natural algumas delas marcarem presença mais constante.
 
“Temos aí cerca de 15 ou 17 bandas e artistas dentro do conceito do Prime Rock, sempre conseguimos montar programação recheada de sucessos. O festival não tem headliner. Quem ganha com isso é o público, porque cada atração quer entregar o melhor, não quer fazer um show menos impactante do que o anterior”, diz o produtor.
 
Banda gaúcha Nenhum de Nós

Banda gaúcha Nenhum de Nós abre o festival com o show que comemora seus 40 anos de carreira

Raul Krebs/divulgação
 

Titãs comprovam a força do BRock

Para ele, a durabilidade da música criada naquela década se confirma a cada ano. O êxito da turnê “Encontro”, dos Titãs, é um exemplo, aponta. “Todos os artistas daquela geração que estão na ativa seguem lotando casas de shows no Brasil com seus projetos pessoais. O rock nacional é muito rico. O festival foi muito feliz ao abraçar esse conceito”, destaca.
 
Solek explica que um conjunto de fatores determina a escalação dos artistas, mas os principais são a disponibilidade de agenda e a demanda do público. A cada edição, o festival promove enquetes a fim de apurar o interesse das pessoas. A presença da mesma banda ou artistas em duas edições seguidas atende aos resultados dessas consultas.
 
“O show do Biquíni no ano passado foi uma catarse. E Humberto Gessinger tem um ‘caso’ com Belo Horizonte, uma verdadeira legião de fãs na cidade. Paulo Ricardo volta para fazer um baita show, que tem tudo a ver com a nossa proposta. O tributo à Legião Urbana com Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá sempre é um dos shows mais pedidos pela galera”, diz o produtor do festival.
 
Ele chama a atenção para o apelo de público das atrações que estão estreando no evento em Belo Horizonte. “Leo Jaime e Fernanda Abreu sobem pela primeira vez no palco do Prime Rock. São ícones dos anos 1980 e por isso foram convidados. Com Nenhum de Nós, a gente já trabalha há muito tempo, eles tocaram em edições do Prime Rock em outras cidades. O grupo foi muito pedido nas pesquisas em Belo Horizonte”, diz.
 
Humberto Gessinger

O cantor e compositor Humberto Gessinger tem, há vários anos, numeroso fã-clube em Belo Horizonte

BS Fotografias/divulgação
 
 
Vocalista do Nenhum de Nós, Thedy Corrêa adianta que o grupo vai fazer um apanhado de sua carreira. Primeira atração do dia, a expectativa é já chegar levando para o público o clima do rock oitentista.
 
“Esperamos contar a nossa história através do repertório. É a volta do Nenhum de Nós a Belo Horizonte, ao Mineirão. Esse olhar retrospectivo é interessante, porque tem muita gente que já é fã, mas também tem que esteja conhecendo a nossa música agora”, diz o cantor. “Queremos reforçar a conexão com Minas, com nossos amigos e nossos ídolos no estado”, aponta. O repertório, aliás, terá surpresa no que diz respeito a essa “conexão com os ídolos”.
 

'Cazuza, Renato Russo, Titãs, Paralamas, Ira são bandas e artistas que sempre privilegiaram o discurso, o que foi importante para criar essa conexão que não se desfaz com o tempo'

Thedy Corrêa, vocalista da banda Nenhum de Nós

 
 
O grupo gravou alguns discos acústicos, mas o show de hoje terá pegada roqueira, conectada à afirmação de identidade da banda, segundo Thedy. A trajetória de quase 40 anos do Nenhum de Nós norteou a sonoridade.
 
“A gente aprendeu com os tropeços, aprendeu com as lições que o mercado nos deu. Soubemos identificar o que a gente tinha de melhor dentro do nosso estilo, que é o folk rock”, salienta.

Na opinião de Thedy, a perenidade da música produzida na década de 1980 se deve tanto à sua exposição midiática, até então inédita no rock nacional, quanto ao conteúdo emocional e poético das canções. É nessa combinação que reside a diferença entre os atores daquele momento e as gerações seguintes, aponta.

“Outros estilos tiveram e ainda têm exposição midiática, mas como são canções com princípios mais básicos, mais simples, criam também conexão com o público, só que mais efêmera do que a que criamos. Cazuza, Renato Russo, Titãs, Paralamas, Ira são bandas e artistas que sempre privilegiaram o discurso, o que foi importante para criar essa conexão que não se desfaz com o tempo”, ressalta.
 
