O diretor José Celso Martinez Corrêa

Zé Celso em Ouro Preto, onde participou do Festival de Inverno em 2006

Cristina Horta/EM/D.A.Press

Os familiares de José Celso Martinez Corrêa, de 86 anos, foram informados pela equipe médica que cuida do diretor teatral no Hospital das Clínicas que o quadro dele é grave e passa por altos e baixos.

O dramaturgo teve 53% do corpo queimado em um incêndio que atingiu o apartamento onde mora, no Paraíso, em São Paulo, na manhã de terça (4/7).

 

Em mensagem enviada aos amigos, João Batista, irmão de Zé Celso, disse também que o "tempo é um fator importantíssimo" no atual momento.

 

 

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"Nos reunimos com a equipe médica, que nos alertou sobre o desenvolvimento do trauma. O estado é grave e o organismo passa por altos e baixos. O tempo é um fator importantíssimo. Esperamos que ele se mantenha estável nas próximas horas e dias", escreveu ele.

Além do diretor, outras três pessoas ficaram feridas no incêndio e seguem internadas. O marido de Zé Celso, o ator Marcelo Dummond, não chegou a se queimar, mas inalou monóxido de carbono. Os dois moram no mesmo prédio, mas em apartamentos diferentes. Também se machucaram os atores Victor Rosa e Ricardo Bittencourt.


Incêndio

"Foi um horror. Acordei com as labaredas e levei um tempo para entender que era fogo de verdade", disse Bittencourt à coluna. Ele não chegou a se queimar, mas também foi transferido para a UTI por ter inalado monóxido de carbono. Segundo ele, Victor Rosa se queimou ao tirar Zé Celso do fogo.

 

Bittencourt contou que o incêndio começou no quarto do dramaturgo. "Provavelmente foi no aquecedor", revela. Ele disse que encontrou o dramaturgo muito machucado no chão da sala, sendo arrastado por Victor para tirá-lo do fogo.

A Polícia afirma que trabalha em busca de evidências das causas do incêndio e solicitou exames ao Instituto de Criminalística (IC) e ao Instituto Médico Legal (IML) para auxiliar na investigação.

 

Zé Celso e Marcelo se casaram no dia 6 de junho, em uma grande celebração no Teatro Oficina, com apresentações de Marina Lima e Daniela Mercury. A festa reuniu artistas, personalidades e intelectuais que lotaram a plateia do espaço. Suplicy foi um dos padrinhos do casal.

Acometido por um problema de saúde dias antes do evento, o dramaturgo entrou no local sentado em uma cadeira de rodas que era empurrada pelo seu noivo.


A cantora Marina Lima deu início à comemoração cantando "Fullgás", música em que o casal se conheceu. Daniela Mercury, Bete Coelho, José Miguel Wisnik, Leona Cavalli, Alexandre Borges —e Maria Bethânia, em participação por mensagem de voz— foram alguns dos artistas que se apresentaram na festa, que teve também rituais indígenas e do candomblé.

Em um discurso bem-humorado de pouco mais de 15 minutos, Zé Celso disse aos convidados que a noite foi uma "das maiores festas" de sua vida e do teatro brasileiro.