Escritor Bruno Fontes olha para a câmera

Bruno Fontes fez parte da banda Soulstripper, estreou na literatura em 2017 e acaba de lançar 'As menores histórias de amor do mundo e outros absurdos' pela Planeta

Luana Lima/divulgação


A arte sempre esteve presente na vida do escritor, músico e poeta Bruno Fontes, de 36 anos. Nascido em Taubaté, no interior de São Paulo, herdou a paixão pela escrita do avô, Saavedra Fontes. Bruno, que também é jornalista, começou sua carreira artística na banda Soulstripper, muito popular nos anos 2000, mas que encerrou suas atividades em 2013.

Desde então, ele priorizou a poesia e encontrou nela uma nova forma de se reinventar. Acaba de lançar o livro “As menores histórias de amor do mundo e outros absurdos” (Planeta), com minicontos, minicrônicas e histórias de amor.

Falar sobre sentimento é uma das especialidades de Bruno. Na antiga banda, usava o talento para compor como trampolim para a poesia. Antes de letras virarem música, postava frases nas redes sociais. Caso o retorno do público fosse positivo, os versos ganhavam ritmo e melodia. “Sempre divulguei minhas poesias, sempre compartilhei no Facebook, onde éramos famosos. Comecei a escrever sem ser pra música”, relembra.

Frases no Tumblr

Quem é um pouco mais antigo se lembra de que letras e frases de Bruno ficaram bem famosas, especialmente no querido Tumblr, muito usado na época. Assim que ele parou de tocar, pegar gosto de escrever diariamente levou tempo.

O primeiro passo foi participar de antologia poética a convite de uma amiga, em meados de 2015. O texto produzido para o livro foi publicado na época. Com isso, ficou a pulga atrás da orelha e a chama começou a se acender: Bruno precisava escrever um livro.

A necessidade nasceu, mas nem ele sabia bem o porquê. Para obter recursos necessários para a produção da obra, contou com financiamento coletivo, a ajudinha dos fãs. O resultado passou das expectativas do escritor, que vendeu cerca de dois mil exemplares na época. “O que eu faço com a saudade?” veio ao mundo em 2017, mas acabou bem rapidinho, conta Bruno.
 
Produção independente, o livro fez tanto sucesso que uma editora o convidou para relançar os poemas em nova edição com novos textos. “Ainda não olhava isso como uma questão profissional, até que veio o convite. Entramos em acordo para mais 50 textos. O livro foi relançado em 2019 e já vai para a quinta edição. É o meu maior sucesso”, afirma.

Bruno Fontes conseguiu, finalmente, vestir a roupa de poeta que tanto lhe causava temor. Ele até se autodenomina “poeta por acidente”. Diz que sempre teve dificuldades de se enxergar nesse meio. Mas a experiência positiva lhe deu coragem, ao ver que suas palavras encontravam caminho no coração e no gosto de outras pessoas. A trajetória o garoto de Taubaté estava apenas começando.

A primeira obra é a preferida do autor. Uma escrita jovem, com belas ilustrações espalhadas ao longo das páginas. Apesar do afeto, Bruno Fontes não arrisca a reler este livro. “Não quero ler porque não sei o que vou achar”, confessa.

Seu grande apreço é pelo conto. “Cheguei na poesia muito depois. O que escrevo até chega a ser um pouco infantil. Tenho mais facilidade em escrever uma crônica. Vivo esse processo ao contrário”, diz o poeta.

Parceria com Zack Magiezi

Foi no caminho inverso que ele encontrou espaço para escrever um de seus livros preferidos, ao lado do escritor e amigo Zack Magiezi. “O amor vem depois” surgiu no período pandêmico.
 
De acordo com ele, nunca tinha escrito algo tão extenso. Mas ficou muito satisfeito com o resultado. E fazê-lo na companhia do colega de vida e carreira Zack deixou o caminho até a publicação ainda mais bonito.

“As menores histórias de amor e outros absurdos” é coletânea de textos de Bruno. Diferentemente dos outros livros do autor, este tem um tempero especial. “Antigamente, eu falava sobre histórias minhas, sempre referente a outra pessoa, alguém com quem me relacionei. Neste, falo de histórias que não são minhas, criando personagens de amor, escrevendo na primeira pessoa ou não”, ressalta.

A nova forma, explica, possibilita ao leitor navegar mais em sua poesia. Além disso, ele mesmo precisava da novidade que é possível encontrar por meio da arte. Passou a observar mais os amigos, os bares e as ruas. Tudo isso para escrever com carinho histórias que não são suas – e no papel se tornam de todo mundo. “É muito prazeroso chegar neste lugar em que nunca pisei”, afirma.

O processo foi rápido, pois ele já tinha muito do livro em mente. Dos 450 textos escritos, 200 foram selecionados. A capa é a grande paixão de Bruno. Vindo de família cheia de portugueses, a andorinha da ilustração é um dos símbolos daquele país.

“Não é um livro em que me arrisco, é um livro em que me reafirmo. Quero mostrar que posso repetir tudo o que fiz no primeiro, e continuar dando a minha cara. Voltar para onde eu sei”, pontua.

Literatura nas redes

Além dos livros, Bruno se faz presente na internet. Com mais de 500 mil seguidores nas diversas redes sociais, o escritor paulista posta textos, páginas com frases de seus livros e vídeos em que narrando seus escritos. Algumas gravações contam com milhões de visualizações.

No entanto, ele não considera a plataforma como trabalho, apesar de achar bem árduo se manter conectado o tempo todo. “Tento temperar tudo, vou continuar fazendo, mas vai ser sempre assim. O vídeo é uma coisa que faço e acho lindo. É uma ferramenta para o leitor”, acredita.

capa do livro 'AS MENORES HISTÓRIAS DE AMOR DO MUNDO E OUTROS ABSURDOS'

capa do livro "AS MENORES HISTÓRIAS DE AMOR DO MUNDO E OUTROS ABSURDOS"

“AS MENORES HISTÓRIAS DE AMOR DO MUNDO E OUTROS ABSURDOS”

• De Bruno Fontes
• Editora Planeta
• 224 páginas
• R$ 49,90