 Fernanda Abreu

Voz feminina do rock oitentista, Fernanda Abreu inovou ao levar o funk carioca para sua pista de dança

Murilo Alvesso/divulgação
 

Anos 80 produziu rock 'inoxidável'

Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá estão em turnê com o show focado nos álbuns “As quatro estações” e “V”, lançados pela Legião Urbana, respectivamente, em 1989 e 1991. A síntese dessa apresentação estará no Prime Rock Brasil. “Shows em festivais têm tempo limitado, então vamos focar nas coisas mais conhecidas desta turnê, incluindo sucessos de outros álbuns”, diz Bonfá, citando as canções “Será” e “Índios”.
 
Ele credita à força das composições o caráter “inoxidável” da produção oitentista. Sem medo de soar hiperbólico, o baterista diz que ela representou “o último respiro de criatividade humana nas artes e na música”. Bonfá considera que tudo, atualmente, é muito robotizado na produção artística.
 
“A gente não usa programação eletrônica nenhuma, é tudo olho no olho. Rock que é rock mesmo é orgânico. A inteligência artificial nunca vai ser criativa, pelo simples fato de que não é humana, não tem emoção”, enfatiza.

Frejat também chega com show ligeiramente alterado em relação ao que costuma levar com sua banda para a estrada. Fator determinante para o rearranjo é a participação especial de Fernanda Abreu. Juntos, vão apresentar três músicas de Rita Lee, homenageando a roqueira que morreu em maio.
 
“Com esse bloco dedicado a Rita Lee, tive de tirar algumas canções que fazem parte do roteiro da turnê ‘Frejat ao vivo’, mas mantive os sucessos. O repertório pega meus 40 anos de trajetória, com coisas desde o primeiro disco do Barão Vermelho a músicas mais recentes”, adianta. “Bete Balanço”, “Segredos” e “Amor para recomeçar” estão garantidas.
 
Frejat conta que ele e Fernanda Abreu são muito amigos e atuam no Grupo de Ação Parlamentar (GAP) para a Música, que batalha no Congresso Nacional pelos interesses da categoria.
 
“Tenho carinho enorme por ela. É guerreira, tem vários méritos, como trazer a música dançante para a cena. Não só a música de boate, mas também o funk carioca, que ela incorporou logo muito cedo. Agora tem a Rita Lee, outro elemento em comum. Nossa geração foi criada à base de Rita Lee, não de Ritalina”, diverte-se.
 
 
O Prime Rock Brasil mantém o modelo adotado no ano passado, com a plateia para o palco principal dividida em três setores distintos: Pista Rock Brasileiro, Camarote Secreto, com palco exclusivo em que Leo Jaime vai se apresentar nos intervalos dos shows principais, e Lounge Prime, com espaço limitado e área especial ao lado dos camarins, além de restaurante, banheiros e entrada próprios.
 
Rita Lee

Rita Lee se foi, mas deixou vários 'herdeiros' entre as atrações deste sábado do Prime Rock

Gualter Naves/divulgação/2009
 

Público de 21 estados

Desde o ano passado, o produtor projeta a expansão do festival para outras praças do país. Além da capital paranaense e de Belo Horizonte, houve uma edição no Recife. “Não estamos divulgando ainda, mas existe um desenho para chegarmos a mais três ou quatro capitais brasileiras na próxima temporada”, diz.
 
O produtor informa que a edição mineira receberá pessoas de 21 estados. “Vendemos ingressos em mais de 400 cidades. É uma capilaridade muito grande”, conclui Mac Lovio Solek.

PRIME ROCK BRASIL BH

Neste sábado (15/7), na Esplanada do Mineirão (Avenida Presidente Carlos Luz, s/nº, Pampulha). Abertura dos portões às 11h30. Os shows começam às 13h. Ingressos: Pista Rock Brasil (R$ 220), Camarote Secreto (R$ 330), Lounge Prime (R$ 740). Valores de meia-entrada social, mediante doação de 1 kg de alimento não perecível na entrada do evento. Classificação: 16 anos. Menores de 16 podem entrar acompanhados dos pais. Informações: https://www.instagram.com/primerockbrasil.bh/